O governo federal instituiu um comitê de enfrentamento da crise do metanol, em parceria com a sociedade civil, para combater a adulteração de bebidas e planejar ações tanto repressivas quanto protetivas para o setor legal de bebidas. O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, após reunião com autoridades e representantes do setor.

“Tivemos uma discussão bastante frutífera, e chegamos à conclusão de que seria importante montar um comitê de enfrentamento da crise do metanol”, disse Lewandowski.

O comitê será informal, com foco na troca de informações sobre boas práticas e divulgação das medidas adotadas pelo setor público e privado, buscando soluções rápidas para o problema.

“Em um país continental como nosso, com 210 milhões de habitantes e de realidades tão distintas do ponto de vista regional, o governo precisa conjugar-se com a iniciativa privada e a sociedade civil para darmos contas dos problemas que enfrentamos”, argumentou o ministro.

Lewandowski classificou o problema como uma crise econômica, destacando a importância do setor para empregos, arrecadação de impostos e desenvolvimento do país.

“É um setor que gera empregos, paga impostos e é responsável pelo desenvolvimento. Por isso, nossa preocupação é separar com bastante clareza aqueles que trabalham dentro da lei, atuando para fazer com que a economia brasileira avance, sem prejuízo de uma ação repressiva”, disse o ministro.

Ele acrescentou que a ação repressiva pode incluir advertências, sanções pecuniárias e até o fechamento de estabelecimentos que descumprirem a lei.

“Precisamos separar o joio do trigo. Vamos atacar aqueles comerciantes que estão adulterando as bebidas de forma intencional. E vamos preservar aqueles comerciantes que estão atuando dentro da legalidade, e também os setores da indústria que estão cumprindo com seus deveres”, afirmou Lewandowski.

A reunião contou com representantes da Abrabe, ABBD, CNI, FNCP e ABCF.

Segundo o secretário nacional do Consumidor, Paulo Pereira, dezenas de estabelecimentos foram notificados e estão sob análise.

“Até a data de hoje, tínhamos 15 estabelecimentos identificados e notificados. Hoje, temos mais uma leva de identificações. Por volta de mais 15 estabelecimentos, além de cerca de 25 distribuidoras, associações e entidades do setor que também foram notificados para prestar informação”, disse Pereira.

Alguns estabelecimentos já foram fechados por fiscalizações locais. Segundo o secretário, o próximo passo é usar inteligência para identificar padrões e fornecedores criminosos.

“Ninguém melhor que os distribuidores e as associações de bebidas para nos ajudar a identificar as tipologias desses fornecedores. [Para sabermos] quais são os fornecedores legalizados e quais são os ilegais”, complementou.

Além disso, Pereira mantém contato com centros de pesquisa para validação de testes rápidos que garantam a qualidade das bebidas.

Investigação e emergência médica

Lewandowski afirmou que todas as hipóteses, inclusive envolvimento de organizações criminosas, estão sendo investigadas. A origem do metanol — vegetal ou fóssil — também está sendo analisada.

A intoxicação por metanol é extremamente grave, podendo causar cegueira e até morte. Os sintomas incluem visão turva, náuseas, vômitos, dores abdominais e sudorese.

“É importante identificar e orientar possíveis contatos que tenham consumido a mesma bebida, recomendando que procurem imediatamente um serviço de saúde para avaliação e tratamento adequado. A demora aumenta a probabilidade de desfecho grave, com óbito do paciente.”

Contatos de emergência:

  • Disque-Intoxicação da Anvisa: 0800 722 6001
  • CIATox local
  • Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733

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