Cientistas políticos e entidades de jornalismo criticaram a postura do pré-candidato Amom Mandel (Cidadania), um dia após ele ter uma atitude desrespeitosa com um jornalista na coletiva de imprensa, corrida após o encerramento de sua convenção partidária, na noite dessa terça-feira (30).
Após ser questionado pelo repórter do Portal CM7 sobre sua pouca experiência política e de sua indicada a vice-prefeita, Amon desqualificou a pergunta e o veículo de comunicação que o jornalista trabalhava. Essa não foi a primeira vez que Mandel agiu dessa maneira.
“Me responde quem paga as contas do CM7 que respondo a tua pergunta. Eu respondo: Tribunal de Contas, órgãos públicos da cidade de Manaus, Prefeitura de Manaus e Governo do Estado. Eu não respondo pergunta de quem vem mal intencionado, desculpa”, disparou o candidato depois do questionamento do jornalista Tarcísio Layme.
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A pergunta feita pelo profissional é um dos principais pontos levantados pelos oposicionistas de Amon, de que ele se elegeu vereador e, depois de dois anos se lançou e foi eleito deputado federal e, agora, passados apenas dois anos no parlamento federal, já se candidata a prefeitura de Manaus.
Para o sociólogo, analista político e advogado, Carlos Santiago, o comportamento de Amom é visto como despreparo.
“Quem pretende administrar o país, administrar o Estado ou a cidade de Manaus, tem que ter preparo para responder questionamentos, propor melhorias da qualidade de vida da população. A democracia é isso, é o direito ao contraditório, é o direito à transparência, é o direito à liberdade de perguntar de forma decente e também de responder de forma adequada para o bem da sociedade, até para melhorar a política e os políticos”, destacou o especialista.
Em nota, a Associação Nacional de Jornalismo Digital (ANJD) repudiou veementemente a atitude do candidato a prefeito de Manaus, o deputado federal Amom Mandel (Cidadania).
“A atitude do candidato não apenas fere a liberdade de imprensa e o direito à informação, mas também pode ser um indicativo de como ele trataria a imprensa, caso fosse eleito. A ANJD reforça que é essencial que candidatos e figuras públicas tratem a imprensa com respeito e ofereçam respostas claras e transparentes, pois o diálogo aberto e honesto é fundamental para a democracia e para a boa governança”, afirmou a entidade em nota.
O Em Tempo procurou o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SINJOR/AM) mas a entidade preferiu se abster de comentários. Ela se resumiu a dizer que “para manifestação sobre o ocorrido é necessário a identificação do responsável pela denúncia, o relato e os envolvidos. O B.O. respalda o interesse da vítima sobre o caso. Além disso, os veículos de comunicação devem garantir assessoria jurídica para defesa imediata dos seus empregados/contratados”.
Ataques e ‘Fake News’
Essa não é a primeira vez que Amom Mandel tenta descredibilizar o trabalho da imprensa amazonense.
Em fevereiro deste ano, o Deputado Federal Amom Mandel tentou desqualificar o trabalho dos jornalistas da Revista Cenarium, que descobriram que a irmã dele recebeu Auxílio Emergencial durante a pandemia nos anos de 2020 e 2021.
Na época, Amom insinuou, sem provas, que os sites amazonenses recebiam Pix para fazer matérias que o prejudicassem. “O pessoal que tá pagando Pix, aí, para esses ‘portaizinhos’ espalharem fake news”, disse.
De acordo com a Cenarium, a informação publicada na matéria foi encontrada no Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou que a irmã do deputado, a empresária Rebecca Mandel, recebeu Auxílio Emergencial no período de abril de 2020 a outubro de 2021.
Na sequência, Mandel foi às redes sociais afirmando que a imprensa não havia entrado em contato previamente, mas a Revista Cenarium contestou, alegando que ouviu o Deputado Federal no evento de sua pré-candidatura.
Cargo público
O posicionamento de Amom reflete um antigo comportamento de políticos que tentam driblar o papel da imprensa, esta responsável por repassar a informação aos cidadãos manauaras.
Carlos Santiago aponta que é preciso ter responsabilidade com o cargo que ocupa, sabendo que é necessário manter o direito à democracia e à liberdade de imprensa.
“Cabe a qualquer homem público responder questionamentos elaborados por profissionais da comunicação ou por qualquer cidadão, além de prestar contas sempre dos seus atos, dos recursos públicos utilizados para o exercício do cargo que ocupa. E cabe ao profissional da comunicação elaborar propostas e perguntas objetivando o interesse comum, a informação social”, alerta o cientista político.
O Em Tempo também procurou o deputado federal Amom Mandel para comentar sobre o ocorrido, mas sua assessoria informou que “o que ele tinha que falar, disse ontem na entrevista”.
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