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Justiça

Barroso elenca “razões de um certo protagonismo do Supremo” no Brasil

Presidente do STF diz que "papel diferenciado" da Corte no país se explica pela abrangência da Constituição e a facilidade de acessar o Supremo

Brasília (DF) – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, justificou o “papel um pouco diferenciado” da Suprema Corte no Brasil em relação a outros países, durante a abertura do Fórum Internacional Esfera, em Paris, nesta sexta-feira (13).

Barroso disse que o “certo protagonismo do Supremo na vida brasileira em contraste com outros países no mundo” ocorre por quatro razões:

O ministro afirmou que o Brasil tem uma Constituição extremamente abrangente, responsável pelos sistemas tributário, previdenciário, de saúde, educação, proteção ambiental e das comunidades indígenas.

Barroso acrescentou que, ao trazer uma matéria para a Constituição, ela é retirada da política e levada para o Direito.

“Essa é a primeira razão da judicialização relativamente ampla da vida brasileira”, explicou.

“O constituinte trouxe para a Constituição temas que muitas vezes eles entendiam a que a razão pública do Supremo deveria decidir. Questões que em outras partes do mundo são deixadas para a vontade discricionária da política, esse é o desenho institucional brasileiro”, afirmou o ministro, que assumiu a presidência do STF em setembro passado.

A segunda razão para o protagonismo do STF seria, ainda na visão do ministro, a facilidade de chegar ao Supremo no Brasil, com ações que permitem questionar a Corte diretamente sobre leis e políticas públicas.

O ministro afirma que os atores que podem fazer esse questionamento são inúmeros, incluindo o presidente da República, o Procurador-Geral, a Mesa da Câmara dos Deputados, do Senado, partidos políticos, entidades de classe e sindicatos.

“De modo que é preciso que o interesse seja muito chinfrim para ele não chegar em algum momento ao Supremo Tribunal Federal”, concluiu Barroso.

A terceira razão seriam os julgamentos televisionados, algo singular na cultura brasileira, segundo Barroso.

“Outra vez eu li que: ‘Ah, esse pessoal gosta de holofotes’. Não é que gosta, a gente trabalha na frente dos holofotes. É o único emprego em que se diz em casa que você vai trabalhar e sua mulher pode ver se você foi trabalhar.

“Como o Supremo decide boa parte das grandes questões econômicas, sociais, políticas e éticas do Brasil, prosseguiu o ministro, existe uma ampla cobertura da imprensa. Essa seria a quarta razão.”

Com muita frequência é preciso vir ao espaço público e explicar o que está acontecendo”, afirmou o presidente do STF.

Após o discurso do presidente do STF, o ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, que também participou do evento, afirmou que a fala de Barroso teve orientação mais política do que jurídica e que ele está pronto “para uma outra Presidência”, em referência à presidência da República.

*Com informações da

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