O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso nesta terça-feira (23), na abertura da Assembleia Geral da ONU. Ele destacou a defesa da soberania do Brasil e criticou “sanções arbitrárias”, numa alusão ao governo de Donald Trump.

Lula afirmou que o Brasil deixou claro para todos os autocratas e seus apoiadores que a democracia e soberania do país não são negociáveis. Ele ressaltou que o Brasil seguirá independente e livre de qualquer tipo de controle externo. Também criticou “falsos patriotas” que agem contra o país, em referência ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e ao influenciador Paulo Figueiredo.

Além disso, o presidente condenou a ofensiva militar de Israel, dizendo que “nada justifica o genocídio em Gaza”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, abriu o evento falando sobre a importância do multilateralismo e da paz mundial, que chamou de “primeira obrigação”.

Contexto político

O discurso ocorre um dia depois dos Estados Unidos anunciarem novas sanções a autoridades brasileiras, após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na segunda-feira, o governo americano sancionou Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do STF Alexandre de Moraes, e suspendeu o visto do advogado-geral da União, Jorge Messias, entre outros.

Essa é a primeira visita de Lula aos EUA desde que o governo Trump aplicou tarifas contra o Brasil. Lula e Trump podem se encontrar durante a abertura da Assembleia, que tradicionalmente inicia com o discurso do presidente brasileiro, seguido pelo presidente americano.

Apesar disso, não há sinais de diálogo entre eles. Em entrevista recente, Lula disse estar disposto a negociar diretamente com Trump e que cumprimentaria o ex-presidente se o encontrasse.

Agenda de Lula na ONU

Lula chegou a Nova York no domingo e ficará até quarta-feira (24/9). Ele participará de reuniões sobre democracia, combate ao extremismo, meio ambiente e o conflito na Faixa de Gaza.

A primeira-dama Janja Lula da Silva está nos EUA desde quarta-feira passada como enviada especial para a COP30 e acompanhará parte da agenda.

Nos dias que antecederam a viagem, houve dúvidas sobre a presença de algumas autoridades, devido à demora na emissão de vistos pelos EUA. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, recebeu o visto com restrições de circulação e desistiu de participar.

Além disso, recentemente, os EUA revogaram vistos de autoridades ligadas ao programa Mais Médicos, afetando também familiares de Padilha.

Polêmica dos vistos

Alguns ministros brasileiros, como Ricardo Lewandowski (Justiça) e Alexandre Padilha (Saúde), tiveram seus vistos demorados ou restritos. Padilha só poderia se deslocar entre o hotel, a sede da ONU e representações diplomáticas num raio pequeno, o que impediu sua participação em reuniões importantes.

Programação do presidente

Na segunda-feira (22), Lula participou da Conferência Internacional para a Resolução Pacífica da Questão Palestina.

No dia 24, liderará uma reunião ao lado dos presidentes do Chile e da Espanha, focada em defesa da democracia e combate ao extremismo.

Lula também terá compromissos sobre meio ambiente, preparando a COP30, com participação na Cúpula das NDCs, evento que discute metas para reduzir emissões de gases do efeito estufa, além de eventos sobre adaptação climática e lançamento do Fundo Florestas Tropicais para Sempre.

Entre as reuniões bilaterais, Lula terá encontro confirmado com o secretário-geral da ONU, António Guterres, nesta terça-feira.

(*) Com informações do Metrópoles

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