O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (2) que enviará tropas da Guarda Nacional a Chicago, que chamou de “cidade mais perigosa do mundo”. O anúncio ocorre um dia após milhares protestarem contra o uso de forças federais em uma operação anti-imigração em larga escala prevista para esta semana.

“Não quero dizer quando, mas vai acontecer [o envio de militares a Chicago]”, declarou Trump em entrevista ao Scott Jennings Radio Show.

Mais cedo, em um post na rede Truth Social, o presidente escreveu:
“Vou resolver o problema da criminalidade rapidamente, como fiz em Washington. Chicago estará segura e em breve.”

Protestos e resistência política contra operação federal

Na segunda-feira (1º), feriado do Dia do Trabalho nos EUA, cerca de 10 mil pessoas protestaram em Chicago contra o governo Trump e o envio das tropas federais.

O atual prefeito, Brandon Johnson, assinou no sábado (30) um decreto que impede a polícia municipal de colaborar com agentes federais em operações anti-imigração. Durante a manifestação, Johnson afirmou que seu governo “defenderá o país”.

O governador de Illinois, o democrata J. B. Pritzker, classificou o plano da Casa Branca como “uma invasão com tropas americanas” e criticou a falta de comunicação com o governo estadual.

Dados oficiais mostram queda na criminalidade em Chicago

A declaração de Trump contrasta com as estatísticas oficiais mais recentes. Nos primeiros seis meses de 2025, homicídios caíram 32% e tiroteios caíram 37,4%, segundo a prefeitura.

Em 2024, a cidade teve uma taxa de 21,4 homicídios por 100 mil habitantes, ainda alta para os EUA, onde a média nacional foi de 5 homicídios por 100 mil habitantes no ano passado, conforme dados do FBI.

Chicago tem 2,7 milhões de habitantes, quase 10 milhões na região metropolitana, e é a terceira cidade mais populosa dos EUA, governada pelo Partido Democrata há 90 anos.

Tensões raciais e críticas à operação federal

Trump intensificou ataques aos democratas de Chicago, descrevendo a cidade como “uma bagunça”, “um lugar infernal” e “um campo de batalha”. O presidente frequentemente usa dados defasados para justificar o envio das tropas.

Líderes comunitários e famílias negras expressam preocupação com o envio da Guarda Nacional, alegando que agentes federais não têm a mesma compreensão cultural dos bairros como a polícia local.

Antes de confrontar o prefeito Johnson, que é negro, Trump também teve atritos com a prefeita de Washington, Muriel Bowser, também uma mulher negra, após declarações controversas sobre a capital americana.

Operação anti-imigração deve começar nesta semana

A secretária de Segurança Doméstica do governo Trump, Kristi Noem, confirmou o envio de agentes federais a Chicago para a operação anti-imigração, que deve começar na sexta-feira (5). Também há planos para ações em San Francisco e Boston, outras cidades democratas.

Noem ressaltou que as operações federais buscam combater crimes relacionados à imigração, mas protestos recentes indicam forte resistência popular.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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