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cultura amazonense

Amor e arte: Mãe e filha unidas dentro e fora dos palcos no Amazonas

Amor infinito e sem explicação entre mãe e filha se transformou em uma linda trajetória nos palcos de teatros e produções audiovisuais

Manaus (AM) — Um amor infinito e sem explicação entre mãe e filha no Amazonas se transformou em uma linda trajetória nos palcos de teatros e produções audiovisuais. Rosa Malagueta, artista amazonense multifacetada transmitiu para sua filha Rafaela Martins mais do que o amor de mãe, mas também a dedicação e carinho pelas artes.

Natural de Tabatinga, Rosa Malagueta nasceu para as artes. Na infância as rádios novelas a fascinavam e faziam sua imaginação viajar pelas histórias e sonhar com os palcos. Já adulta e morando em Manaus, a artista se dividia entre se aperfeiçoar em cursos de interpretação e a venda de flores na frente da igreja São José, na Praça 14 de Janeiro.

“Eu já vendia de forma diferente, sempre interpretando, criando personagens. Assim eu vendia mais e não deixava de fazer o que mais amava”,

contou.

Os filhos vieram e nem sempre foi fácil conciliar o papel de mãe de três filhos e a carreira. “Eu sofri violência doméstica, separei e a responsabilidade com as crianças se multiplicou. Como muitas mulheres que se encontram nessa situação passei por apertos financeiros e muitos desafios, mas a arte sempre esteve presente. Nunca abandonei o ofício e os meus filhos acompanhavam. Aos poucos eles foram tomando gosto. Eu considero que todos são artistas, cada um faz algo diferente”, explica.

Rosa Malagueta transmitiu para sua filha Rafaela Martins mais do que o amor de mãe, mas também a dedicação e carinho pelas artes Foto: Divulgação

Rosa conta que na infância os filhos participavam com ela de espetáculos e também interpretavam personagens em animação de festas infantis. “A Rafaela, por exemplo, foi Emília do sítio do Pica-pau-amarelo, Wandinha da Família Adams, entre tantos outros. Esses momentos eram muito especiais porque mesmo com os desafios do dia a dia a conexão familiar era incrível”, enfatiza.

Da mãe, Rafaela Martins herdou a dedicação a maternidade e as artes. Mesmo transitando por sua outra profissão (Educação Física) ela desde a infância acompanha a mãe nos palcos e na vida.

“Somos verdadeiras parceiras. Por ser a caçula desde muito pequena ficava nos bastidores das peças. Com cinco anos interpretei meu primeiro personagem e amei. Para mim aquilo não era trabalho, mas sim uma brincadeira que me divertia. Conforme ia crescendo aprendia outras atividades como produção, direção. Hoje atuo principalmente nos bastidores”,

disse.

Rafaela foi mãe aos 23 anos e para a filha também busca transmitir o amor pelo palco. “Ela é mais reservada, mas tem o humor aguçado da avó. Muito participativa nas atividades culturais da escola. A maternidade nem sempre é fácil. Também sou mãe solo, mas sempre tive o apoio da família, principalmente da minha mãe”, destaca.

Parceria na vida e no trabalho

Juntas, Rosa e Rafaela tem se dedicado a um novo projeto, que enaltece a história de grandes cantoras e suas contribuições para o samba amazonense. A série documental “Samba com Elas” conta com a direção de Rosa Malagueta e a produção executiva de Rafaela Martins.

Em fase de desenvolvimento e pesquisa, a série “Samba com Elas” propõe através da história e trabalho de grandes artistas amazonenses exaltar a potência feminina no cenário musical desse ritmo, valorizando a qualidade artística e técnica das sambistas.“São mulheres fortes, talentosas e que assim como milhares de mulheres se dedicam a carreira e também à maternidade”, ressalta Rosa.

“Samba com Elas” é um projeto contemplado em edital da Lei Paulo Gustavo, por meio do chamamento público para ações na área do Audiovisual, com o apoio do Governo do Amazonas, através do Conselho Estadual de Cultura/ Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e Governo Federal, por meio do Ministério da Cultura.

O desenvolvimento da primeira temporada contará com cinco episódios de aproximadamente 25 minutos cada homenageando as artistas Márcia Siqueira, Lucilene Castro, Fátima Silva, Cláudia Trindade e Lucinha Cabral. No entanto, é importante destacar que a produção da série em si, depende ainda da captação de recursos e apoios futuros, já que o projeto aprovado prevê apenas o desenvolvimento da etapa inicial.

De acordo com a produtora executiva do projeto, Rafaela Martins, começar a tirar do papel essa ideia é algo que vai muito além do produto audiovisual em si.

“Estamos falando de uma série que visa valorizar importantes mulheres dos palcos amazonenses, numa produção que contará, majoritariamente, com mulheres em seus bastidores. Isso é uma forma de nos reafirmarmos e nos fortalecermos num cenário que, em sua essência, sempre foi dominado por homens”,

frisa.

Contrapartidas

Além de toda a parte de pesquisa e desenvolvimento da série, que deve ocorrer durante o primeiro semestre, o projeto irá realizar as ações de contrapartidas sociais previstas no edital de aplicação de recursos da Lei Paulo Gustavo. Entre as atividades estão workshops gratuitos oferecidos a comunidades de zonas periféricas e ribeirinhas de Manaus.

*Com informações da assessoria

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