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DESAPARECIDOS

Desaparecimento de indigenista e de jornalista do The Guardian no AM: o que se sabe?

O desaparecimento ocorreu no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas

Foto: Divulgação/Funai e Reprodução Twitter/@domphillips

Manaus (AM) – A força-tarefa das buscas e investigações envolvendo o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil, sumidos desde domingo (5), continuam com o reforço de equipes especializadas da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), do Ministério Público Federal (MPF) e do Governo Federal.

O desaparecimento ocorreu na região do Vale do Javari, no trajeto entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte (distante a 1137 quilômetros de Manaus), no Amazonas. O MPF foi informado pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), na manhã desta segunda-feira (6), do desaparecimento dos profissionais, no extremo oeste do estado.

Por meio de nota à imprensa, o órgão informou que instaurou um procedimento administrativo para apuração e acionou a Polícia Federal, a Polícia Civil, a Força Nacional, a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari e a Marinha do Brasil. A Marinha já confirmou ao MPF que conduzirá as atividades de busca na região, por meio do Comando de Operações Navais.

O governo federal também anunciou que vai montar uma operação no município de Tabatinga, no Amazonas, para se concentrar nas buscas. A equipe será integrada por agentes da Polícia Federal, oficiais da Marinha e do Exército, por bombeiros, servidores da Funai, Defesa Civil e Força Nacional de Segurança.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) também se une aos esforços para que sejam localizados o jornalista britânico e o indigenista. A Abraji enviou ofícios às autoridades se juntando aos pedidos de prioridade na elucidação do caso e no resgate dos desaparecidos.

A embaixada britânica em Brasília informou que acompanha as buscas e que está em contato com as autoridades brasileiras. Além disso, oferece apoio consular aos familiares do jornalista inglês.

A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) comunicou que o indigenista e o jornalista se deslocaram com o objetivo de visitar a equipe de Vigilância Indígena que se encontra próxima a localidade chamada Lago do Jaburu (perto da Base de Vigilância da FUNAI, no rio Ituí), para que o jornalista visitasse o local e fizesse algumas entrevistas com os indígenas.

Os dois chegaram ao Lago do Jaburu às 19h25 do dia 3 de junho. No domingo, retornaram para Atalaia do Norte, mas antes pararam na comunidade São Rafael para uma reunião com o comunitário apelidado de “Churrasco”, para a consolidação de trabalhos em conjunto entre os ribeirinhos e a comunidade indígena. Quando chegaram na comunidade viram que “Churrasco” não estava e conversaram apenas com a esposa do comunitário.

Depois partiram rumo a Atalaia do Norte, em uma viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao município. Conforme a organização, Pereira, que faz parte do quadro da Funai, é uma pessoa “experiente e profundo conhecedor da região” e a dupla viajava em uma embarcação nova, com combustível suficiente para a viagem.

Família

A família do jornalista desaparecido Dom Phillips publicou um apelo em uma rede social para que o governo federal priorize as buscas aos desaparecidos.

“Imploramos às autoridades brasileiras que enviem a Força Nacional, a Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar nosso querido Dom. Ele ama o Brasil e dedicou sua carreira à cobertura da floresta amazônica. Entendemos que o tempo é essencial, então, por favor, encontre nosso Dom o mais rápido possível”, escreveu Paul Sherwood, cunhado do britânico.

Ameaças

Colaboradores da entidade destacaram que a equipe sofria ameaças constantes. Conforme a publicação, a ameaça não foi a primeira, “outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da UNIVAJA, além de outros relatos já oficializados para a Policia Federal, ao Ministério Público Federal em Tabatinga, ao Conselho nacional de Direitos Humanos e ao Indigenous Peoples Rights International”.

Repercussão internacional

O porta-voz do jornal The Guardian disse que está acompanhando a situação e segue em contato com as embaixadas brasileira e britânica. De acordo com o Guardian, Phillips trabalha atualmente em um livro sobre o meio ambiente com o apoio da Fundação Alicia Patterson.

“O Guardian está muito preocupado e busca urgentemente informações sobre o paradeiro e a condição de Phillips. Estamos em contato com a embaixada britânica no Brasil e com as autoridades locais e nacionais para tentar apurar os fatos o mais rápido possível”,

declarou o porta-voz.

Por meio de nota, a Human Rights Watch divulgou nota em que diz que está muito preocupada com o desaparecimento e ressaltou que é de extrema importância que as autoridades locais dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para as buscas.

“É extremamente importante que as autoridades brasileiras dediquem todos os recursos disponíveis e necessários para a realização imediata das buscas, a fim de garantir, o quanto antes, a segurança dos dois”, diz a nota assinada pela diretora do escritório da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Canineu.

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