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Guerra

Israel reforça cerco no Norte de Gaza e milhares de pessoas tentam fugir para o Sul

Êxodo de civis para o sul do pequeno território palestino acelerou com a intensificação dos bombardeios

Foto: AFP

O Exército de Israel reforçou a ofensiva no norte de Gaza, de onde dezenas de milhares de palestinos fogem para o sul com a esperança de encontrar refúgio, após mais de um mês de bombardeios e cerco.

“Eles partem porque entenderam que o Hamas perdeu o controle do norte e que o sul é mais seguro”,

afirmou o porta-voz do Exército israelense, Daniel Hagari em uma entrevista coletiva. Ele disse que 50.000 moradores de Gaza fugiram do norte de Gaza na quarta-feira (8).

O êxodo de civis para o sul do pequeno território palestino acelerou com a intensificação dos bombardeios e combates terrestres, segundo observadores da ONU.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) calcula que 72.000 pessoas fugiram desde a abertura de um corredor de saída em 5 de novembro.

“Foi aterrador”, declarou à AFP Ola al Ghul, que fugiu dos combates. “Levantamos as mãos e continuamos caminhando. Éramos tantos, estávamos com bandeiras brancas”,

disse.

Porém, centenas de milhares de pessoas ainda estão na parte norte do território, em uma “situação humanitária desastrosa”, afirmou o OCHA.

As pessoas “lutam para obter quantidades mínimas de água e alimentos necessários para sua sobrevivência”, acrescentou a agência da ONU.

Mediação do Catar

Israel prometeu “aniquilar o Hamas” em represália pelo ataque contra seu território em 7 de outubro, quando os combatentes islamistas mataram 1.400 pessoas, a maioria civis, e sequestraram quase 240 israelenses e estrangeiros.

O Exército israelense bombardeia sem trégua a Faixa de Gaza, onde, segundo o Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, morreram mais 10.500 pessoas, incluindo mais de 4.000 menores de idade.

Muitas nações podem um cessar-fogo humanitário, mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, rejeita a ideia e exige a libertação dos reféns.

“Gostaria de acabar com todo tipo de falsos rumores que chegam de todas as partes e reiterar algo de maneira clara: não haverá cessar-fogo sem a libertação dos nossos reféns”,

insistiu.

Uma fonte próxima ao Hamas disse à AFP que o Catar iniciou uma mediação para obter a libertação de 12 reféns, incluindo seis americanos, em troca de uma “trégua humanitária de três dias”.

As discussões esbarram atualmente na “duração” da trégua e na inclusão do norte da Faixa de Gaza, onde se concentra a ofensiva israelense, segundo a mesma fonte.

Segundo um balanço atualizado pelas autoridades israelenses na quarta-feira, 239 pessoas continuam sequestradas em Gaza.

“Não aguentamos mais”

Além dos bombardeios efetuados desde o dia do ataque do Hamas, Israel iniciou em 27 de outubro uma ofensiva terrestre que, segundo o Exército, permitiu entrar “profundamente” na cidade de Gaza.

Israel afirma que a cidade abriga o “centro” do Hamas, escondido em uma rede de túneis de centenas de quilômetros que tornam particularmente perigosa a operação terrestre, na qual já morreram 36 soldados israelenses.

Em uma incursão ao epicentro dos combates organizada pelo Exército, cujas imagens foram submetidas à censura militar, a AFP observou palmeiras queimadas, postes de iluminação derrubados e painéis de sinalização deformados ao longo da estrada na costa.

“Perdemos alguns soldados, sofremos algumas baixas, mas seguimos adiante”, afirmou o comandante militar que estava à frente da operação para imprensa. “Vamos ficar aqui até o final”.

A ONU calcula em 1,5 milhão o número de pessoas deslocadas desde o início da guerra dentro do território palestino, que tem 2,4 milhões de habitantes.

“Tomamos a decisão de partir porque os bombardeios eram muito intensos”, explicou à AFP Ehsan Abu Salem, que mostrou o filho de dois meses. “As crianças e as mulheres estão aterrorizadas e não aguentamos mais”.

O território palestino está cercado há quase um mês, sem acesso ao fornecimento de água, alimentos, medicamentos ou energia elétrica, dependente dos comboios reduzidos de ajuda que entram pelo ponto fronteiriço de Rafah, procedentes do Egito.

Dezenas de feridos palestinos também foram retirados por Rafah, mas as transferências foram suspensas na quarta-feira.

Território “desmilitarizado”

Ainda no meio da operação terrestre, Israel já pensa no que pretende fazer com o território quando alcançar o seu objetivo de “aniquilar” o Hamas.

Netanyahu propôs na terça-feira assumir a “responsabilidade geral pela segurança” de forma indefinida. O governo israelense destacou na quarta-feira que era “muito prematuro” abordar cenários futuros, mas afirmou que o território deve ser “desmilitarizado”.

O porta-voz da Casa Branca, John Kirby, destacou que a presença do Exército israelense em Gaza “não deve ser uma solução a longo prazo”.

“Mas imediatamente após o conflito parece muito plausível que, ao menos durante um certo período, o Exército israelense permaneça em Gaza para administrar as consequências imediatas do pós-guerra e a situação de segurança”,

acrescentou.

O conflito também afeta a Cisjordânia e países vizinhos, como Líbano e Síria. Neste último, tanto Israel como Estados Unidos efetuaram bombardeios na quarta-feira contra posições de grupos apoiados pelo Irã.

*Com informações da IstoÉ

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