“Damos graças ao Pai, que nos chamou para seguir Jesus na plena adesão ao seu Evangelho e no serviço da Igreja e derramou nos nossos corações o Espírito Santo que nos dá alegria e nos faz dar testemunho ao mundo inteiro do seu amor e da sua misericórdia” (Papa Francisco, Carta Apostólica às pessoas Consagradas – 2014).

O Espírito Santo suscita na Igreja diferentes vocações. A vocação é um tesouro. Todas as vocações são um tesouro a ser cuidado e cultivado. Toda vocação é um deixar tudo. A vida familiar, a vida matrimonial é um deixar tudo, uma entrega, uma vida de gratuidade, uma relação grata. A vida do presbítero, do bispo é um deixar tudo, uma entrega gratuita.

A vida consagrada é um deixar tudo, e entregar-se à gratuidade de viver. É um vender, um distribuir: um sair, deixar. Entrar na liberdade e na dinâmica de um amor gratuito que é um tesouro. A vocação é vender tudo e dar gratuitamente, sem trocas: generosidade. Tudo o que tenho é muito pouco diante do tesouro da vocação recebida para viver o Evangelho, pois é ser para os outros, apenas dom gratuito, presença de consolo, de compaixão. Vocação além de doação, é receptividade gratuita, pois sempre relação.

Toda vocação é um chamado a viver com paixão o presente, sendo testemunha e artífice do “projeto de comunhão”, um anúncio de paz. Numa sociedade marcada pelo conflito, a convivência difícil entre culturas diversas, a prepotência sobre os mais fracos, as desigualdades, cada um na vocação recebida, é chamado a oferecer um modelo concreto de comunidade que, mediante o reconhecimento da dignidade de cada pessoa e a partilha do dom que cada um é portador, permite viver relações cordiais, fraternas, justas, samaritanas.

O Ano Santo da Redenção insiste que a vocação é ser testemunha da esperança. Porque vida redenta, salva. Por isso, toda vocação abraça com esperança o futuro. Por mais que as tensões possam ser difíceis e mortais, as situações e as realidades, a redenção, a morte e ressurreição fortalecem a esperança.

É nas incertezas, que partilhamos com muitos dos nossos contemporâneos, que atua a esperança, fruto da fé no Senhor da história que continua a repetir-nos: “Não terás medo (…), pois Eu estou contigo” (Jr 1,8). A esperança de que falamos não se funda sobre números ou sobre as obras, mas sobre Aquele em quem pusemos a nossa confiança (cf. 2Tm 1,12) e para quem “nada é impossível” (Lc 1,37). A esperança que não desilude e que permitirá aos cristãos escreverem a história da salvação, o Reino de Deus (cf. Papa Francisco, Carta Apostólica às Pessoas Consagradas).

O Espírito Santo suscita as vocações e desperta para diversos modos de viver o Evangelho. É Ele que chama, desperta, matura, realiza! Se toda vocação é um chamado e um deixar, uma gratuidade de viver, é a possibilidade de viver com Jesus Cristo e como Jesus Cristo!

Cardeal Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo de Manaus

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