Manaus (AM) – Ícone do beiradão e principal representante do estilo musical, o músico amazonense Rudeimar Soares Teixeira, o ‘Teixeira de Manaus’, morreu aos 79 anos, nesta quinta-feira (18), vítima de câncer na hipófise. O artista estava internado em um hospital particular desde 2023, quando faleceu nesta madrugada.
Dono do hit “Deixa o meu sax entrar”, a música foi premiada em uma enquete realizada pela Rede Amazônica em 2019, sendo considerada a cara de Manaus. O velório foi realizado na funerária Recanto da Paz, na avenida Coronel Cyrillo Neves, no bairro Santo Agostinho, nesta quinta-feira (18), a partir das 12h.
Disco de ouro
No ano de 1980, enquanto se apresentava em uma boate de Manaus, Texeira recebeu a visita do rei do Carimbó, o Pinduca. Na oportunidade, a paixão dos dois pela música popular os aproximou e Pinduca o convidou para gravar um álbum de música, que reunia os gêneros de lambada e carimbó.
No ano seguinte, foi lançado o álbum “Lambada para dançar”, fruto da união entre os dois artistas, pela gravadora Copacabana.
Essa união deu tão certo que o trabalho vendeu mais de 100 mil cópias, e Teixeira ganhou o Disco de Ouro, tornando-se referência no mercado musical brasileiro.
Reconhecimento
O impacto de Teixeira com o estilo beiradão é material de estudo, até hoje, de profissionais do ramo artístico amazonense. Em 2012, a 7ª edição do Festival Amazonas Jazz, realizada no Teatro Amazonas, homenageou Rudeimar com o show “O Beiradão”.
Em 2023, o bloco de carnaval Banda do Boulevard homenageou o trabalho do saxofonista e apresentou às novas gerações as músicas do amazonense, que embalaram as décadas de 80 e 90.
O sucesso de Teixeira o levou a fazer shows nos quatros cantos do país, e sua carreira ganhou um gás a mais quando seus discos passaram a ser produzidos por gravadoras de São Paulo e Rio de Janeiro.
Homenagens
O músico paraense Pinduca, conhecido como ‘Rei do Carimbó’, publicou um vídeo nas redes sociais sobre o falecimento de seu amigo de longa data. A declaração celebrou a importância de Teixeira para a arte no Amazonas e no Brasil, e afirmou que foi o responsável por batizar Rudeimar como “Teixeira de Manaus”.
“Foi um grande artista que perdemos. Eu tive a honra de descobrir o grande valor e o levei para São Paulo para gravar comigo e com minha banda alguns discos dele. Inclusive, o nome ‘Teixeira de Manaus’ foi uma escolha minha, de acordo com ele. Estou muito triste, mas aproveito para mandar para a família dele os meus sentimentos”,
declarou.
Outros nomes da música nortista também se pronunciaram, a cantora Márcia Novo destacou o trabalho de Teixeira como percussor do estilo Beiradão e uma peça fundamental para a mudança na cena musical amazonense.
“Teixeira foi um dos maiores astros da música amazonense, seu sax potente vindo das ribanceiras e beiradas, levou a música popular ribeirinha para o mundo e encheu nossos corações de orgulho. Sua história e música estão eternizadas, seguiremos aqui enaltecendo seu legado”,
afirmou.
O perfil oficial do Boi-Bumbá Caprichoso também prestou homenagens e disse que Teixeira era a cara do Estado, sendo a trilha sonora de muitos momentos na vida dos amazonenses. Além disso, publicou um vídeo com a música “Yo Cantarei”, de autoria do músico, durante a apresentação da figura típica regional “O senhor das Águas”, em 2022.
“O Brasil perdeu hoje um dos mais expressivos de seus artistas. Já o Amazonas, uma parte de si. O compositor de “Deixa o meu sax entrar” animava as barrancas e vilas do interior do Amazonas sempre junto de seu sax. Pelas águas, ao longe se ouvia os acordes inconfundíveis de sua música, além do sorriso e alegria do povo dançando, cantando e se divertindo… um misto de euforia e felicidade. Teixeira de Manaus estará sempre presente no coração estrelado de todo o povo Caprichoso”,
declarou.
Não só no Amazonas, os solos do saxofone de Teixeira reverberaram em todo Brasil. Antes mesmo do Caprichoso ser destaque pela música “Tic-Tic-Tac”, da banda Carrapicho, a Orquestra de Beiradão do Amazonas (OBA) enfatizou que Teixeira já atravessava fronteiras com suas composições.
“A “Deixa meu sax entrar” é lembrada em todas as festas do Amazonas, seja no interior, seja nas festas em Manaus. Rudeimar Soares Teixeira, o Teixeira de Manaus, como era chamado popularmente, faz parte da construção da identidade do amazonense influenciando novos artistas e ainda sendo o precursor do ritmo amazonense que abrange todo o estado do Amazonas: o Beiradão. Orquestra de Beiradão do Amazonas (OBA) nasceu em 2013 inspirada e musicalmente conduzida pelas composições do Teixeira”,
afirmou.
Saxofonista há 25 anos, Ênio Wanderley Prieto foi inspirado pelo trabalho de Teixeira, e pôde, em 2013, contribuir com o processo composicional do músico. Durante a homenagem, Ênio tocou saxofone e afirmou que Teixeira deixa “um legado enorme para a música do Amazonas e do Brasil”, além de ter embalado festas tanto no interior quanto na capital.
O Governo do Amazonas publicou uma nota lamentando o falecimento, ao destacar a linguagem autêntica de Teixeira no saxofone. Além disso, relembrou que o músico chegou a ser homenageado no Festival Amazonas Jazz, em 2012, no Teatro Amazonas, em Manaus.
A Prefeitura de Manaus, por meio do prefeito de Manaus, David Almeida, e a Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), manifestaram pesar pela morte do músico amazonense.
“Neste momento de tristeza e dor, prestamos todo o nosso apoio e sentimentos de pesar aos familiares, amigos e admiradores do artista Teixeira de Manaus, grande saxofonista, expoente da música popular amazonense, o nosso Rei dos Beiradões”,
destacou o prefeito.
O diretor-presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult), Reginei Rodrigues, também lamentou a perda do artista.
“Teixeira de Manaus é a nossa referência da música de ‘beiradão’, vendeu mais de 100 mil discos, chegando em uma época a vender mais que o Roberto Carlos. É uma perda inestimável para a cultura amazonense. Que Deus conforte os familiares desse grande ícone”,
disse Rodrigues.
O senador Eduardo Braga (MDB), em publicação nas redes sociais, definiu a música de Teixeira como a marca registrada do interior, assim como o cantor é o “Rei dos beiradões”.
“Hoje, nossos beiradões amanheceram em silêncio. Recebi com muita tristeza a notícia do falecimento do nosso saxofonista Teixeira de Manaus. Vá em paz, meu amigo, e que sua harmonia continue a ressoar, inspirando gerações com a magia de sua arte”,
afirmou.
O ex-deputado federal Zé Ricardo (PT) também homenageou o artista. “Seu saxofone e sua energia musical foram e ainda serão a alegria de muitos bailes pelo Brasil afora”, afirmou.
A coordenadora do Escritório Estadual do Ministério da Cultura no Amazonas, Michelle Andrews, publicou um vídeo em homenagem ao Teixeira, haja vista que a música relembrava a época em que o seu avô a levava para o bairro Chapada, onde o artista se apresentava.
“Teixeira de Manaus enriqueceu as imagens, cheiros, sentimentos e a identidade da cidade. Teixeira de Manaus, com suas músicas do Beiradão, tornou-se um ícone cultural no norte do Brasil, elevando o gênero a novos patamares”,
afirmou.
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