Monkeypox “Monkeypox não é doença de gays”, diz pesquisador da UEA sobre possível estigma OMS chegou a orientar que homens que fazem sexo com outros homens diminuam contato sexual. Assunto foi ironizado pelo presidente Jair Bolsonaro em entrevista para um podcast Maiara Ribeiro - 10/08/2022 às 15:4910/08/2022 às 15:50 Manaus (AM) – O Amazonas já conta com cinco casos confirmados da varíola dos macacos (Monkeypox), além de nove casos suspeitos, e conforme o titular da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), Anoar Samad, já havia mencionado em entrevista coletiva, a tendência é de aumento dos casos confirmados. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença está se disseminando pelo contato físico entre pessoas, principalmente pela relação sexual entre homens homossexuais (98%). Por isso, o órgão de saúde recomendou que haja redução de relacionamento entre homens. Nesta segunda-feira (8), durante uma entrevista ao Podcast Flow, o presidente Jair Bolsonaro (PL) debochou da vacina contra a varíola do macaco de forma preconceituosa ao associá-la à homossexualidade. O professor e pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (UEA), Paulo Trindade, diz que um novo estigma foi plantado para prejudicar a comunidade LGBTQIAP+, pois essa minoria está sendo atacada cada vez mais quando surgem novas doenças. Paulo é especialista em Gênero, Sexualidade e Direitos Humanos pela Universidade do Estado ao Amazonas (UEA). Foto: Reprodução “A orientação da OMS não foi errada, mas não podemos direcionar este tipo de situação a um grupo específico. Precisamos ter cuidado com a maneira que isso será dito para não gerar mais violência, preconceito e estigma. Fazer esse filtro dificulta na testagem e até a busca por tratamento. Na área da saúde, há uma classificação “homem que faz sexo com outros homens (HSH)”, que não se identificam como gays. Monkeypox não é doença de gays. Todas, todos e todes nós podemos nos infectar”relata Paulo. Paulo Trindade afirma que o vírus da varíola dos macacos já aflige países africanos há muitos anos, mas discorda da forma como a OMS está informando a população sobre a doença. “Alertas já eram enviados às autoridades e nunca foi feito nada de concreto. Nem ao menos desenvolver uma vacina específica, afinal, estava apenas no continente africano. Porém, somente agora que o vírus saiu do controle, [o vírus] começou a receber um pouco mais de atenção das autoridades. E em vez de pensar nos impactos ambientais e desigualdades que ocasionam a eclosão dessas novas pandemias, o que as autoridades fazem? Crucificam mais um grupo vulnerável (os gays)”,completa Trindade. Paulo Trindade explica que o preconceito e a discriminação existem há muito tempo e para combater esse pensamento é necessário a implantação da educação sexual nas escolas, em conjunto com orientações para prevenir a violência contra a comunidade LGBTQIAP+. “Precisamos olhar para a história. O estigma plantado sobre corpos dissidentes permanece até hoje, um grande exemplo disso é o combate contra HIV/AIDS. Inclusive, ainda não há vacina, mas todas as pesquisas em torno do HIV/AIDS foram base para acelerar a elaboração da vacina contra Covid-19. Daí a importância de trabalhar esses conteúdos na escola. Algo que tem sido cada vez mais silenciado e inviabilizado diante do discurso de ódio, opressão e preconceito”, pontua o pesquisador. Leia mais: Amazonas confirma terceiro caso de varíola dos macacos; homem está em outro Estado Nova vacina contra herpes-zóster está disponível em Manaus Médico especialista revela como aumentar naturalmente a testosterona Entre na nossa comunidade no Whatsapp!