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Defesa da família de Djidja Cardoso nega seita religiosa e venda de drogas: ‘Fruto de alucinações’

Advogados afirmam que clientes são dependentes químicos e não obrigavam funcionários de salão de beleza a consumirem ketamina

As advogadas que representam familiares da ex-sinhazinha do Boi Garantido Djidja Cardoso, presos preventivamente na última quinta-feira por suspeita de envolvimento no tráfico de drogas e outros crimes, negaram que seus clientes tenham formado uma seita ou praticado rituais, neste domingo (2). Eles afirmam também que também defende Cleusimar e Ademar Cardoso, de que a operação da Polícia Civil salvou a vida dos envolvidos.

“A familia Cardoso, especificamente Djidja, Cleusimar e Ademar, de fato, infelizmente, perdeu o controle. Eles se tornaram dependentes químicos” disse a advogada Lidiane Roque, durante a entrevista feita na porta de uma unidade do Salão Belle Femme, em Manaus, na manhã deste domingo.

“A decisão de começar a usar drogas é individual. Todas as pessoas envolvidas são adultas, isso é muito importante. Por que dizemos que não existe seita, não existe ritual macabro: porque todos as declarações deles, os vídeos que circulam na internet, todos esses elementos de prova, são fruto de alucinações extremamente severas de uma droga que está destruindo famílias” completou ainda a advogada Nauzila Campos.

Segundo a Polícia Civil, a Operação Mandrágora, deflagrada na semana passada após a morte da sinhazinha, mirava membros de uma “seita religiosa, responsáveis por fornecer e distribuir a substância ketamina, além de incentivar e promover o uso da droga de forma recreativa”. De acordo com o delegado Cícero Túlio, um dos responsáveis pela investigação, a família “induzia” e “cooptava” funcionários e pessoas próximas a injetar a droga, um analgésico usado em animais de grande porte. Neste domingo, os advogados negaram que alguém fosse obrigado ao uso da substância.

Ademar Cardoso foi alvo de um mandado de prisão preventiva pela suspeita de crime de estupro, após depoimentos prestados por vítimas do grupo.

“A prova testemunhal, pela natureza dela, é questionável. E as pessoas que foram na delegacia fazer a denúncia estão muito envolvidas emocionalmente. E algumas delas são dependentes químicas. Quando a pessoa faz uso prolongado dessa droga (ketamina) os efeitos não duram apenas 40 minutos. Eles duram por dias e dias. Não se sabe em quais condições essas pessoas prestaram depoimento”, disse Nauzila.

Mandados de prisão preventiva também foram expedidos contra três funcionários da rede de salões Belle Femme, comandada pela família. As investigações apontaram que uma ex-parceira de Ademar foi uma das vítimas da seita, que fazia uso de ketamina, uma droga com efeitos alucinógenos, com o intuito de “transcender para outra dimensão”, segundo a Polícia Civil. As investigações apontam que a ketamina era fornecida ao grupo por uma clínica veterinária.

“Os fornecedores de droga são os verdadeiros traficantes. E a gente questiona, cadê o dono dessa clínica veterinária que não foi preso até agora? (…) A pessoa viciada, o dependente químico faz de tudo para alcançar a droga, e o dependente químico não é traficante. O traficante é um comerciante que precisa lucrar e faz de tudo e se aproveita da vulnerabilidade dos dependentes” disse Nauzila.

‘A prisão salvou a vida deles’

Advogadas de família de Djidja Cardoso fazem coletiva sobre operação neste domingo — Foto: Reprodução
Advogadas de família de Djidja Cardoso fazem coletiva sobre operação neste domingo — Foto: Reprodução

Nauzila Campos reforçou uma fala do colega advogado Vilson Benayon, que também defende Cleusimar e Ademar Cardoso, de que a operação da Polícia Civil salvou a vida dos envolvidos.

“A prisão salvou a família, salvou a vida deles. Se essa operação tivesse sido deflagrada algumas semanas atrás, a Djidja estaria viva. Ela estaria presa, mas estaria viva. Então, nos reconhecemos a função social dessa operação”, disse.

Os advogados negam ainda que as unidades da rede Belle Femme tenham sido usadas para o armazenamento ou consumo de drogas. Em coletiva de imprensa na sexta-feira, o delegado Túlio Cicero afirmou que seringas “prontas para o uso” foram encontradas durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nesses locais, juntamente com doses de ketamina. Segundo a advogada Lidiane Roque, as seringas continham xampu e condicionador.

“A família Cardoso se drogava em casa, por isso o isolamento. Todo mundo sabe que é um dos sintomas, a necessidade do viciado em se isolar, porque ele quer fazer só aquilo dali. A Djidja, eu presenciei, nem saía do quarto. Que ritual é esse que as pessoas ficam isoladas?”, disse Lidiane.

Ainda segundo relatado pela advogada Lidiane Roque, a mãe de Djidja Cardoso, Cleusimar, chegou a oferecer drogas a ela própria:

“Eu tomo a liberdade de dizer que ela (Cleusimar) chegou a me oferecer. Mas nunca houve coação, nunca houve obrigação. Inclusive, confirmei isso com os funcionários (…) Eu respondi da mesma forma que todos que eu questionei. Respondi: ‘não tenho interesse, mas agradeço'” disse Lidiane, durante a coletiva.

*Com informações do OGLOBO

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