Nesta edição de “Com a Palavra”, o Em Tempo conversou com o pré-candidato ao senado Chico Preto (Avante). Durante a conversa, Chico Preto falou a respeito da representação atual da direita no cenário político amazonense. Também abordou sobre as ações que pretende realizar caso seja eleito como senador.
Bom, de início, eu gostaria que o senhor comentasse um pouco sobre o Senado. O que o levou, e o que o incentivou a disputar uma vaga no senado?
Depois de ter, abaixo de Deus, o povo de Manaus ter me dado quatro mandatos como vereador na cidade de Manaus, e o povo do Amazonas ter me dado dois mandatos como deputado, veja, são seis mandatos, eu me sinto preparado politicamente, emocionalmente, espiritualmente, e até intelectualmente para disputar essa cadeira que é só uma, este ano, para o Senado da República.
Então, a disputa do Senado nasce daí. Me senti preparado de ter uma história e de olhar para o Senado e afirmar que nós estamos mal representados. Por isso que a decisão é essa: é estar no Senado e resgatar o Amazonas desse sentimento de vergonha, esse sentimento de inoperância, que muitos, assim como eu, olham para lá e veem.
Quando o Bolsonaro esteve aqui na capital, você esteve ao lado dele na inauguração do conjunto habitacional. Recentemente, o senhor tem declarado muito o apoio aos movimentos de direita. Como o senhor analisa o cenário das eleições à nível nacional? Você acredita que a direita pode obter o mesmo sucesso das últimas eleições?
Eu estive nesse evento a convite do prefeito David, não foi o Bolsonaro que me convidou. Foi o David que me convidou, e lá eu estive prestigiando de forma justa a intervenção do Governo Federal, e a parceria com a prefeitura. Então, eu estive lá.
Quanto à direita no Amazonas, eu penso que é preciso crescer muito ainda. Eu penso que é preciso se preparar muito. Acho que ela está se consolidando, mas é preciso se preparar melhor, é preciso estudar melhor, porque não basta, dizer assim: “ah, eu sou de direita”, mas as pessoas não saberem quem são os principais teóricos da direita, quais são as principais bases do pensamento da direita.
Não basta só dizer, “eu sou de direita”, preciso saber porquê de direita. Não basta só dizer “eu sou de direita porque eu sou Bolsonaro”. Ser de direita é uma coisa, e ser eleitor, ser partidário do presidente Bolsonaro é uma outra coisa. Então, vou dizer uma coisa para concluir: a gente não tem nenhum partido de direita no Brasil ainda. Se tentou fazer O Aliança pelo Brasil lá em 2020, quando nascia essa possibilidade de um partido de direita, mas a aliança pelo Brasil não foi para frente. Então, Fernanda, tem muito chão aí pela frente para que o pensamento conservador, liberal, e o pensamento de direita cresça e se fortaleça no Brasil e é bom isso para democracia.
E ainda falando das eleições para presidente, caso a esquerda seja vitoriosa, como seria o seu comportamento caso seja eleito para o Senado?
Olha, a esquerda já esteve no poder no Brasil e eu sobrevivi. Então, vou sobreviver de novo, defendendo os meus devendo os meus valores. Eu digo que eu sou um cidadão que estou à direita do pensamento político pelos valores que eu trago. Tem muito a ver com a formação cristã, tem muito a ver com a formação cívica, e esses valores me colocam à direita do pensamento político ideológico. Então, seguirei defendendo as minhas bandeiras, defendendo um estado eficiente, um estado de oportunidades, um estado onde as pessoas possam trabalhar mais, ao invés de depender de cartões, e de bolsas. Então, eu acredito nisso, em uma sociedade desburocratizada, do ponto de vista da iniciativa, onde as pessoas ganhem seu sustento, ganhem seu dinheiro, prestem seus serviços, onde as liberdades individuais sejam respeitadas.
Para deixar bem claro, para não confundir. Quando falam: “ah, o Chico está sendo contraditório, porque ele defende a liberdade individual, mas é contra o aborto”. Veja, até aquele feto, que está na barriga de uma mãe, tem uma liberdade. Ele tem um direito ali. Não é porque ele não nasceu que ele não tem um direito. Ele já ali vivo na barriga da mãe, no ventre da mãe, aquele ser que ainda não veio ao mundo já tem direitos. Então, a gente precisa discutir isso, e é isso que eu vou fazer. Se a esquerda ganhar, eu vou estar me posicionando pelo Brasil que eu acredito, um Brasil de produção, de oportunidade, um Brasil de respeito aos valores, um Brasil que respeita a família, um Brasil que precisa resgatar, e precisa proteger as famílias brasileiras, porque quem cuida das crianças que nascem não é o estado quem cuida são as famílias.
Em relação a sua experiência política como deputado estadual e vereador: quais pontos que você acredita que impedem uma melhor eficácia do poder público para a melhoria da vida da população?
A gente percebe muito uma coisa no eleitor chamada decepção com os políticos. O eleitor “ah eu estou decepcionado”. Eu acho Fernanda que tem a ver com a pouca compreensão, a baixa compreensão do papel de cada político, e olha que tem político que também não sabe qual é o seu papel. Bora explicar isso? Ah, vou usar aqui uma analogia. Tem muita gente, quando entra no hospital, e vê no corredor todo mundo de branco. Tem muita gente que olha assim e vê todo mundo de branco, sabe? “Esse cara trabalha aqui no hospital”. Mas, acha que todo mundo é médico, porque está usando branco. Mas, nem todo mundo que usa branco no corredor do hospital é médico. Uns são médicos, outros são enfermeiros, outros são técnicos, outros são o pessoal da limpeza, outros são nutricionistas. Então, veja, não é porque está usando branco que todo mundo faz a mesma coisa.
Então, muita gente acha que: “ah, fulano é político, então faz a mesma coisa”. Não. O vereador tem um papel, o deputado estadual tem um papel, o deputado federal, o senador, o governador, e o prefeito. A gente precisa compreender, assim como o enfermeiro tem um papel, enfermeiro não receita. Quem receita é médico. Médico não aplica injeção, quem aplica injeção é o enfermeiro. Então, quando a gente compreender isso, a gente vai ter uma clareza maior e a gente vai conseguir cobrar melhor o papel de cada um.
Falando um pouco sobre a situação do preço da gasolina, como o senhor analisa esse cenário? Do seu ponto de vista, a redução do ICMS pode reverter essa situação?
A gasolina subiu no mundo inteiro, ponto. A subida do preço do combustível não é uma exclusividade do Brasil. Isso subiu em função de alguns fenômenos mundiais. Você tem uma briga, uma guerra da Ucrânia, você teve a desaceleração da economia mundial em função da pandemia. Então, tudo isso contribuiu para que a gente tivesse uma baixa produção hoje. Só que a procura por combustível, quando a procura é maior do que a oferta, os preços sobem. Então, a gente está vendo isso. O mundo está voltando ao seu ponto de equilíbrio. As economias começam a aquecer, e a reaquecer novamente, e as coisas começam a entrar em seus eixos. O que está acontecendo no Brasil, hoje em particular, a gente está vendo aí uma diminuição do preço dos combustíveis. Essa diminuição é fruto da reclamação do povo. O povo estava aí reclamando, o caminhoneiro, os motoristas de aplicativo, os taxistas, e o cidadão comum dizendo: “bicho, onde é que isso vai parar, o que que estão fazendo? ”. Essa pressão, e aí entra aquele ditado: “política e feijão só funciona na pressão”. Pessoal começou a reclamar em rede social e de repente isso começou a chegar nos centros de decisão, nos centros de poder, no governo federal, e nos governos estaduais. Aí o supremo vem e limita em 18% o preço, ou melhor, a tributação do ICMS que é o imposto cobrado por todos os estados em cima do combustível, em cima da energia, em cima da internet e aí limitou, só pode ser 18%.
Aqui no Amazonas era 25% e caiu já para 18%. Então, quando caiu já para 18%, a gente começa a sentir uma diminuição no preço da bomba. O preço do barril do petróleo, como eu te falei, lá fora baixou. Aí começa também sentir isso aqui na bomba. Então, a população reclamando e inconformada com isso, ela começou a pressionar os seus políticos para decisões, e essas decisões aconteceram. Isso começa a refletir no preço. É claro, a gente não pode parar por aí. No caso do Amazonas, Fernanda, eu tenho a convicção de que a gente precisa, quando eu digo a gente, eu falo o nosso o governo do Amazonas, precisa tomar algumas decisões no sentido de estimular que a iniciativa privada possa abrir o maior número de postos de gás natural veicular, o tal do GNV. Porque o Amazonas é o estado com a maior reserva de gás natural do Brasil, isso barateia muito a vida do cara que trabalha com Uber, isso barateira muito a vida do taxista, barateia nossa vida. Eu só não transformei meu carro ainda pra GNV porque é difícil você abastecer, tem poucas oportunidades.
O auxiliar de cozinha Ronaldo Santos pergunta: Chico, como você avalia a situação da Zona Franca hoje?
Boa pergunta. Tem tudo a ver com o nosso momento. Olha, A Zona Franca é o nosso melhor modelo, talvez o único, de desenvolvimento instalado no estado. É uma coisa que a gente tem que proteger, é um modelo que a gente tem que brigar por ele, mas a gente precisa começar a criar, outras alternativas ao modelo Zona Franca.
Quando eu digo outras alternativas não é acabar com a Zona Sul. A gente pode colocar na Zona Franca novos seguimentos, novas indústrias. Vou te dar um exemplo, Fernanda: o homem mais rico do mundo conhecido pelo nome de Elon Musk, Dono da Tesla, que é uma fábrica de carros elétricos, dono de uma agência, de uma empresa que está aí participando dessa corrida espacial chamada SpaceX. Dono de uma empresa de internet mundialmente conhecida como StarLink. Esse cara veio ao Brasil, aí ele disse assim: “pô eu quero botar internet na região amazônica”. Não tinha um senador do Amazonas para dizer o seguinte: você quer mesmo botar internet? Então vem cá que eu vou lhe abrir as portas, vem para cá, vou lhe apresentar o governador, vou lhe apresentar as autoridades. Bora, que a gente precisa de internet”. Precisa ou não precisa de internet na região amazônica? E muito! Então, a Zona Franca tem uma série de potenciais para novos seguimentos, como a questão elétrica. Tem uma questão aqui, Fernanda, ao lado de Manaus, chamado potássio, no município de Autazes que está travado. A gente tem que destravar aquele potássio, porque a partir daquele potássio a gente produz uma coisa que o Brasil compra da Rússia. Então, são novas possibilidade para o Amazonas ao lado da Zona Franca que um senador precisa acreditar, precisa trabalhar, precisa construir. Mas, a gente não precisa destruir a Zona Franca. É paralelo, simultaneamente de mãos dadas com a Zona Franca, a gente poder criar essas novas alternativas para o estado do Amazonas.
Cidadão Gabriel Alves pergunta: Chico, o que que um parlamentar precisa para representar o Amazonas lá no Senado?
Para ser senador pelo Amazonas é preciso ter uma história própria, e uma história limpa. Não dá pra ser senador sem história ou pela história dos outros. Senado é lugar de gente grande. Então, é no Senado que você vai representar o seu estado. Eu sou pré-candidato ao senado, fazendo uma comparação para ficar fácil o entendimento, hoje eu sou pré-candidato ao senado porque eu já fui vereador quatro vezes, já fui deputado estadual duas vezes, já fui presidente da câmara, e secretário de estado. O senador precisa ter a noção dos problemas da capital, dos problemas dos demais municípios do interior, e das dificuldades que o estado dele passa. Ele não pode chegar lá no Senado e ficar contando a história dos outros, ele tem que entender a história do seu povo e representar essa história lá no Senado da República.
Quais ações e projetos que o senhor gostaria de destacar da situação política dos últimos anos?
Vamos lá: Lei das Filas, o povo de Manaus, há dezessete anos atrás, penava numa fila de banco. Ficava ali uma hora, uma hora e meia, e não tinha um instrumento para se defender dessa sacanagem que os bancos faziam. Eu era vereador, fui para tribuna, apresentei um projeto, e o pessoal dizia: “ah, mas não pode, o banco não vai deixar”. Aprovamos, a lei está aí, conhecida como Lei das Filas. É fruto de articulação, fruto de convencimento, fruto de argumentos. A gente conseguiu aprovar uma lei que ajudou muito a gente a enfrentar esse absurdo que os bancos faziam, e alguns, vez ou outra, ainda estão fazendo.
Nós aprovamos, na Câmara Municipal de Manaus, o voto aberto. A gente implementou o voto aberto na câmara. Em Respeito ao cidadão, em respeito ao eleitor, transparência. Quando eu cheguei para a assembleia, a gente aprovou uma lei que está aí cumprindo papel fundamental do ponto de vista social e econômico no estado do Amazonas. Eu me refiro à lei chamada Lei da Regionalização da Merenda Escolar. Antigamente, o Governo do Estado comprava só dos grandes atacadistas a merenda, que é servida para os alunos. Comprava suco em lata, que vinha de São Paulo, comprava filé de Tilápia, que vinha do Mato Grosso, comprava fruta enlatada, e aqui o nosso abacaxi do Novo Remanso não era não era comprado, o nosso leite de Autazes, queijo, manteiga e iogurte não eram comprados. Ou seja, a gente dava preferência a produtos produzidos lá fora, e não a produtos que eram produzidos aqui pelos nossos produtores. Foi a minha voz, foi o nosso mandato com a ajuda de outras pessoas, que a gente aprovou uma lei que está aí até hoje.
Hoje, em 2022, são R$ 40 milhões que o Governo do Estado compra dos pequenos produtores e não manda mais esse dinheiro lá para fora. Então, lá no Senado tudo isso vai valer para gente poder defender o Amazonas, os interesses do Amazonas, os propósitos do nosso povo, um lugar chamado Senado da República.
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