Proibidos no país desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o cigarro eletrônico tem uma nova chance de aprovação no mercado nacional devido a mudanças na gestão da agência reguladora.
Um retrocesso, se levarmos em conta os danos que causa à saúde dos indivíduos e infelizmente, a possibilidade de vitória para a indústria tabaqueira, que sempre omitiu os malefícios do cigarro e a dependência de nicotina.
Também conhecido como Vape e Smok. O cigarro retorna em uma roupagem mais moderna com objetivo de seduzir os jovens. Nada da velha propaganda de esportes radicais ou do cowboy destemido, a ideia não é defender a liberdade de escolha de tempos atrás.
O público de hoje já sabe os males que causa à saúde. A premissa é trazer modernidade onde a muito não havia. Antes difícil pelas leis rígidas, fumar havia se tornado brega ou cringe, como preferirem. Hoje passou a ser um rito de passagem para muitos jovens. Não é incomum encontrá-los em festas e baladas “pós-Covid” de norte à sul do país portando o artefato e baforando para o alto a fumaça espessa.
Por um tempo utilizado como uma terapêutica para diminuir o hábito de fumar. A experiência mostrou que pessoas que consumiram esse tipo de produto continuavam dependentes da nicotina. E isso é importante.
O lobby para a liberação é forte, e a questão principal parece ser financeira, isso porque a indústria está perdendo mercado a cada dia. Como o cigarro eletrônico é bem mais caro, existe interesses nos lucros da venda, distribuição, além de logicamente a possibilidade de ampliar e alcançar um novo mercado consumidor.
A ciência já provou que causa doenças e alcunhou o termo Evali, uma sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping. A denominação foi dada pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
Um estudo publicado pelo periódico Thorax revelou que o vapor desses cigarros eletrônicos pode ser responsável por desativar as principais células do sistema imunológico no pulmão e aumentar as inflamações no organismo, por isso é comum sintomas respiratórios, tosse, vômitos e até febre. E o futuro dirá sobre o aumento no número de casos de câncer de pulmão, uma realidade nos cigarros tradicionais.
A verdade é: estamos de frente para um novo vilão. E ele tem nome. Aguardemos os desdobramentos burocráticos e os processos que virão pela frente. A possibilidade da liberação do cigarro eletrônico pode trazer grandes prejuízos à saúde pública e colocar por terra todo o empenho feito para a conscientizar a população dos malefícios que o cigarro trás. Sem dúvida, um retrocesso e infelizmente uma vitória para a indústria tabaqueira.
*Artigo de opinião de Swammy Mitozo
*Médico oftalmologista. Tem formação em Oftalmogeriatria, com especialização em Gerontologia e Saúde do Idoso. Atua como diretor clínico na Policlínica Codajás, é coordenador e pesquisador no ambulatório de oftalmologia na FUnATI (Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade ) e cursa mestrado em Doenças Tropicais e Infecciosas pela Fundação de Medicina Tropical (UEA/FMT – HVD)
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