Manaus (AM) – A morte de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, virou caso de polícia após familiares da empresária acusarem a mãe e o irmão, de transformarem a residência em uma “Cracolândia”. O relato viralizou nas redes sociais, chamando a atenção da equipe da Polícia Civil, que deu início ao processo investigativo, e durante o cumprimento de mandado de prisão e apreensão ocorrido na quinta-feira (30), foram encontradas seringas e medicamentos em grande quantidade dentro do estabelecimento da família, entre eles: Ketamina.
O Inquérito Policial (IP) apontou que a causa da morte de Djidja foi por overdose de Ketamina, um medicamento utilizado como anestésico, que combate dores crônicas. O médico especialista em Cardiologia e Clínica Médica, Gustavo Lenci, explicou como o medicamento age no corpo humano com acompanhamento médico.
“A Ketamina foi descoberta nos anos 60, sendo sintetizada inicialmente como anestésico. Ela atua em um receptor chamado NMDA, e ao atuar nesse receptor, ela induz uma coisa chamada anestesia dissociativa. Ela induz que o paciente, numa situação de anestesia, porém sem fazer o paciente dormir. É como se ele tivesse anestesiado, porém acordado, o que pode ser dito como uma dissociação entre a mente e o corpo”,
informou o médico em seu canal no Youtube.
O aumento do uso do medicamento de forma indiscriminada chamou a atenção de especialistas do mundo todo, provando que a situação não ocorre apenas no Brasil. O médico Gustavo encontrou estudos clínicos que avaliam os efeitos da Ketamina no corpo humano a longo prazo, sem infraestrutura hospitalar.
“Nos últimos anos, diversos estudos começaram a surgir a respeito de outros usos da Ketamina, que não somente o anestésico, como, por exemplo, o tratamento da dor crônica, tratamento de distúrbios psiquiátricos, como a depressão. Uma procura no Clinical Trials (*site e banco de dados on-line de estudos de pesquisa clínica e informações sobre seus resultados) a respeito de Ketamina, nós podemos encontrar mais de mil estudos registrado sobre o uso dessa medicação”,
enfatizou Lenci.
Uso ilícito
No caso da ex-sinhazinha do Garantido, Djidja Cardoso, a droga era usada para dormir e ajudar a combater a depressão, segundo relatos do seu irmão Ademar. Sem acompanhamento médico, a droga era consumida pelos próprios familiares, que distribuíam a Ketamina para funcionários do salão de beleza na qual Djidja era sócia.
“No meio ilícito, ela vem sendo preparada de qualquer forma, são pegas formulações veterinárias, e por meio de laboratórios improvisados, são transformados em pó, e as pessoas então inalam esse pó para ter o efeito recreacional do medicamento, sem saber como está sendo feita essa mistura”,
explicou o especialista.
O relatório do Instituto Médico Legal (IML) atestou que a morte de Djidja foi ocasionada por depressão dos centros cardiorrespiratórios centrais bulbares; congestão e edema cerebral. Esses são indícios do uso descontrolado de Ketamina em seu estágio mais grave, como explica o médico Gustavo Lenci.
“Como ela [ketamina] faz essa separação entre o pensamento e o corpo, ela leva uma série de efeitos psicoativos, como, por exemplo, a sensação que o tempo passa mais devagar, a sensação de sonhos vívidos, além de, em doses maiores, alucinações e delírios. Em caso de abusos com doses maiores ainda, ela pode começar a levar a hipertensão, taquicardia, em caso mais avançados, até mesmo ao coma e a morte, em razão da hipertensão intracraniana, que é o aumento da pressão na cabeça”,
finalizou.
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