Em nota conjunta, divulgada nesta quarta-feira (28), as principais centrais sindicais do país repudiaram a atitude do senador Plínio Valério (PSDB) e exigiram um pedido de desculpas à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede).

Na nota, as sindicais consideraram o discurso de Plínio lamentável e inaceitável. “O espetáculo grotesco encenado pelo senador Plínio Valério contra a ministra Marina Silva é motivo de vergonha para todos nós. É inaceitável que, ainda hoje, precisemos reivindicar o básico: respeito e civilidade”, diz a nota.

Conforme a nota, a gravidade da situação se intensifica quando a ofensa vulgar é dirigida a uma mulher combativa e representativa, como é o caso da ministra do Meio Ambiente.

“Esse episódio lamentável acende um alerta sobre a urgência de fortalecer a luta pela igualdade de gênero e pelo respeito às mulheres. Além disso, ao revelar o desprezo pelo meio ambiente e desrespeitar o espaço democrático do parlamento, evidencia também a necessidade de reafirmar o compromisso com a sustentabilidade e com a ética no Congresso Nacional, enquanto instância legítima de representação política da nação”, diz outro trecho do documento.

Segundo a nota, são causas diante das quais não podemos baixar a guarda. É por meio dessas lutas que garantimos a democracia.

“Exigimos uma retratação pública do senador Plínio Valério, bem como um pedido de desculpas à ministra Marina Silva e ao povo que ele, como parlamentar, tem o dever de representar”, finalizou o documento.

A nota é assinada pelos presidentes das principais centrais sindicais brasileiras: Sérgio Nobre – Central Única dos Trabalhadores (CUT), Miguel Torres (Força Sindical), Ricardo Patah – União Geral dos Trabalhadores (UGT), Adilson Araújo – Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Moacyr Tesch – Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Antonio Neto – Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e José Gozze – presidente da Pública Central do Servidor.

Lamentável

Durante pronunciamento nesta quarta-feira (28), o presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado estadual Roberto Cidade (União Brasil), criticou a postura do senador Plínio Valério (PSDB-AM) durante sessão no Senado Federal.

O pronunciamento do deputado ocorreu após repercussão negativa nacional sobre a fala de Plínio Valério. Em nota conjunta, as principais centrais sindicais do país repudiaram a atitude do senador e exigiram um pedido de desculpas à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

“É lamentável ver a postura do senador Plínio. Ele foi muito infeliz em se pronunciar na questão mulher. Eu acho que foi um desrespeito com a ministra. Acredito que quem vier nessa Casa tem que ser respeitado”, disse Cidade.

O deputado classificou o comportamento como infeliz e destacou que qualquer autoridade presente no Parlamento deve ser tratada com respeito.

Defesa da BR-319

Roberto Cidade propôs articulação com os demais deputados estaduais para fortalecer a pauta da recuperação da BR-319, incluindo reuniões com órgãos de controle e idas a Brasília.

“Eu acredito que se a gente lutar muito em cinco, 10 anos a gente possa ter, porque não é uma obra fácil, é uma obra muito complexa, mas a gente tem que pelo menos deixá-la trafegável o ano todo. Então, quero dizer a todos os deputados que a gente pode marcar uma reunião em conjunto para que a gente possa pautar pontos que a gente queira entrar no debate, irmos à Brasília, irmos aos órgãos de controle e fazer tudo que for possível pela BR-319”, defendeu o presidente da Aleam.

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Discussão

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, deixou a reunião da Comissão de Infraestrutura do Senado na terça-feira (27), após um acalorado embate com senadores. O estopim para sua saída foi uma fala ofensiva do líder do PSDB, senador Plínio Valério (AM).

Durante a discussão, Plínio Valério afirmou querer “separar a mulher da ministra”, justificando que a primeira merecia respeito, mas a segunda, não. Diante da declaração, Marina Silva exigiu um pedido de desculpas como condição para permanecer na comissão. O senador, no entanto, se recusou a se retratar.

Esse não foi o único episódio de ataques do senador à ministra. Em março, durante uma audiência da CPI das ONGs, Plínio Valério já havia declarado ter “vontade de enforcá-la”. Na ocasião, ele comentou: “Imagine o que é tolerar a Marina 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la?”.

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