Manaus (AM) – Palco de concertos sinfônicos e óperas, o centenário Teatro Amazonas abrirá as portas para a improvisação do rap durante a 10ª edição do Festival Amazonas Jazz. O evento, que começa sexta-feira, dia 22 de julho, e segue até o dia 30 de julho, reunirá em Manaus duas referências da cena nacional: o paulista Kamau e o brasiliense Raffa Santoro.
As atrações participam do show do grupo Marcelo Coelho & Mclav.In, no dia 24/07, às 19h, apresentando um experimento que une rap e jazz.
O rap e o jazz têm relações que vão além da música. Culturalmente, os dois gêneros desempenham papéis transformadores que refletiram em suas sociedades contemporâneas, transgredindo padrões por meio da arte e da expressão politizada na música.
Os primeiros flertes entre os estilos aconteceram nos anos 80, com a busca do rap por elementos jazzísticos. Na década seguinte, a lenda do jazz Miles Davis gravou seu último disco, o Doo-Bop, em parceria com o produtor musical de R&B e hip hop, Easy Mo Bee, coroando essa relação.
O público do Amazonas Green Jazz Festival poderá conferir as experimentações que são produzidas hoje, no Brasil, com a apresentação de Marcelo Coelho & Mclav.In, um dos projetos de pesquisa musical no qual o saxofonista e compositor de São Paulo explora a interdisciplinaridade entre música, literatura e imagem. Referência no cenário da música instrumental de vanguarda, Coelho terá dois convidados especiais para dividir o concerto que promete ser um marco na história do festival.
Um dos nomes é o veterano do rap, compositor, beatmaker e skatista paulistano, Kamau. Nascido Marcus Vinicius Andrade e Silva, o artista iniciou sua carreira em 1997 e é visto como responsável por pavimentar o caminho para muitos dos artistas em destaque na cena do rap atual. Desde então, já lançou os álbuns “Non Ducor Duco”, “Sinopse” e “Entre”, além do aclamado EP “Licença Poética”. Também já dividiu palcos e gravações com várias gerações do rap brasileiro e mundial.
Com ele, desembarca em Manaus o DJ Raffa Santoro, filho do compositor amazonense Claudio Santoro e figura-chave para a inserção de Brasília na cena hip hop. Atuando desde a década de 80 e respeitado nacionalmente, Raffa juntou as influências da música clássica e da bossa nova — que ouvia em casa com os pais — ao som que reverberava nas ruas periféricas do Distrito Federal. Com o lendário grupo “DJ Raffa e os Magrellos” gravou o terceiro LP de rap do país, “A Ousadia do Rap de Brasília”, rompendo a barreira do eixo Rio-São Paulo e levando visibilidade para o hip hop feito na capital federal.
“O Kamau é o artista que trouxe uma nova tendência, uma abordagem diferente no rap, influenciando toda a geração que hoje está no mercado, formada por nomes como Emicida e Rashid. Ao gravar o seu primeiro disco, ele percebeu nessa geração um talento muito grande e trouxe esses novos rappers, que até então nunca haviam feito um trabalho de gravação profissional, para participar do disco”, comenta Marcelo Coelho.
“Já o DJ Raffa Santoro é uma lenda do rap nacional. Produtor de mais de 100 discos, a maioria de hip hop e rap, ele traz uma bagagem muito grande, foi responsável por produzir muita gente, por juntar o rap de São Paulo com o rap de Brasília e misturar uma série de gêneros. Além disso, é filho do amazonense Cláudio Santoro, um dos maiores compositores brasileiros de música erudita da história”.
Coelho ainda destaca que, apesar da relação entre o jazz e o rap ser antiga, a proposta do show é novidade no país. “A combinação entre os gêneros não é nova. Ambos vieram do gueto, têm uma abertura muito grande para improvisação em tempo real e há uma admiração mútua entre rappers e jazzistas. Porém, é relativamente novo aqui no Brasil o que estamos propondo. Essa junção, quando eu trouxe o Kamau, foi muito natural”, afirma. “Mantivemos as características do grupo Marcelo Coelho & Mclav.In, que faz um tipo de jazz progressivo, com as características da música e do rap que ele faz. E o Raffa Santoro vem fazer a complementação de DJ em cima do som instrumental e da improvisação”.
Com o seu grupo, formado por Saulo Martins (piano), Glécio Nascimento (contrabaixo) e Abner Paul (bateria), hoje referências da música instrumental de São Paulo, o músico pretende surpreender os fãs dos dois gêneros, que protagonizarão um encontro inédito no Teatro Amazonas.
“O público vai ouvir a música do Mclav.In, que é algo progressivo, com muitos efeitos, e, na sequência, vem a participação dos convidados especiais. O repertório é praticamente todo autoral e uma coisa ou outra são arranjos, para fazer a adequação do rap com a música instrumental. O objetivo é levar as pessoas a uma experiência sonora, uma experiência estética através da música”, antecipa Coelho.
Informações sobre os ingressos e a programação completa do evento estão no site amazonasgreenjazzfestival.com.br. O Amazonas Green Jazz Festival tem patrocínio master do Instituto Cultura Vale, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, apoio da da Embaixada dos Estados Unidos, e o hotel oficial é o Juma Ópera.
*Com informações da assessoria
Leia mais:
Márcia Siqueira é atração musical da exposição “Espaço Jazz”
Projeto Jazz no Flutuante acontece com show da Orquestra de Beiradão do AM
Noite de Jazz tem cantor Humberto Amorim em Manaus
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱