Mais um policial militar foi preso suspeito de participar do estupro de uma mulher indígena da etnia Kokama, de 29 anos. A informação foi divulgada neste domingo (27) pela Polícia Militar. Os crimes teriam ocorrido entre novembro de 2022 e agosto de 2023, enquanto a vítima estava presa na delegacia de Santo Antônio do Içá, no interior do Amazonas.
Com essa nova prisão, o número de suspeitos detidos sobe para cinco. Um policial militar ainda está foragido. Não há confirmação oficial se esse foragido é o mesmo que está envolvido em uma operação policial no interior. Até a última atualização desta reportagem, as autoridades não haviam respondido ao questionamento.
A prisão mais recente foi feita em Tabatinga e integra o cumprimento dos mandados expedidos pelo Ministério Público do Amazonas (MPAM), com apoio da Polícia Militar. As diligências continuam para localizar o último investigado.
As prisões foram distribuídas por três municípios:
- Tabatinga: 2 policiais militares (incluindo o preso neste domingo)
- Manaus: 1 policial militar
- Santo Antônio do Içá: 1 policial militar e 1 guarda municipal
Segundo o MP, os agentes são investigados pelos crimes de estupro de vulnerável, estupro qualificado e tortura, todos cometidos contra a vítima enquanto ela estava sob custódia em condições degradantes. Durante os abusos, a mulher estava acompanhada do filho recém-nascido, que presenciou os atos, o que torna o caso ainda mais grave. Os estupros, de acordo com as investigações, ocorriam principalmente à noite e, por várias vezes, foram cometidos de forma coletiva.
Em depoimento, a vítima relatou ter sofrido humilhações, constrangimentos e abusos sexuais por parte dos agentes, sem receber qualquer tipo de assistência médica, psicológica ou jurídica. Mesmo após ser transferida para um presídio feminino em Manaus, parte dos suspeitos teria ido até a casa da mãe da vítima, em Santo Antônio do Içá, com o objetivo de intimidar a família e silenciá-la.
Atuação da Polícia Militar
Em nota, a PM do Amazonas afirmou que tem colaborado com as investigações conduzidas pelo MPAM e pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). A corporação informou ainda que todos os policiais investigados foram afastados das atividades de rua e tiveram suas armas funcionais recolhidas.
A Polícia Militar declarou que repudia qualquer ato ilegal, não compactua com a violência relatada pela vítima e reforçou seu compromisso com o esclarecimento do caso.
Medidas judiciais
O processo corre em segredo de Justiça, com o objetivo de proteger a vítima, garantir a integridade das investigações e evitar qualquer tipo de interferência. O MP também pediu à Justiça o afastamento dos investigados das funções públicas e a suspensão do porte de armas.
A Promotoria alertou que os suspeitos — mesmo investigados — ainda ocupam cargos públicos e estão armados, o que representa risco tanto para a vítima quanto para o andamento do processo.
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