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Ataque

Policial que testemunhou assassinato de colega dentro de viatura achou que tiro era ‘ataque externo’

Caso chocou o Distrito Federal e acendeu alerta na corporação

Foto: Reprodução

Única testemunha do caso que chocou o Distrito Federal na manhã de domingo (14), o segundo-sargento Diogo Carneiro dos Santos, deu detalhes do que aconteceu antes do colega de corporação atirar contra outro policial da equipe deles, e em seguida, se matar.

Diogo disse que demorou a entender que o ataque havia partido de dentro do carro da corporação. O PM, lotado no 27º Batalhão de Polícia Militar (BPM), do Recanto das Emas, lembrou que, por volta das 7h, entrou em serviço com o segundo-sargento Paulo Pereira de Souza e o soldado Yago Monteiro Fidelis, que atuava como motorista.

Às 9h16, a equipe se deslocou para atender a uma ocorrência de suposta agressão contra criança, cometida pela mãe. Contudo, o caso se resolveu no local, e a equipe de policiais não precisou seguir para a delegacia com os envolvidos. Em seguida, por volta das 11h, o trio parou em frente a uma sorveteria, para comprar picolés.

Ainda segundo Diogo, Yago Fidelis não quis descer; portanto, o militar foi ao estabelecimento acompanhado de Paulo Souza. Eles compraram os picolés e consumiram no local.

Depois, ambos voltaram e entraram no carro. O segundo-sargento afirmou que o veículo ainda estava estacionado quando ouviu um tiro e se assustou.

“Olhei para o Yago e vi o sangue escorrer da cabeça dele. Saí da viatura correndo, sem entender o que tinha acontecido. Imaginei ser um disparo externo contra nossa guarnição. Nesse momento, ouvi outro tiro. Pedi apoio [de outros policiais] por celular. Quando [a outra equipe] chegou, fui mais perto da viatura e notei que o autor dos disparos era o Paulo, que ainda estava com a arma na mão”, detalhou Diogo.

Paulo morreu no local. Yago chegou a ser levado para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), mas não resistiu.

Diogo ressaltou que não presenciou, em momento algum, discussão ou desentendimento entre Yago e Paulo nem teve conhecimento sobre qualquer eventual problema entre eles, de ocasiões anteriores. O caso é investigado pela 27ª Delegacia de Polícia (Recanto das Emas).

Alerta

O episódio levantou um alerta na corporação. Mensagens trocadas entre PMs mencionam falhas dentro da estrutura da Polícia Militar do Distrito Federal quando o assunto é a saúde mental do efetivo.

Nas conversas, um homem chegou a dizer que Paulo Pereira teria passado por avaliação médica anteriormente, mas que não houve qualquer ação para retirá-lo do serviço nas ruas e armado.

Atualmente, a PMDF tem o Centro de Assistência Psicológica e Social (Caps), subordinado à Diretoria de Assistência à Saúde (DAS) e ao Departamento de Saúde e Assistência ao Pessoal (DSAP), para dar assistência nessa área a policiais militares e beneficiários. Mas, como o Metrópoles havia mostrado em julho de 2023, o quadro de médicos tem apenas um psiquiatra.

A reportagem também detalhou que a corporação dispunha de apenas 54 médicos para cuidar dos cerca de 72 mil policiais militares da ativa, da reserva e das famílias deles.

Policiais entrevistados também reclamaram de “sucateamento” do CAS da PMDF, devido aos baixos investimentos nesses profissionais.

Por meio de nota, a PMDF informou ter uma “rede credenciada do sistema de saúde [da corporação], dispondo de clínicas de psiquiatria e de psicoterapia para atendimento”.

“Além disso, a PMDF, por meio da Capelania Militar e do Centro de Promoção e Qualidade de Vida, conta com assistência psicológica que funciona 24 horas, sete dias na semana, bem como promove cursos para a saúde mental do policial militar”, completou a corporação.

*Com informações do Metrópoles

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