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Prejuízos

Preço da gasolina impacta motoristas e usuários de aplicativos de transporte em Manaus

Os condutores buscam alternativas para lidar com o impacto no bolso, o que também prejudica os passageiros

Foto: Reprodução

Manaus (AM) — O recente aumento no valor da gasolina surpreendeu os motoristas por aplicativo em Manaus, que se depararam com o combustível vendido a R$ 6,89, no início desta semana. Com o acréscimo de R$ 0,60, os condutores buscam alternativas para lidar com o impacto no bolso, o que também prejudica os passageiros.

A alta do preço da gasolina leva a uma situação que já prejudica os clientes que precisam do serviço oferecido pelos aplicativos: o constante cancelamento das corridas. Segundo o presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativos do Estado do Amazonas (AMEAP-AM), Alexandre Matias, os motoristas de Manaus estão precisando medir o que é mais vantajoso.

“Um motorista que abastecia, por exemplo, R$ 100 por dia, vai ter que abastecer R$ 130 a R$ 140 para ter o mesmo rendimento de antes. E isso vai afetar os valores das viagens, os cancelamentos de viagens que não valem a pena, a não aceitação de viagens que também não valem a pena. Isso pode afetar muito a quem precisa do transporte por aplicativo e aos condutores de transporte por aplicativo, principalmente, que estamos passando por uma situação que hoje a corrida mínima está em R$ 6. O combustível já passou de R$ 6 faz muito tempo”, alerta Alexandre Matias.

Segundo Alexandre, a classe está se reunindo com órgãos competentes para elaborar ações para diminuir os prejuízos. “Estamos conversando com várias entidades. Uma delas é o Sindicato dos Petroleiros do Amazonas (Sindipetro-AM). Vou me direcionar até o Programa Estadual de Proteção e Orientação do Consumidor (Procon-AM), que ficou de tomar algumas atitudes cabíveis, saber até que ponto eles podem ir ou não em relação à defesa do motorista”, acrescentou o representante.

Aumento injustificado

A economista amazonense e ex-vice-presidente do Conselho Federal e Economia (Confecon), Denise Kassama, destaca que não existe uma resposta técnica para o aumento do preço da gasolina, mas, provavelmente, ocorreu uma pressão pelo acréscimo do valor.

“Não há uma justificativa para esse aumento, não houve uma mudança na Petrobras, não houve como foi anunciada. A Ream tinha se proposto a reduzir o preço, o que a gente está enxergando aqui é essa pressão de aumento, ela é mais do grupo dos postos, de repassar custos. Já tem um certo tempo que a gasolina está nessa faixa de R$ 6,29, então os postos colocaram, talvez, um repasse de custos, alguma coisa assim. Não tem, realmente não tem uma justificativa técnica para dizer que aumentou, que a Petrobras aumentou e tudo mais”, enfatizou a especialista.

Impactos no cotidiano

Esse repasse de custos citado por Denise afeta diretamente o cidadão manauara comum, já que praticamente todos os serviços oferecidos em Manaus dependem de transportes, que só é possível por conta do combustível. Se ele fica mais caro, o serviço fica mais limitado.

“Tudo depende de transportes. Nós estamos falando desde o transporte de alimentos, mercadorias que chegam no Porto de Manaus e precisam ser descarregadas, encaminhadas para rede de supermercadistas, varejistas, aplicativos, estamos falando motoristas de aplicativos, taxistas, ônibus. O aumento ele geralmente nunca vem sozinho, se aumenta gasolina, aumenta diesel também. Se o transporte fica mais caro, esse valor de aumento, mais hora menos hora, repassa para o preço final do consumidor, ou seja, acaba impactando no bolso do consumidor”, disse Denise Kassama.

Atualmente, todos os esforços são voltados à diminuição do preço da gasolina. Alexandre Matias, que também é motorista por aplicativo há 8 anos, entende que essas alterações no valor do combustível compromete diretamente a renda familiar de todos os profissionais que exercem a atividade.

“Estamos conversando com órgãos, antes de tomar atitude enérgica, que seria paralisar. Motorista por aplicativos já não tem muito tempo para estar parado, tem que estar rodando constantemente para pagar as dívidas, pagar o aluguel do veículo, da casa e a sua própria alimentação. Hoje, como entidade, nós estamos à frente dessas determinações para justamente não prejudicar ainda mais o motorista por aplicativo parando duas, três, quatro horas em protestos. Antes disso acontecer, vamos sanar todas as tratativas possíveis com os órgãos competentes”, finalizou Alexandre Matias.

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