Uma ligação para o 190 na noite da última terça-feira (2) chamou a atenção dos policiais em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte. Do outro lado da linha, a voz era a de um menino de 11 anos que dizia estar “passando fome” com a mãe e os irmãos.
Acreditando ser um caso de maus-tratos, uma guarnição do 35º Batalhão da Polícia Militar foi até a casa da família. Ao chegar lá, porém, os oficiais constataram que as crianças estavam bem, mas que não havia alimentos.
“Eles estavam há três dias se alimentando somente com água e fubá”,
disse ao GLOBO o tenente Nilmar Moreira, responsável pelo envio da guarnição ao local.
“Os militares foram até um mercado e iam comprar alimentos com o dinheiro do próprio bolso, mas o gerente do estabelecimento ficou comovido e doou uma cesta básica”.
Identificada como Célia Arquimino, de 46 anos, a mãe da criança disse aos policiais que não sabia que o filho havia ligado e pedido ajuda. Segundo relatório da PM, ela disse estar desempregada e ser “beneficiária do Bolsa Família”.
O sustento dos filhos tem sido realizado por meio de trabalhos informais esporádicos e a ajuda de pessoas próximas, mas, de acordo com ela, o dinheiro não é suficiente para manter o próprio lar.
“Eu vivo com o auxílio emergencial e o pai (das crianças) manda R$ 250, mas não é todo mês (que recebo)”, contou Célia à TV Globo.
“Tudo tinha acabado há mais de 20 dias, mas ainda tinha um pouquinho de arroz e algumas coisas. Só que, há três dias, só tinha fubá e farinha”.
‘Vendo o desespero da mãe, só restou pedir ajuda’
Ao todo, Célia vive com cinco filhos e, segundo a ocorrência da Polícia Militar, não havia nenhum sinal de descaso ou maus-tratos contra as crianças.
No relatório, a casa da família foi descrita como “limpa e organizada”, apesar de aparentar ser humilde. Definida pela corporação como uma “situação inusitada”, o tenente Moreira destacou que, em 24 anos de profissão, nunca havia recebido um chamado deste tipo.
“Essa foi a primeira vez que recebemos uma ocorrência assim. Em 24 anos, nunca recebi um chamado desse, e não me recordo, nos seis anos em que trabalho neste batalhão, de ter visto um caso parecido. Acredito que a crise econômica tenha afetado as pessoas menos favorecidas e, vendo o desespero da mãe, aos prantos, só restou a ele pedir ajuda”, afirmou.
Após receber a doação da cesta básica, a reação da família foi de comoção. Ainda segundo o tenente, todos ficaram “emocionados por poder se alimentar”.
Agora, o batalhão tem buscado mobilizar pessoas que tenham interesse em ajudar e se colocou à disposição para receber outras doações. Mas, embora estejam recebendo ligações de moradores, nenhuma ajuda foi entregue no local.
*Com informações do IG
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