Nos últimos anos, o conceito de ESG, sigla para Environmental, Social and Governance, consolidou-se como um dos principais referenciais para a atuação responsável de empresas, governos e instituições financeiras. Mais do que uma tendência de mercado, o ESG representa uma mudança de paradigma na forma como o desenvolvimento econômico passa a ser pensado, incorporando critérios ambientais, sociais e de governança como elementos centrais da tomada de decisão.

No eixo ambiental, o ESG exige das organizações compromisso real com a preservação dos recursos naturais, a redução das emissões de gases de efeito estufa, o uso racional da água, a gestão adequada de resíduos e a mitigação de impactos ambientais. Em regiões ambientalmente sensíveis, como a Amazônia, essa dimensão assume especial relevância, pois atividades econômicas sem planejamento e controle agravam problemas históricos, como o desmatamento, a poluição dos corpos hídricos e a ocupação desordenada do solo.

A dimensão social, por sua vez, amplia o olhar para além do meio ambiente natural, colocando no centro do debate as pessoas e as comunidades afetadas pelas atividades produtivas. Direitos trabalhistas, promoção da diversidade, segurança do trabalho, respeito às populações tradicionais e contribuição para o desenvolvimento local são aspectos indispensáveis. A responsabilidade socioambiental pressupõe que não há sustentabilidade possível quando o crescimento econômico ocorre às custas da exclusão social, da precarização das relações de trabalho ou da violação de direitos fundamentais.

Já o pilar da governança talvez seja o mais desafiador, pois envolve práticas de gestão ética, transparência, conformidade legal e integridade institucional. Não basta adotar políticas ambientais ou sociais se a estrutura de governança é frágil ou permissiva com irregularidades. A boa governança funciona como alicerce do ESG, garantindo que compromissos assumidos não se restrinjam a discursos institucionais, mas se traduzam em ações concretas, mensuráveis e fiscalizáveis.

Nesse contexto, o ESG não pode ser reduzido a estratégia de marketing ou simples mecanismo de valorização de imagem corporativa. O chamado “greenwashing”, quando empresas se apresentam como sustentáveis sem efetivamente modificar suas práticas, compromete a credibilidade do próprio conceito e gera desconfiança na sociedade. A responsabilidade socioambiental exige coerência entre discurso e prática, com metas claras, indicadores confiáveis e prestação de contas permanente.

O papel do Direito e das políticas públicas é fundamental nesse processo. Normas ambientais, fiscais e trabalhistas, aliadas a mecanismos de fiscalização e incentivo, são instrumentos capazes de orientar comportamentos e corrigir distorções. Mais do que punir, o Estado deve induzir boas práticas, criando ambientes regulatórios que favoreçam iniciativas sustentáveis e penalizem condutas lesivas ao interesse coletivo.

Em síntese, o ESG representa uma oportunidade concreta de repensar o modelo de desenvolvimento, conciliando crescimento econômico, justiça social e proteção ambiental. Para que isso se concretize, contudo, é indispensável compromisso real, responsabilidade e visão de longo prazo. Sustentabilidade não é custo, mas investimento no futuro comum.

Roseane Torres

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