Manaus (AM) – Em meio a um mundo cada vez mais digital, o qual oferece uma diversidade de aparelhos e produtos de alta tecnologia, é de se imaginar que os livros acabaram perdendo espaço para a multiplicidade de funções e itens ofertados pelos celulares e computadores. Porém, conforme os dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNLE), houve um aumento na compra de livros no Brasil desde o início do período pandêmico.
Essa busca por livros é observada por pais e professores de escolas do ensino infantil, os quais percebem que mesmo com a disponibilidade de produtos tecnológicos, as crianças ainda procuram passar o tempo com a leitura, atividade celebrada neste sábado (23), data conhecida mundialmente como o Dia do Livro.
Ao mesmo tempo, eles também notam que, em alguns momentos, a tecnologia divide a atenção da criança pelo livro, o que pode diminuir o interesse pela leitura.
Já no mesmo período do ano passado, houve cerca de 3,9 milhões de livros comercializados, com um faturamento inferior, de aproximadamente R$ 180,1 milhões.
A tendência de crescimento pela aquisição de livros no país acontece desde o ano de 2021, conforme os dados do Painel de Varejo de Livros. Entre janeiro e dezembro de 2021 foram vendidos cerca de 55 milhões de exemplares, um número superior a 33% em comparação a 2020.
A comercialização de livros em 2021 também é 31% maior em relação ao período pré-pandêmico. Em 2019, foram vendidos aproximadamente 33,5 milhões de exemplares de livros.
Além disso, o faturamento total ao longo do ano de 2021 pela venda de livros foi de 2,2 bilhões, número que nunca foi alcançado desde a criação do Painel em 2015.
A leitura em um mundo digital
Mãe de duas crianças, uma de cinco anos e outra de dois anos, a dentista Luana Lins percebe que diante de um mundo digital, há um desafio em inserir os filhos em um ambiente de leitura.
Porém, não vê os produtos digitais como um problema para o desenvolvimento de leitura dos filhos, desde que exista supervisão dos pais para que o uso dos tecnológicos não seja exagerado e tome o tempo dos filhos que poderia ser dedicado aos livros.
“Eu acho que elas devem ser inseridas nesse contexto de forma controlada com a supervisão dos pais na medida do possível e que a gente, ao mesmo tempo, estimule a leitura através da oferta de livros coloridos e visualmente atrativos. Em casa, eu procuro deixar coleções de livros a vista das crianças para que gere curiosidades e eu acho que é muito importante que isso seja feito na primeira infância”,
afirma a Luana.
Além disso, Luana pontua que procura estimular ao máximo o interesse dos filhos ainda na infância, pois é o momento em que a curiosidade sobre o mundo, assim como a absorção de informações, é maior.
“A minha filha está aprendendo agora as letras e já tem curiosidade de começar a juntar as letras para iniciar a leitura. Então, ela está bem curiosa olhando letras em todo lugar. Assim, acho que essa é a melhor fase de estimular essa leitura”, conta.
“Tem vídeos fantásticos que ensinam as letras, as cores, as formas e que estimulam bastante as minhas crianças. Eles aprenderam muito através de vídeos na televisão. Então, eu não acho que atrapalhe. Eu acho que é um desafio nosso como pais de tentar fazer o uso certo dos meios digitais e estimular, em paralelo, a leitura dos livros, porque a criança vai absorver tudo isso”, explica.
Ao mesmo tempo, ela considera que os filhos possuem um interesse mediano pela leitura, e aponta como possível causa o uso do celular, de vídeos, e da televisão. “Já que as ofertas são tantas o interesse das crianças fica muito dividido”, avalia.
Leitura em ambiente escolar
Gestora de uma escola particular em Manaus, Virgínia Ribeiro afirma que os alunos mostram um grande interesse pelos livros.
“Temos uma rotina voltada e estruturada para que eles consigam desenvolver essa leitura. Pois na escola temos material didático, como os livros, e um projeto chamado Maleta Viajante, onde trabalhamos diversos pontos e um deles é trazer a família para participar dessa leitura com a sua criança”,
explica Virgínia.
Mesmo com a inserção constante dos aparelhos digitais no cotidiano dos pequenos, Virgínia acredita que o uso de aparelhos eletrônicos não prejudica a leitura, e que se forem utilizados de forma adequada podem servir de auxílio para o desenvolvimento da leitura.
Apesar da escola não ofertar dinâmicas que incluam os meios digitais, Virgínia afirma que o corpo pedagógico busca aumentar o interesse das crianças pelos livros a partir do estimulo visual.
“O interesse vem a partir do que a professora apresenta em sala, pois as crianças são visuais. Por exemplo, a História da Chapeuzinho vermelho, ela se veste, se fantasia e aí acontece o interesse”, conta.
Clube do livro
Com o objetivo de reunir pessoas para conversar e debater sobre livros, foi criado o clube do livro Quinta Página. Segundo o grupo, ainda que a digitalização faça parte do dia a dia da população manauara, o hábito de ler ainda é presente, algo que se reflete no surgimento de outros clubes de leitura na cidade.
“Acredito que de uns tempos para cá, surgiram vários clubes de leitura na cidade. Em 2018, procuramos um grupo para participar, mas não achamos, então decidimos criar um. O diferencial do Quinta Página é a nossa constância. Faça chuva ou faça sol sempre teremos nosso encontro na 2ª terça-feira do mês”, afirma o clube Quinta Página.
O clube também observa uma quantidade cada vez maior de leitores que buscam o livro digital. “Antes víamos ainda alguma resistência, mas a facilidade no acesso dos livros digitais e os preços menores fazem com que eles ganhem cada vez mais espaço”, aponta o grupo.
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