Manaus (AM) – Seja por hobby ou por profissão, fotografar é uma das formas de arte mais amadas e acessíveis do mundo. Etimologicamente denominada como “escrita com a luz”, a fotografia é capaz de registrar muitas informações, inclusive, momentos históricos.
O Dia Mundial da Fotografia é comemorado anualmente no dia 19 de agosto. O Amazonas Em Tempo traz histórias dos profissionais que se destacam no mercado.
Especialista em marketing digital, Raphael Henrique Cortezão, de 35 anos, foi professor de disciplinas de introdução à fotografia e fotojornalismo em uma faculdade particular de Manaus por quase 6 anos, e descobriu na fotografia um dos seus maiores amores.
Influenciado pelo jornalismo, Raphael desenvolveu um trabalho mais voltado para fotografia realista, mas também encontrou a paixão pela fotografia de natureza e crianças.
“Para mim, a fotografia representa uma forma de expressão muito forte. Uma das formas pelas quais eu me expresso melhor é justamente por meio das imagens. A fotografia me permite criar a partir dos recortes da realidade que a gente consegue colocar dentro dela. Diferentemente do que muita gente pensa e se difundiu ao longo de muitos anos, especialmente com a fotografia jornalística, a fotografia não é um espelho da realidade, ela reúne elementos que funcionam como índices, formas de trazer sensações, lembranças, sentimentos que estão nas pessoas e não na fotografia”, expôs.
Para Cortezão, a fotografia é uma das formas artísticas mais poderosas que existem por proporcionar o ato de “olhar para trás” e reviver todas as memórias passadas.
“Ela já vem carregada com essa história de uma técnica que, por muitos anos, foi compreendida como aquela que se apropria da realidade, se apropria do mundo e congela um momento. Então, as pessoas sempre tiveram uma admiração e um medo – quando era desconhecido – muito grande pela fotografia e isso tudo faz com que ela seja ainda mais encantadora para mim”, pontuou.
Você já ouviu falar da expressão “Comer com os olhos?”. A fotografia gastronômica traz mais sentido para a frase. Alguns profissionais da fotografia veem na culinária uma opção de ramo de atuação, como é o caso do fotógrafo Marcos Platini, de 26 anos.
Fotógrafo há 10 anos, ele começou no segmento por meio de fotografias de retrato e corporativas. A paixão pela fotografia gastronômica, mais conhecida como Foodporn ou Food Stylist, surgiu quando passou a trabalhar em uma agência de publicidade.
“Na época não tinha nenhuma experiência, simplesmente agarrei a oportunidade. Fui estudando, criando e me aprimorando até estar totalmente dentro do processo e entender que era isso que eu queria fazer na vida. Para mim, a fotografia representa a liberdade de criação em poder propor sensações nas pessoas”, destacou.
A relação de Marcos com a fotografia surgiu enquanto trabalhava no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, localizado no Distrito Industrial. Durante o período, tinha que fotografar jornais antigos para que passassem pelo processo de digitalização.
“A minha paixão pela fotografia começou ali. A partir disso fui fotografando com um Samsung S3 e, na época costumava registrar paisagens, natureza e minhas amigas de trabalho, até pegar jeito e comprei uma câmera profissional Canon T3. Fui treinando, fazendo cursos e me aprimorando até, de fato, pegar jeito”, descreveu.
A pandemia da Covid-19 trouxe um aumento nas vendas por delivery por parte dos restaurantes. Os estabelecimentos perceberam que esta é uma boa alternativa para ativar o desejo do cliente. Para o fotógrafo, a área ainda é escassa na capital amazonense.
“Há poucos profissionais no ramo, gostaria de conhecer mais inclusive. Os poucos que conheço têm particularidades. São tantos fatores envolvidos na fotografia: como montar cada cenário e até entender que nem todos precisam de um cenário arrumado. Cada produto é único e você, muita das vezes, vai entender isso olhando e o vendo na hora da sessão. A partir daí fluem as ideias e você precisa estar sempre preparado para criar”, concluiu.
Mulheres do AM na fotografia
Sem deixar a sensibilidade e o carinho de lado, a fotógrafa amazonense Anne Lucy Silva Barbosa, de 36 anos, tem se destacado cada vez mais no ramo da fotografia de parto e família.
A fotógrafa foi a única do Norte do País a receber duas menções honrosas no maior concurso de fotografia documental de família do mundo: a “Documentary Family Awards”. Através do olhar sensível, a profissional tem cumprido o seu objetivo de documentar cada segundo de um dos momentos mais importantes na vida de uma família: a chegada de um filho.
Anne Lucy Silva Barbosa é CEO da primeira empresa de fotografia e vídeo de parto do Amazonas, a “Meu Rebento Foto e Vídeo”. Atuando no registro de partos e famílias desde 2017, Anne já recebeu dois prêmios internacionais na Associação Internacional de Fotógrafos de Partos Profissionais (IAPBP), além de outros mais de 30 prêmios internacionais e menções honrosas em importantes entidades de fotografia de parto do mundo.
Anne ressalta que a fotografia sempre esteve presente na própria vida. No entanto, a paixão pelo ramo apenas se tornou profissão no momento em que passou pelo processo de gravidez do primeiro filho, Benjamin Gael em 2016 e logo se especializou no segmento.
“Foi realmente uma paixão avassaladora que me fez correr atrás do meu sonho e desde então já foram mais de 300 famílias fotografadas durante esses cinco anos”, pontuou.
Em meio a um turbilhão de sentimentos e emoções, a fotografia de parto veio para documentar toda a singularidade que esse evento proporciona. Para Anne Lucy, a fotografia veio como uma ‘cura’ e ressalta que preza pelas famílias que se identificam com o trabalho dela e por darem oportunidade de eternizar os melhores momentos.
“A fotografia me curou pois, por diversos aspectos eu tive um parto um pouco traumático e estar fotografando partes que tiveram desfechos positivos, bonitos e emocionantes, foi ressignificando a minha própria experiência. Com o tempo eu fui absorvendo essas histórias das famílias e dos partos lindos que eu acompanhei. Tudo isso me ajudou com todo esse processo. A fotografia, para mim, é essencial. Eu não vivo sem fotografia. Eu amo fazer parte da história das famílias porque eu sinto que estou construindo um legado junto com essas famílias”.
A primeira fotografia com a menção honrosa foi a do parto da médica ginecologista, Adana França, realizado em 5 de setembro de 2021. O evento foi uma cesárea de emergência e a nova mãe emocionou-se por completo ao carregar a filha Olívia pela primeira vez.
“É sempre uma honra e alegria enorme ter meu trabalho reconhecido mundialmente, mas é melhor ainda poder contribuir com as famílias para que elas tenham para sempre os registros desses momentos únicos. Na verdade, esse nunca foi o objetivo final, sempre foi um objetivo secundário. Fazer com que essas famílias gostem do resultado e se sintam feliz sempre foi o objetivo principal. Porém, como a gente via que a repercussão era grande e que as famílias gostavam de compartilhar, eu acabava submetendo essas fotos para as premiações”, disse.
A segunda fotografia com menção honrosa no DFA foi a da cesárea humanizada da médica anestesiologista, Clarissa de Souza, que aconteceu em 31 de agosto de 2021, o dia do nascimento da primeira filha dela, Catarina.
“O nascimento da Catarina foi repleto de emoção e eternizar esse momento foi uma honra. Fazer parte desses momentos é uma grande alegria”, diz a fotógrafa.
Com um olhar sensível e discreto diante do nascer, a fotógrafa amazonense também tem formação em Filosofia e como Doula que, para ela, é de suma importância para que seja possível entender mais sobre o universo do nascimento. De acordo com Anne, só fotografar não é o suficiente.
“Estou ali para contar a história daquela família. A minha fotografia é documental e eu não interfiro em nada. Eu estou ali só para documentar e para registrar. A única coisa que eu posso fazer é tentar registrar da melhor forma possível. Para que eles vejam essas fotos daqui a alguns anos e continuem se emocionando e lembrando como foi lindo esse dia tão especial”, destacou.
O amor pela fotografia também é presente na vida da fotógrafa Hanna Gonçalves de Oliveira, de 25 anos, há nove anos. Dançarina desde 2008, Hanna se interessou pelo ramo por uma necessidade em ter fotos boas durantes os espetáculos de dança em que se apresentava. Especializada em fotografias artísticas (como em shows, espetáculos ou peças), a profissional da fotografia decidiu unir as duas paixões profissionalmente.
“Sempre gostei de arte e sempre soube que seguiria um caminho artístico, mas não imaginava que fosse a fotografia que iria me pegar. Comecei fotografando pequenas coisas e, quando percebi, já não sabia viver sem. Fico muito feliz em poder ser uma das pessoas que eterniza esses momentos de espetáculos, porque tem realmente muito sentimento envolvido. É a minha forma de enxergar o mundo, e de eternizar momentos extremamente únicos”, explicou.
Por ser tímida, Hannah ressalta que a fotografia mudou a sua forma de se comunicar com as pessoas ao seu redor.
“O que a fotografia mais mudou na minha vida foi na minha comunicação com as pessoas. A fotografia sempre me ajuda a quebrar minhas próprias barreiras”, relatou.
Como em muitas profissões, a fotografia já foi um campo culturalmente dominado pelos homens, onde o espaço para o trabalho feminino sempre foi o de estar em frente às câmeras. Apesar de este cenário ser diferente nos dias de hoje, Hannah comenta que ainda existe um preconceito em relação ao mercado de trabalho.
“Já me ocorreram muitas situações desagradáveis, como clientes confundindo as coisas ou não querendo me pagar, gente tentando me ensinar a fazer o que eu já sei fazer. Mas isso eu tiro de letra, afinal, sou mulher desde sempre e nunca deitei pro machismo”, comentou.
Simplesmente, Sebastião Salgado
Um dos maiores e mais respeitados fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado (1944) é o brasileiro radicado em Paris. Com olhar único, sua fotografia documental promove denúncia social de cenários desconhecidos do grande público.
Sebastião Salgado nasceu no município de Aimoré, no interior de Minas Gerais, em 8 de fevereiro de 1944. Atualmente reside em Paris, na França. Pouca gente sabe, mas antes de fotógrafo ele é Economista. Se formou pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e fez mestrado pela Universidade de São Paulo (USP) em 1967, ano em que a ditadura já havia começado no Brasil.
Foi o único profissional a registrar o atentado ao presidente norte-americano Ronald Reagan, no dia 31 de março de 1981, fato que lhe deu destaque internacional.
Dia Mundial da Fotografia
O dia 19 de agosto foi a data determinada para comemorar o Dia Mundial da Fotografia porque foi nessa mesma data, em 1839, que um cientista chamado François Arago anunciou que o governo da França adquiriu o invento do Daguerreótipo – aparelho antecessor às câmeras fotográficas – e oficializou a criação livre para o mundo. Foi em 19 de agosto de 1839 que a Academia Francesa de Ciências anunciava mundialmente a nova invenção.
A fotografia passou a fazer parte da sociedade mundial a partir de meados do século XIX. Desde sua origem, a fotografia foi utilizada para informar, recordar, documentar e ser uma expressão artística. No Brasil, no dia oito de janeiro é comemorado o Dia do Fotógrafo.
História da fotografia
A fotografia é uma técnica que utiliza a luminosidade como base para a reprodução de imagens. Sendo assim, a luz é um elemento extremamente importante para a composição fotográfica. Foi na Antiguidade que os primeiros estudiosos observaram que ela fornecia possibilidades de representação de imagens. Por volta de 1826, o primeiro registro fotográfico foi feito pelo francês Joseph Niépce, e na mesma época, Hercule Florence, assim como seu conterrâneo, desenvolvia um método fotográfico aqui no Brasil.
O aparelho precursor do registro de imagem foi desenvolvido pelo francês Louis Daguerre em 1837, graças aos estudos de Joseph Niépce (1765-1833), que havia criado a héliographie alguns anos antes. Em 1839 também foi inventado o calótipo, um outro sistema de captura de imagens, criado por William Fox Talbot (1800-1877). Por causa dessas incríveis invenções, 1839 se consagrou como o ano da Invenção da Fotografia.
Inicialmente utilizada apenas como registro afetivo e documental do tempo, a fotografia só foi ganhar status de uma nova arte com o fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson, considerado por muitos como o maior fotógrafo de todos os tempos.
Edição Web e pauta: Bruna Oliveira
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