Ao longo dos mais de três séculos e meio de existência, Manaus tem se desenvolvido como uma grande metrópole no país. A capital mais populosa da região Norte, com 2.063.547 habitantes, segundo o Censo 2022 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), planeja o futuro com grandes intervenções urbanas que darão ainda mais destaque à cidade que celebra 354 anos, nesta terça-feira (24).
Hoje, tudo ainda parece um grande canteiro de obras, mas aos poucos Manaus vai ficando de cara nova e escrevendo uma nova história no planejamento urbano.
As construções em andamento na capital amazonense vão proporcionar mobilidade urbana, fortalecimento do turismo local e qualidade de vida à população.
As execuções dos projetos são feitas pela Prefeitura de Manaus, algumas em parceria com o governo do Estado, como a construção de dois complexos viários, o alargamento de um dos principais corredores viários, além da criação de uma ciclovia, que vão impactar positivamente no trânsito em diversas áreas da capital.
As obras também dobram o número de grandes espaços públicos de referência na cidade, além dos pontos turísticos tradicionais, Manaus vai passar a contar, até o final de 2024, com o complexo de São Vicente (mirante Lúcia Almeida, casarão Thiago de Mello e largo de São Vicente), no Centro. Com parque Amazonino Mendes, que fica entre as Zonas Norte e Leste. Além da obra mais recente, o parque Encontro das Águas Rosa Almeida, também na Zona Leste.
Para o prefeito David Almeida essas obras são um legado da gestão para a Manaus do futuro. Ele explicou ao EM TEMPO que por muito tempo algumas delas ficaram paradas e outras guardadas no papel, mas que agora vão poder fomentar a economia da cidade e gerar bem estar aos manauaras e visitantes.
“Iniciamos nossa gestão com algumas dessas obras paradas e com novos projetos para melhorar a vida dos manauaras com mais serviços e acesso ao lazer para o bem estar da nossa gente. Teremos espaços de lazer, esportes, gastronomia e melhor, esses locais estão mais modernos para receber o nosso público, roda a economia da nossa cidade e melhora para todos. São inúmeros projetos e vamos entregar todos até o fim de nossa gestão”, disse Almeida.
Para o mecânico Denilson Silva, de 67 anos, Manaus é uma cidade única, que vive sua metamorfose de desenvolvimento.
“A gente ainda precisa de muito para se tornar uma capital modelo e poder entender que Manaus não é apenas o Teatro Amazonas e Ponta Negra. Precisamos pensar também nos mais humildes e os que ainda moram em áreas de riscos. Já há projetos e apartamentos entregues para famílias carentes, mas a Manaus que eu quero para o futuro é uma cidade mais organizada, limpa e mais admirada ainda por quem visita”, disse.
“Nossa cidade é contemplada com muita beleza e modelos únicos na porta de entrada da Amazônia, mas como toda grande cidade, aqui ainda precisa melhorar em muitas áreas como por exemplo, na segurança nas áreas mais periféricas”, pontuou a costureira Cíntia de Azevedo.
Afinal, quais são as mudanças na infraestrutura da Manaus do futuro?
Complexo viário “Rei Pelé”
Com um investimento na ordem de R$ 81 milhões, o complexo viário “Rei Pelé”, localizado na rotatória da feira do Produtor, na avenida Autaz Mirim, zona Leste, segue com as obras em ritmo acelerado.
Conhecido por décadas pelo congestionamento do tráfego, a estrutura nessa área terá 25 mil metros de construção, fruto da parceria entre a prefeitura e o governo do Estado, e receberá o nome em homenagem ao craque brasileiro Edson Arantes do Nascimento, o rei Pelé, que morreu no dia 29 de dezembro de 2022.
Complexo viário José Fernandes
Orçada em R$ 49 milhões, a construção do complexo viário José Fernandes ultrapassa 60% de conclusão e tem estimativa de entrega em dezembro deste ano para a população.
A obra irá interligar as avenidas Rio Branco e Governador José Lindoso, conhecida como avenida das Torres, localizadas no bairro Flores, zona Centro-Sul.
O projeto é mais uma das intervenções viárias contempladas pelo convênio firmado entre Prefeitura de Manaus e governo do Amazonas para modernizar a estrutura viária da capital amazonense, como destacou o prefeito David Almeida.
Alargamento da avenida Ephigênio Salles
Identificado como o maior gargalo da cidade de Manaus, a avenida Ephigênio Salles está em execução com as obras de alargamento da via. São 1.100 metros novos, no trecho que segue do viaduto Ayrton Senna à entrada da avenida Via Láctea, na Morada do Sol.
Com a conclusão dos trabalhos, será possível aumentar o fluxo no local em aproximadamente 1,5 mil veículos por hora, conforme estudos do Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU).
A obra contempla ainda a construção de uma passarela, em frente ao Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), toda em estrutura metálica. Após a conclusão da obra, será possível eliminar o semáforo e a faixa de pedestre existente no trecho, responsáveis pela retenção no trânsito, em virtude da necessidade de travessia dos pedestres.
O custo das obras, que também envolvem desapropriações no trecho, é de R$ 9 milhões.
Rapidão Rodoanel Metropolitano de Manaus
O governador Wilson Lima entregou o primeiro trecho do Rapidão Rodoanel Metropolitano de Manaus, maior obra de mobilidade urbana integrada da história da capital.
Dividido em três etapas, o projeto soma 37,8 quilômetros de vias rápidas e modernas ligando as Zonas Leste, Norte e Oeste da capital. Em outras duas fases, a obra parte da avenida dos Oitis, no Distrito Industrial II, passando pelos ramais do Brasileirinho e Chico Mendes, na Zona Leste, e pelas avenidas Margarita e José Henriques, na Zona Norte).
Entre os benefícios do Rapidão Rodoanel estão maior fluidez no tráfego; encurtamento de distâncias entre as zonas da cidade; desvio da circulação de veículos pesados, saindo do Polo Industrial de Manaus para o Aeroporto Internacional Eduardo Gomes; redução no consumo de combustível e do tempo de transporte, entre outros.
Ciclovia
Manaus ganhará mais 4 quilômetros de ciclovia com duplo sentido, em um total de 8 quilômetros de percurso, no bairro Ponta Negra, Zona Oeste da capital, com investimento na ordem de R$ 4 milhões.
A ciclovia terá ainda vias com sinalização e iluminação em LED, e será implantada na avenida Coronel Teixeira, passando por dentro do passeio próximo aos quartéis até chegar à praia da Ponta Negra.
E quais serão as obras que vão impactar no fortalecimento do turismo da cidade e qualidade de vida para população?
Mirante Lúcia Almeida
O mirante Lúcia Almeida, localizado no início da avenida 7 de Setembro, no centro histórico, é um projeto arquitetônico, assinado pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) e integra o programa “Nosso Centro”, com inauguração prevista para dezembro.
A área total do mirante é de 4,9 mil metros quadrados e o prédio será o primeiro espaço multigeracional vertical da capital.
O mirante avança dez metros em direção ao rio, com uma estrutura que parece flutuar em bases metálicas.
Como é um grande equipamento urbano, ele foi projetado para abrigar várias ações de cultura, lazer, gastronomia, negócios e muito mais, tendo como fundo a vista do rio Negro.
O prédio vai proporcionar uma vista privilegiada para o rio Negro, em um dos pontos mais avançados do largo, contemplando espaços para projetos comerciais, como restaurantes, banheiros, lanchonetes e bares, além de área de exposições culturais, apresentações de shows, paisagismo e convivência integrada entre a construção e o ambiente natural.
Largo de São Vicente
No que antes era uma área abandonada, hoje, já se nota a dinâmica de um futuro largo de pedestres, o largo de São Vicente, que tem assentamento de pedras São Thomé, meio-fio e sarjeta de rua externa e aterro e reaterro de calçadas.
O largo que será criado no espaço envolve prédios de interesse de preservação até a rua Bernardo Ramos. Com a reconversão do mirante, o térreo contará com uma grande praça coberta. A obra vai se integrar ao parque urbano, associado à circulação de vários modais e requalificação de áreas vazias do centro histórico.
Casario
O Casarão Thiago de Mello é datado de 1908 e classificado como uma unidade de interesse de preservação de segundo grau, de acordo com decreto 7.176/2004. A casa chegou a abrigar o depósito da firma Sinfrônio & Cia.
O espaço recebe serviços para sua reconfiguração e reuso para se transformar em um museu e espaço de exposição e convivência no centro histórico. Somado ao largo, essa trinca de intervenções promete ser um caso emblemático de regeneração urbana e reabilitação do centro da capital.
Parque Encontro das Águas Rosa Almeida
A ordem de serviço para a construção do parque Encontro das Águas Rosa Almeida, localizado no bairro Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste, foi assinada no final do mês de setembro. A obra, que tem o projeto assinado pelo premiado arquiteto Oscar Niemeyer, será um marco para o turismo da capital amazonense, uma vez que contemplará um dos principais pontos turísticos da cidade.
Arquivado há 17 anos, o projeto original de Niemeyer foi desenvolvido em 2005, no seu escritório no Rio de Janeiro, contendo um museu e um restaurante que totalizam 1,8 mil metros quadrados de área, que ganhou ampliação e atualização, inclusive para acessibilidade universal, expandindo o conceito para parque urbano, desenvolvido pelo Implurb, em 2021, totalizando uma área de implantação de 17.533,18 metros quadrados.
O parque tem a função de se estabelecer como uma nova referência em opção de lazer, turismo local, nacional e internacional, aproveitando todo o potencial paisagístico natural oferecido pela área, que vai ganhar estrutura, mobiliários urbanos e estacionamentos durante a obra, conciliando urbanização e o meio ambiente na Amazônia.
De acordo com David Almeida, o novo ponto turístico tem tudo para ser uma referência da cidade, surgindo como um segundo Teatro Amazonas, agora, na zona Leste.
O projeto foi licitado, tendo como vencedor o Consórcio Encontro das Águas, formado pelas empresas F N Crespo Neto e Cia Ltda. e RED Engenharia Ltda., com prazo de execução de 360 dias.
O parque terá ainda guarita e área administrativa, pórtico de entrada, espaço multiuso, quiosques, banheiros públicos e estacionamentos, com todo o espaço prevendo acesso a Pessoas com Deficiência (PcDs). As áreas ao ar livre vão incluir academia ao ar livre, playground e playpet.
Parque Municipal Amazonino Mendes
Localizado nas avenidas Isaías Vieiralves e Olívia de Menezes Vieiralves, nos bairros Novo Aleixo e Tancredo Neves, nas Zonas Leste e Norte, respectivamente, o Parque Municipal Amazonino Mendes será o primeiro temático com esculturas de grandes dimensões relativas à natureza amazônica.
A obra está orçada em R$ 35 milhões e vai contar com ciclovia, faixa verde arborizada e a pista de caminhada, um conjunto que vai percorrer todos os equipamentos do novo espaço público, indo desde a estrutura urbana até o residencial, ligando mobiliários de ponta a ponta.
A etapa que será inaugurada como um dos presentes de 354 anos de Manaus tem cerca de 1 quilômetro de extensão, incluindo desde quiosques gourmet, playground, quadras esportivas, pista de caminhada, ciclovia, estacionamentos, academia ao ar livre, espaço multiuso e play pet.
A 2ª etapa envolve uma área cenográfica de aproximadamente 25 mil metros quadrados, onde serão implantadas esculturas de grandes dimensões.
A fase terá cenários interativos temáticos, com rampas de escaladas, escorregadores, área molhada, entre outros. Nos cenários será possível encontrar estruturas gigantes como animais da Amazônia com alturas de 3 metros a 8 metros, além de jacarés, pirarucu e até uma iguana. Todas as figuras ligadas à floresta serão manuseadas como brinquedos lúdicos para os pequenos e interativos para os adultos.
A 3ª etapa de construções no parque, a estrutura de um habitacional com 180 unidades, tem previsão de conclusão para junho de 2024. O habitacional está dividido em três blocos distintos de 5 pavimentos cada, com vagas de estacionamento para carros e motos. Entre os blocos serão construídas calçadas arborizadas e mais playgrounds.
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