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Lamento

“Foi, covardemente, assassinado”, diz família de agente penitenciário do IPAT

Familiares de Francisco Aldimar Souza de Alencar, agente penitenciário que morreu nesta terça-feira (15), pedem respostas sobre a causa da morte e suspeitam de envenenamento

Familiares se despediram do agente penitenciário nesta terça-feira (15). Foto: Marcos Holanda

Manaus (AM) – Revolta e comoção marcaram a despedida ao agente penitenciário Francisco Aldimar Souza de Alencar, de 39 anos, na tarde desta terça-feira (15). O velório ocorreu em uma funerária localizada na av. Getúlio Vargas, no Centro de Manaus. De acordo com a família do agente, Francisco foi vítima de um envenenamento após ingerir uma refeição nas dependências do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), na madrugada de segunda-feira (14). Os familiares também disseram que, em 2019, um caso semelhante vitimou outro agente.

A irmã de Francisco, Vanessa Alencar, 34 anos, disse que o familiar já chegou em casa se sentido muito ruim e que a última refeição do irmão, foi dentro do presídio.

Agente era correto em sua função, apontaram familiares da vítima. Foto: Carlos Araújo

“Ele comeu alimento no presídio e, quando retornou em casa, começou a passar mal. Foi para o Delphina [Hospital] e, de lá, encaminhado para a UPA [Unidade de Pronto Atendimento] do Campos Sales. O médico, no atendimento, perguntou se ele havia feito o uso de entorpecentes, coisa que meu irmão não fazia, ele era evangélico. Quando chegou em casa, já não conseguia falar se tinha comido uma sopa ou tomado um suco. No primeiro momento, trataram como infarto. Depois, como uso de entorpecentes e, em terceiro, como parada cardíaca. O médico até nos disse: ‘investiguem a morte dele, porque era jovem e saudável'”, afirma Vanessa.

Ainda de acordo com Vanessa, o agente penitenciário era um homem muito reservado e de criação rígida, uma característica da família. “Meu irmão ia trabalhar para executar a função dele e não desviar da sua honestidade e integridade… A pessoa que fez isso não imaginou que ele ia ter tempo de chegar em casa. Achamos que isso já estava premeditado”, comenta.

O “incômodo”

Outra irmã de Francisco Aldimar, Francisca Alencar, de 37 anos, acredita que mais detalhes que envolvem a morte do agente virão à tona e que os familiares não vão desistir das investigações.

Irmãs da vítima pedem respostas sobre a causa da morte de Francisco. Foto: Carlos Araújo

“Já fomos ao IML [Instituto Médico Legal] para que tudo apareça. A vida do nosso irmão não retornará. Porém, o culpado tem que aparecer. Acreditamos que não seja só uma pessoa envolvida. Houve o extravio da carteira dele e vamos descobrir se isso foi a mando de algum criminoso, de algum colega. Em 2019, um outro caso ocorreu com outro agente. Ele fez a última refeição no presídio, chegou na casa dele, dormiu e não acordou nunca mais. Por isso, o caso do meu irmão tem que ser investigado, para servir de exemplo. Ele não se corrompia. Fazemos um apelo às autoridades. Foi, covardemente, assassinado. Assassinado! Teve até uma última apreensão de drogas que ele participou, apreendeu e recolheu e isso não foi bom para ele. Isso foi uma afronta. Queriam que ele fizesse revista e fosse feita vista grossa e ele não fazia. Se tivesse algo irregular, ele tirava”, desabafa.

Laudos

De acordo com o relatório do Instituto Médico Legal (IML), Francisco foi encaminhado para a UPA Campos Sales, no Tarumã, Zona Oeste de Manaus, mas não resistiu e morreu às 03h36 desta segunda-feira (14). No documento, consta que o trabalhador foi vítima de “asfixia de origem a esclarecer”.

A reportagem do EM TEMPO procurou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) para saber um posicionamento da pasta sobre a suspeita de envenenamento. Por meio de nota, a secretaria informou que “o agente de ressocialização Francisco Aldimar Souza de Alencar, prestador de serviço da empresa terceirizada RH MULTI, não morreu nas dependências da Unidade Prisional Antônio Trindade (Ipat), onde trabalhava. A Seap ressalta que o agente saiu da unidade prisional ao fim do seu expediente de trabalho e que o mesmo sequer jantou dentro da unidade. Mesmo assim, a RH Multi solicitou análise pericial em todas as refeições disponibilizadas aos agentes. Dessa forma, foi instaurando sindicância para apurar os fatos e a terceirizada declara estar prestando toda a assistência aos familiares do agente”, diz trecho de nota da Seap.

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