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COSMÉTICOS VEGANOS

Mercado de cosméticos veganos ganha destaque no Amazonas

Ao contrário do que muitos pensam, o veganismo vai além do estilo de alimentação sem produtos de origem animal

Foto: divulgação

Mais do que um movimento sociopolítico: um estilo de vida. O veganismo defende o desenvolvimento de uma relação saudável com o planeta e com todas as espécies que nele habitam. Porém, ao contrário do que muitos pensam, o movimento vai além do estilo de alimentação sem produtos de origem animal.

O mercado vegano tem crescido com frequência e conquistado mais adeptos nos últimos tempos. Em 10 anos, o número de empresas abertas que utilizam o termo “vegano” no nome cresceu mais de 500%. Em 2022, com dados até abril, foram abertas 117 empresas utilizando “vegano”, “vegana” ou “veganos”. Os dados são do Ministério da Economia levantados a pedido da CNN Brasil.

Por amor aos animais, em prol da própria saúde e pela preocupação com as consequências das atividades agropecuárias – responsáveis por 12% das emissões de gases de efeito estufa no mundo, os vegetarianos também mostram preferência por consumir marcas que defendem esse estilo de vida.

Para acompanhar esse movimento, o mercado de estética e beleza tem,cada vez mais, se adequado ao comportamento dos consumidores e buscado atender a crescente preferência por marcas que adotem em seu portfólio uma postura cruelty free (livre de crueldade com animais), veganos e de preocupação com o meio ambiente.

Os cosméticos de origem vegana consistem em produtos feitos com ingredientes diferentes, substituindo qualquer que seja de origem animal. São considerados cosméticos veganos ainda os produtos que são livres 100% da crueldade animal durante o processo, ou seja, o que não façam teste em animais.

Para a economista Denise Kassama, esse aumento acontece por conta do crescimento da consciência ambiental e em relação ao respeito aos animais, que cresceu significamente neste século. Denise ressalta ainda que com essa constante procura por produtos, as empresas resolveram seguir esse mote.

“O consumidor consciente prefere comprar um produto que venha de uma cooperativa sustentável ao tradicional oferecido no comércio, por entender que ao consumir um produto ambientalmente correto, também estará contribuindo com o meio ambiente (o que não deixa de ser verdade). Os produtos veganos também entram nesse nicho e ao comprar produtos veganos, o consumidor está contribuindo para causas como redução do abate animal, redução dos testes em animais, etc.”

, disse.

Produtora rural e de biocosméticos, Andréia Lira de Sena, de 46 anos, viu a necessidade e a carência na produção de cosméticos a partir da matéria-prima produzida no Amazonas. Diante disso, começou a se aprofundar no assunto e resolveu dar início a ‘Faces da Amazônia’, que trabalha há 3 anos com a venda e produção de cosméticos de origem vegana visando a sustentabilidade.

Nascida em Manaus (AM), Andreia se mudou para o município de Careiro Castanho (distante 123,6 quilômetros da capital amazonense) e ressalta que há 10 anos jamais imaginaria trabalhando com cosméticos voltados para o público vegano. A produtora rural destaca ainda que, de início, enfrentou inúmeras dificuldades com a falta de experiência, mas que, com o tempo, as técnicas foram aperfeiçoadas.

Foto: divulgação

“Os cosméticos veganos oferecem muitos benefícios, além de serem de alta qualidade. A pessoa que os utiliza tem um bom resultado por não terem alguns itens usados nos cosméticos mais comuns e que são prejudiciais, como o parabenos, que é uma química muito forte para a pele e para os cabelos. Trabalhamos com produtos veganos para que a mata fique em pé”, destacou.

Durante a pandemia, enfrentou muitos desafios pela falta de matérias-primas no mercado e para driblar as dificuldades começou a desenvolver outros insumos que enxerga como um “ponto de partida” para os cosméticos. A principal luta de Andréia é pela reutilização de materiais que seriam descartados.

“Nós começamos a desenvolver outras matérias-primas que hoje nos ajudam e são o nosso ponto de partida para trabalhar com os cosméticos. Sou adepta a isso de trabalhar com os itens que seriam jogados ao lixo e podem ser aproveitados”

, comentou.
Foto: divulgação

A produtora rural destacou ainda a necessidade de exploração de algumas matérias-primas que são descartadas com frequência pela população, para a produção dos cosméticos utilizando o caroço de cupuaçu, de tucumã e até mesmo a polpa de andiroba, o que considera itens de grande valor e utilidade.

“Existe ainda muita matéria-prima que não é utilizada e todos descartam logo, muitas dessas são de grande valor e utilidade para a área de biocosméticos. Mas, infelizmente, ainda falta muito conhecimento e orientação a todos que vivem rodeados por essas matérias-primas”

, pontuou.

Dentre os produtos naturais oferecidos pela Faces da Amazônia, estão diferentes tipos de argila, manteiga corporal, sabonetes (normais, esfoliantes, íntimos e em bucha vegetal), extratos glicólicos (de mulateiro, copaíba, alecrim, crajiru, aroeira, pepino, amor crescido, capim santo e etc.), pasta para os dentes (com argila branca, extrato de própolis, gengibre, carvão ativado e óleo de coco), shampoo e condicionador (amor crescido, babosa e capim santo).

Além dos benefícios envolvendo a contribuição com a luta pela consciência ambiental e de um estilo de vida saudável, os cosméticos veganos também promovem uma maior eficácia quando se trata dos resultados oferecidos. O interesse por produtos veganos dos mais diversos segmentos está em crescimento, como indica o mercado global de cosméticos veganos, que deve chegar a US$ 21,4 bilhões até 2027, segundo dados da ReportLinker, empresa de tecnologia com sede na França.

“O mercado vegano aumenta mais a cada dia. Muitas das vezes as pessoas ficam desacreditadas com o resultado oferecido pelos produtos mais comuns. Esse é um mercado muito grande de cosméticos e esses produtos veganos são bem diferentes, apresentam logo um resultado muito bom”, ressaltou.

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