As Forças Armadas de Israel atacaram novamente a Faixa de Gaza nesta segunda-feira (20), rompendo o cessar-fogo firmado com o grupo Hamas. Os militares israelenses informaram que os alvos foram “terroristas que ultrapassaram um limite territorial” estabelecido no acordo. Médicos palestinos confirmaram a morte de três pessoas na ação.

No fim de semana, três soldados israelenses e pelo menos 28 palestinos morreram em confrontos que ameaçam desmantelar o frágil pacto mediado por Egito, Qatar e Turquia, com apoio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

Para tentar resgatar o acordo, o enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, e seu genro, Jared Kushner, desembarcaram em Israel nesta segunda-feira. O vice-presidente dos EUA, J. D. Vance, chega ao país na terça-feira (21).

Reuniões buscam manter cessar-fogo

Enquanto diplomatas egípcios negociam com representantes do Hamas, Witkoff e Kushner se reuniram com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu em Jerusalém. Segundo a imprensa israelense, os dois aconselharam o premiê a “não tomar medidas que comprometam o cessar-fogo”.

“As tropas de Israel em Gaza podem se defender, mas nada além disso”, teria dito Witkoff a Netanyahu.

Em Washington, Trump afirmou que nunca disse que Israel “poderia voltar a entrar” em Gaza, já que as tropas israelenses ainda não deixaram o território. No entanto, voltou a prometer que o Hamas será “erradicado” se violar o acordo.

Em discurso ao Knesset (Parlamento israelense) nesta segunda-feira, Netanyahu justificou sua atuação na guerra:

“Se eu tivesse escutado as muitas vozes, nesta Casa e fora dela, que queriam o fim da guerra… [o conflito] teria terminado em vitória esmagadora para o Hamas e o eixo iraniano.”

O premiê também afirmou:

“Consolidamos nosso status como superpotência, mas a campanha não acabou… A paz é feita com os fortes, não com os fracos.”

Netanyahu enfrenta forte pressão interna para convocar eleições e abrir uma investigação sobre as falhas de segurança no ataque de 7 de outubro de 2023.

Moradores relatam confusão e medo em Gaza

Testemunhas contaram à Reuters que tanques israelenses dispararam no centro de Gaza nesta segunda. Moradores da capital do território afirmam não saber onde estão os limites definidos pela linha de recuo.

“Toda a área está em ruínas. Vimos os mapas [eletrônicos], mas não conseguimos saber onde essas linhas estão”, relatou Samir, 50 anos, morador de Tuffah.

Netanyahu afirmou que, apenas no domingo, o Exército de Israel lançou 153 toneladas de bombas sobre Gaza.

O novo ataque ocorre em meio a impasses sobre a devolução dos corpos dos reféns israelenses. Segundo Tel Aviv, 16 corpos ainda não foram entregues pelo Hamas, que já devolveu 20 reféns vivos e 13 mortos, incluindo um corpo entregue nesta segunda.

O Hamas alega dificuldades logísticas para recuperar os corpos soterrados.

No domingo (19), Israel identificou mais dois corpos entregues no sábado: Ronen Engel, sequestrado no kibbutz Nir Oz, e o tailandês Sonthaya Oakkharasri, morto no kibbutz Be’eri.

Autoridades de saúde palestinas afirmaram que Israel devolveu mais 15 corpos a Gaza no mesmo período.

Passagem de Rafah segue fechada apesar de promessa

No sábado (18), Netanyahu afirmou que a passagem de Rafah, na fronteira com o Egito, seguirá fechada por tempo indeterminado, condicionando a reabertura ao cumprimento do acordo pelo Hamas.

A declaração ocorreu após a embaixada palestina no Egito anunciar que a travessia reabriria nesta segunda-feira (20). Rafah permanece em grande parte fechada desde maio de 2024.

O acordo de cessar-fogo prevê o aumento da ajuda humanitária ao território de Gaza, onde a maioria dos 2 milhões de palestinos vive em situação de deslocamento forçado. A segunda fase do acordo — ainda em negociação — incluiria o desarmamento do Hamas, que resiste à proposta e segue promovendo demonstrações de força, incluindo execuções públicas de supostos colaboradores de Israel.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo

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