A Polícia Civil do Rio de Janeiro desarticulou nesta sexta-feira (9) um esquema de transporte ilegal imposto por traficantes na comunidade da Vila Kennedy, na Zona Oeste da cidade. A operação, batizada de Rota das Sombras, prendeu ao menos quatro suspeitos envolvidos no controle de um aplicativo de mobilidade criado e gerenciado pela facção criminosa que domina a região.

Facção controlava mobilidade com app próprio

Segundo as investigações, mais de 300 mototaxistas estavam cadastrados na plataforma. Os criminosos exigiam que os trabalhadores utilizassem exclusivamente o aplicativo, sob ameaça e extorsão. A arrecadação dos valores era usada para financiar o tráfico de drogas local.

De acordo com a polícia, o esquema se dividia em duas frentes:

  • Uma equipe era responsável por aplicar pressão e coagir os mototaxistas.
  • A outra parte da operação recebia e gerenciava os valores obtidos, que eram integralmente direcionados ao líder da facção.

Empresas de fachada mascaravam o esquema

Para dar aparência de legalidade à operação, os criminosos utilizavam empresas de fachada. Os locais serviam para movimentar os recursos arrecadados com o aplicativo, cujo lucro mensal estimado pode chegar a R$ 1 milhão, segundo a polícia.

Durante a operação, a polícia cumpriu sete mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão em comércios e residências ligados à quadrilha.

Vila Kennedy e o domínio do tráfico

A facção que controla a Vila Kennedy é apontada como a maior do estado. A região, que recebeu o status oficial de bairro há menos de dez anos, abriga cerca de 20 mil moradores, conforme dados da prefeitura.

Além desse caso, é comum o relato de que motoristas de aplicativos legalizados são proibidos de circular em áreas dominadas por facções no Rio. Em várias comunidades, há ainda barricadas clandestinas que bloqueiam o acesso de veículos, dificultando a mobilidade urbana e o trabalho de profissionais autônomos.

*Com informações da IsotÉ

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