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Arte Amazonense

Artistas do AM contam sobre desafios de fazer teatro e artes circenses

Artistas que atuam no cenário cultural amazonense tanto no circo quando no teatro relatam sobre desafios locais

Manaus (AM)- Seja no picadeiro ou nos palcos, o circo e o teatro levam cultura, admiração e trabalho árduo de artistas no Amazonas. Neste domingo (27), é celebrado o Dia Nacional do Circo e o Dia Mundial do Teatro.

Esses segmentos seguem vivos na sociedade, expressando criatividade e promovendo reflexões sobre aspectos sociais. Tanto o circo como o teatro são modalidades que fazem parte das linguagens cênicas, que são artes que envolvem como principal matéria-prima o próprio corpo do artista.

Dessa forma, o que há de comum entre ambos é a utilização dos gestos, vozes e expressões faciais, e a apresentação em palcos.

O Em Tempo conversou com artistas amazonenses que atuam no circo e teatro levando cultura a diversos locais e municípios do Amazonas. Eles falaram não só da importância das áreas para as suas vidas, mas os desafios enfrentados para viver da arte, que necessita, segundo eles, de mais valorização.

Conforme a artista Ana Oliveira, que atua como palhaça e produtora cultural do grupo circense ClownBaré, difundindo a palhaçaria brasileira, o maior desafio da classe principalmente aqui em Manaus, é a falta de estrutura.

Ana Oliveira atua como palhaça e produtora cultura do grupo ClownBaré.

“Temos poucos espaços que permitem a arte circense, pois ela é muito diversa. Ela tem várias linguagens, segmentos e alguns precisam de aparatos mais técnicos e aéreos, como os acrobatas, malabaristas, trapezistas. Tem muita coisa que a gente precisa de equipamento e sempre tem que comprar de fora. Há também a falta de espaços com estrutura para essas modalidades poderem se desenvolver”, disse em entrevista.

Ana afirma ainda que o circo depende de mais apoio e reconhecimento, até mesmo por ser uma arte de fácil comunicação que se aproxima das pessoas, sem se importar com a classe social ou gênero.

“É uma arte milenar que está sempre se reinventando para se conectar às pessoas e encantar de todas as formas, seja pelo virtuosismo de um acrobata, de um trapezista, fazendo coisas que a gente acha humanamente impossível, seja pela singeleza e humildade e humanidade do palhaço, indo de um extremo ao outro. Toda arte é política e consegue encantar, gerar empatia, afeto numa outra pessoa, é muito importante principalmente nos dias de hoje, depois de tanta tristeza, tanto sofrimento que nós passamos”, afirmou.

A importância da data reside no fato de valorizar a arte circense e seus integrantes.

A arte circense existe há aproximadamente mil anos, entretanto, o circo se estabeleceu no Brasil somente no século XIX e carrega tradição em toda sua história.

A data, inclusive, foi escolhida como forma de homenagear o brasileiro Abelardo Pinto, conhecido como o palhaço Piolin, que nasceu no dia 27 de março de 1897. Seu crescimento ocorreu dentro do circo, pois seus pais eram artistas circenses. Ele foi criador do circo do Piolin, chegando a ser considerado o maior palhaço do mundo.

A importância da data é importante no fato de valorizar a arte circense e seus integrantes como os palhaços, malabaristas, acrobatas, trapezistas, equilibristas, mágicos e tantos outros artistas.

Teatro

No mundo todo, a arte costuma comover pessoas seja em qual área for, porém, o teatro, considerado a 5ª arte do mundo, tem o poder de gerar efeitos nos sentimentos: alegria, tristeza, indignação, raiva.

Além disso, promove conexão com a plateia, fazendo com que esta identifique-se e sinta-se parte da história, como contou Isabela Catão, atriz amazonense conhecida nacionalmente por atuar em peças teatrais e novelas famosas.

“A importância do teatro para mim é a troca. Quando você vai ao teatro você está ali sentado, mas ao mesmo tempo é inevitável que você não se sinta participante daquele espetáculo e não divida o momento com aquelas pessoas que estão ali na frente atuando para você. Eu sinto que mais que fazer teatro eu gosto de assistir, porque eu me sinto sempre transformada em toda obra que eu assisto. Quando o teatro ele é feito com muita verdade, com muito esforço e muita dedicação é impossível você não sair transformada daquele lugar”, disse a arista que já fez novela da Globo.

Contudo, apesar de ser uma área bastante ampla e conhecida, o teatro necessita de investimentos, segundo a atriz, quanto mais no Amazonas, onde há considerável número de pessoas talentosas.

Isabela Catão é atriz amazonense conhecida nacionalmente por atuar em peças teatrais e novelas famosas.

“As maiores dificuldades enfrentadas no teatro é a falta de investimento, de políticas públicas, nem todas as pessoas são contempladas também. O teatro precisa de público, os grupos precisam, às vezes, de sede ou de manutenção. Vejo isso de perto, porque eu dou aula e eles sentem muito o impacto de sempre manter a casa ali, a gente tem o Ateliê 23. Temos que pagar aluguel, regrar a grana para manter o estabelecimento, produzir, garantir o espectador ali assistindo. Então, entre tantas, acho que a maior dificuldade é garantir o espectador e conseguir ter uma vida mais digna. Desde você conseguir pagar suas contas até você conseguir fazer bem o seu trabalho”, disse a atriz.

De acordo com Taciano Soares, ator e diretor há 16 anos, entre os desafios do segmento há a questão da falta de hábito das pessoas frequentarem teatro e a necessidade de mais espaços.

“Tendo mais espaço temos mais teatro, mais lugares para acontecer de forma continuada, com temporadas para justamente haver uma mudança de comportamento do hábito, da ausência de frequentar teatro. Há também o desafio na formação, embora a gente tenha avançado muito com a Universidade do Estado, também com o Cláudio Santoro, que são lugares de formação, precisamos pensar que existe a necessidade de uma formação também mais técnica”, revelou em entrevista.

O amazonense Taciano Soares é ator e diretor há 16 anos.

Segundo ele, as qualificações devem abranger as funções técnicas do teatro como figurino, iluminação maquiagem e produção também, além de mais suporte para a área. “Mais incentivos para estimular que novas produções possam acontecer e que enfim os artistas possam ter o seu trabalho reconhecido como uma fonte de renda, porque são profissionais”, expressou.

O teatro surgiu na Grécia Antiga, e, desde a Antiguidade Clássica, tornou-se uma das linguagens artísticas mais comuns e populares nas sociedades ocidentais, manifestando características do cotidiano por meio de histórias e gêneros.

O Secretário de Cultura e Economia Criativa Marcos Apolo Muniz falou ao Em Tempo sobre a importância dos dois segmentos. Para ele, o circo é uma arte que transcende culturas.

“Não há barreiras de idioma, de estado, país, região. E é indicado para todas as idades, crenças e todas as classes sociais. Emociona, faz rir, faz refletir, torna o cotidiano leve e alegre. É a cultura popular, desembarcando a sua trupe, chegando nas cidades, montando sua lona e fazendo belíssimos espetáculos”, disse.

Em relação ao teatro, o secretário afirmou que é um segmento completo, sendo o alimento vivo dos artistas.

“As histórias vividas pelos atores e atrizes trazem lições de vida, o cotidiano das pessoas e reflexões importantes para a sociedade. No processo de produção da arte teatral, o artista se descobre artista de verdade. É um orgulho eu poder ter tido a honra de subir ao palco do teatro e viver tudo isso. Quem sobe ao palco sempre leva um pouquinho de si e de cada uma das pessoas que o assiste”, afirmou.

Questionado sobre o que o Estado tem feito para valorizar os segmentos, o secretário de cultura afirmou que o governo tem apoiado o trabalhador da cultura.

“Apoiamos projetos de artistas entregando editais que descentralizaram o acesso à cultura na capital e interior, como os prêmios Amazonas Criativo, Equipa Cultura e Amazonas Cultura em Rede fazem parte do programa +Cultura, que liberou R$ 6 milhões em apoio aos nossos artistas. Agora, no próximo domingo, vamos anunciar a programação Festival de Circo do Amazonas, que apoia mais de 150 artistas também na capital e interior. Seguiremos incansáveis para apoiar a arte, gerar renda e levar cultura para todo o Estado”, disse.

Edição Web: Bruna Oliveira

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