O advento na celebração cristã contém duas realidades que nos atraem e despertam: a vinda do Filho de Deus que manifestou ao mundo, na carne, visivelmente, a sua presença, esperada e desejada por todos os Patriarcas. Este tempo lembra também a vinda que terá lugar quando o próprio Senhor se manifestar na sua glória, ou seja, no dia do Juízo, quando ele se manifestar para julgar (cf. Santo Aelredo de Rievaulx, Sermão para o Advento do Senhor)
O tempo de esperar o nascer da criança de Belém. O tempo que nos é dado como caminho da admiração pelas manifestações de Deus em nossa humanidade. Entramos, novamente, em compasso de espera, pois a Palavra de Deus nos anuncia: “o Filho do Homem virá”! Ele está por vir, Ele é um Ad-vento.
“Ficai preparados” e “na hora em que menos pensais”, o Filho do Homem virá, porque é um por-vir; é sempre um vir ao encontro. O Senhor veio e se tornou a presença inefável na nossa humanidade e fragilidade. A crença de que o Jesus já chegou, já nos visitou, chegou e fez sua morada em nosso meio, nos dá a disposição de continuarmos nos expondo ao seu nascer. A liturgia do advento, com as leituras e símbolos, celebra o nascer, visibiliza Deus em nossa fragilidade.
Estar preparados, permanecer vigilantes, pois pode acontecer que Ele venha, nasça e nós não o vejamos. Como dizia Santo Agostinho: “tenho medo de que Jesus passe sem me dar conta” (Sermão, 88, 14, 13). A necessidade da preparação, da atenção para vermos as manifestações de Deus em Belém. Às vezes arrastados pelos nossos interesses meramente pessoais, às vezes distraídos por tantas coisas insignificantes, corremos o risco de perder o essencial.
“O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expetativa de o encontrar” (Papa Francisco).
Em Belém está a fonte da esperança, a razão de sermos filhos e filhas de Deus, a manifestação da singeleza, da pobreza de Deus. Vamos a Belém para contemplar as beleza de Deus em nossa humanidade.

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