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Apoio à cultura do Amazonas

Grupo de ginástica da Ufam faz vaquinha para participar de Fórum Internacional em Campinas

O grupo de Manaus representa a Região Norte no evento internacional

O grupo de Manaus representa a Região Norte no evento internacional Foto: Reprodução/Instagram Prodagin

Manaus (AM) – A cultura amazonense precisa de apoio. Para participarem do Fórum Internacional de Ginástica Para Todos, que ocorrerá no mês de outubro, em Campinas (SP), o grupo Ginástica Para Todos pertencente ao Prodagin (Programa de Dança, Atividades Circenses e Ginástica), da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), iniciou uma vaquinha online com o objetivo de arrecadar recursos financeiros para custear passagens áreas. O grupo de Manaus representa a Região Norte no evento internacional. Clique AQUI para contribuir.

O grupo nasceu em 2019 e, no mesmo ano, participou do Gin Brasil (festival organizado pela Confederação Brasileira de Ginástica), em Goiás, sendo o primeiro da Região Norte no evento nacional. E, por conta dessa apresentação, o Prodagin foi convidado para participar do Fórum Internacional de Ginástica Para Todos. O evento nunca teve, até então, um grupo representando a Região Norte.

Para o Fórum Internacional de Ginástica Para Todos, o programa da Ufam levará 30 alunos, que apresentarão duas coreografias, tituladas “Saga de um canoeiro” e a outra “Amazônia: Um Canto de Esperança”, além de 14 trabalhos científicos acadêmicos. Os membros do Prodagin abordam a temática indígena e a cultura amazônica nas suas apresentações.

O Prodagin é um programa de extensão universitária, institucionalizado pela Ufam, que atende crianças a partir dos 4 anos até a terceira idade, conta ainda com turmas para Pessoas com Deficiência (PcD). Oferece atividades de dança, arte circense e ginástica.

Vaquinha online

“A vaquinha online é uma forma mais rápida de arrecadar esse dinheiro, porque já estamos há dois meses do evento, ainda precisamos arrecadar em um mês esse dinheiro. A gente fez algumas ações, fizemos rifas, por exemplo, para arrecadar dinheiro, mas não foi o suficiente, creio que o dinheiro só dê para comprar uma passagem”,

explica a idealizadora do programa e professora de educação física e fisioterapia da Ufam, Lionela Corrêa.

Em 2019, o grupo conseguiu arrecadar recursos financeiros para participar do Gin Brasil, por meio de doações, rifas, sorteios e apoio de órgãos públicos. No entanto, nesse ano o Prodagin não conseguiu nenhum apoio.

“Tivemos que trabalha em 2019 para ir apresentar. A gente não teve muito apoio na época, mas recebemos cinco passagens da universidade [Ufam] e o resto tivemos que ir atrás, fizemos rifa, eventos, sessão de fotos, com o objetivo de arrecadar dinheiro para a viagem. Naquele ano, conseguimos levar 28 pessoas para apresentar essa coreografia, que se chama ‘Amazônia: Um Canto de Esperança’, que traz a temática da valorização dos povos indígenas”,

lembra a professora.

A idealizadora do programa afirma que o principal entrave desse ano é o aumento dos preços das passagens áreas, que muitos alunos não podem pagar.

“No ano de 2019, a passagem não estava tão cara como está esse ano. Houve um aumento de 200% em comparação do preço pago em 2019. Considerando que o grupo é formado principalmente por estudantes universitários e pessoas de baixa renda da comunidade, não há como arcar com os custos das passagens áreas, que serão 30. Esse ano a gente não conseguiu apoio, nem patrocínio de ninguém para custear as passagens. A universidade teve muitos cortes e, por isso, não vai poder nos ajudar. Tentamos também o governo estadual e não conseguimos apoio, recebemos uma negativa”, declara.

Divulgar a cultura do Amazonas

O grupo visa levar a identidade amazônida nas apresentações e divulgar a região. Os temas das coreografias são o cotidiano do nortista, a realidade, sempre buscando valorizar os moradores. A equipe ainda bebi em referências culturais locais como o Festival de Parintins. No contexto geral, os trabalhos têm temáticas voltadas a preservação da natureza, a valorização dos povos indígenas, o reconhecimento do caboclo e do ribeirinho.

“As apresentações têm valor para a cultura amazonense. As coreografias abordam temáticas regionais, elas mostram e divulgam nossa vasta cultura, atentam em trazer valorização. Divulgam muitas vezes o que é visto de forma preconceituosa. Sempre trabalhamos com temática amazônicas, o grupo realmente tem a cara do Amazonas”,

pontua Lionela.

As apresentações por abordar a cultura do Amazonas também divulgam a vasta diversidade dos povos e fomentam o turismo no Estado. No fórum internacional, o grupo propõe mostrar coreografias sobre os indígenas e ribeirinhos.

“Quando apresentamos nossas coreografias também levamos um pouco da cultura amazonense. Por isso, as pessoas que assistem costumam ficar interessados em conhecer mais dos nossos eventos culturais, visitar o Amazonas e prestigiar o Festival de Parintins, por exemplo. Então, participar desse evento de relevância internacional também não deixa de ser uma forma de divulgar a cultura amazônica, sendo um cartão postal”,

comenta.

“Para esse evento levaremos duas coreografias, uma sobre a valorização dos povos indígenas e a segunda é uma homenagem aos nossos ribeirinhos, as pessoas que trabalham com a pescaria, que usam de canoas e barcos para seu transporte. Além disso, nós fazemos também uma homenagem ao cantor Arlindo Júnior, sendo a toada escolhida ‘O Canoeiro’, destacando na amostra o trabalho cultural desse ícone relevante para cultura do Amazonas”, acrescenta.

Lionela aponta que as apresentações do grupo “Ginastica para Todos” fazem um diálogo entre a ginástica e o contexto dos povos originários, com elementos e movimentos que remetem a algo presente e característicos da região.

“O desafio de compor uma coreografia com elementos amazônicos na ginástica é justamente fazer esse entrelaçamento. Uma coreografia que terá os elementos da ginástica, porque não pode perder essa característica gímnica, mas que terá também os elementos culturais presentes. Então, a gente realiza esse entrelaçamento que acaba sendo um desafio, mas que o resultado é muito lindo, mostra a nossa cultura e aborda ainda o nosso lado artístico. Levamos um pouco da arte amazonense para todos conhecerem”, esclarece.

Identidade do grupo

Com relação à identidade cultural, o grupo indica que seus membros valorizem e tenha orgulho da identidade cultural da região. O projeto enxerga que devido à relação com a natureza e com a influência dos povos indígenas, algumas pessoas acabam vendo a cultura amazônida como algo ruim, algo negativo, mas o grupo indica para ter orgulho dessas origens.

“Somos privilegiados, temos uma das maiores florestas do mundo, um dos maiores rios. A Amazônia chega a ser muito cobiçada por outros países pela sua imensa diversidade, então precisamos nos orgulhar, valorizar, bater no peito e a defender.”

Trabalhos científicos

No Prodagin, a prática e o estudo científico caminham lado a lado. Por isso, as turmas de dança, de ginástica, de atividades circenses, e das apresentações coreográficas precisam transformar os resultados em artigos científicos, capítulos de livros, resumos para serem apresentados em congressos. Com a turma de “Ginástica Para Todos” não é diferente.

“Para o Fórum Internacional de Ginástica para Todos estamos levando duas coreografias. O nosso objetivo principal é mostrar a nossa regionalidade, nossos costumes, a identidade cultural, por meio dessas coreografias, pelos movimentos. Mostremos elementos artísticos presentes na cultural do Amazonas nessas duas coreografias. Os movimentos indígenas, o figurino e objetos indígenas, elementos de coreografias, usamos tudo isso para mostrar a realidade do nosso Amazonas nas coreografias”

, indica Nayana Ribeiro Henrique, vice-coordenadora do Prodagin e professora mestre na Ufam.

O Prodagin é formado por professores de educação física e de outros membros da universidade, entre os alunos estão os da área de educação física e de outros cursos da Ufam, além de pessoas da comunidade que querem praticar atividades físicas.

“A gente tem esse grupo e sempre buscamos não somente oferecer a atividade física em si, mas também trabalhar essa parte mais científica para os acadêmicos que ainda estão em formação”, pontua Nayana.

Para o fórum em Campinas serão apresentados trabalhos científicos que abordam os movimentos de ginástica, da arte circense, e a importância da atividade física para qualidade de vida.

“Tivemos 14 trabalhos científicos aprovados para serem apresentados no congresso. Esses trabalhos são resultados dessas duas coreografias, também falaremos de todo o processo pedagógico de como foram os ensaios e como que surgiram as ideias, a composição coreográfica coletiva que trabalhamos na Ginástica Para Todos”,

comenta.

“Os trabalhos que a gente está levando para o fórum traz os resultados da nossa imersão na cultura amazônica. Eles mostram os resultados qualitativos em relação à importância da prática da ‘Ginástica Para Todos’ na vida de um acadêmico de educação física ou na vida de um praticante, enquanto forma de lazer ou qualidade de vida. Trabalhos que abordam resultados mais científicos, sendo o Prodagin um programa de extensão. Atuamos tanto com o atendimento da comunidade, como essa parte mais científica na formação dos nossos acadêmicos”, conclui.

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