Manaus (AM) – Casos de relação com dinheiro vindo de heranças da alemã Marlene Engelhorn e da brasileira Sabine Boghici, ambas envolvendo fortunas, mas numa posição totalmente diferente, chamaram a atenção da mídia nos últimos dias.
A austríaca Marlene recusou uma herança bilionária alegando que dinheiro não lhe faria feliz, enquanto a carioca Sabine roubou a própria mãe em mais de 700 milhões no Brasil.
Por que duas questões tão antagônicas repercutem dentro de nós? E principalmente, o que motivaria alguém a dispensar ou a roubar dinheiro?
Para a psicóloga Suzane Anselmo, especialista em relação parental e família, quando há desavenças em relação ao dinheiro, não tem nada a ver com dinheiro propriamente dito, mas sim com a representação emocional que o dinheiro gera, que pode ser de escassez ou abundância inicialmente, mas principalmente sobre a identidade que cada um de nós possui.
Ainda segundo a psicóloga, Marlene encontra-se numa posição de abundância, não só por já vir de uma vida rica, mas por entender que já possui o que precisa para viver.
Congruente a esta fala, observa-se que ela participa de uma instituição filantrópica que busca uma relação igualitária entre as pessoas, cita que 40% da riqueza em seu país encontra-se nas mãos de 1% da sociedade e é consciente que não trabalhou ou fez algo específico para ter a fortuna da qual seria herdeira, portanto não seria merecedora de recebê-la. Finaliza dizendo que doará 90% da herança que receber.
Ao mesmo tempo, a profissional reforça a crença de muitos de que, dinheiro não traz felicidade. Mas certamente traz consigo a crença de escassez, ou seja, já passou por “dores” em que ter muito dinheiro não foi o suficiente para suprir um vazio interno.
Desta forma, a herdeira alemã por viver no extremo da riqueza, poderia sentir-se sempre feliz, mas não é a realidade. “O que não é para ela e nem para ninguém, o dinheiro traz sim muitas oportunidades, mas ele por si só não é completo, o doar para alguém, ajudar pessoas, fazer algo incrível por si e pelo outro é o que gera este sentido de completude”, disse a especialista.
E Sabine, no controverso é uma das principais suspeitas de montar uma quadrilha para roubar a própria mãe. “O fato de roubar já é algo considerado para a sociedade como errado ou vergonhoso, quiçá roubar a própria mãe, aquela que a gerou e a “colocou no mundo”, eis aí a questão, colocar um ser no mundo não é suficiente para gerar afeto, amor e respeito”, explicou a psicóloga.
“Podemos observar o estilo de vida que Sabine teve em relação aos seus pais e principalmente à sua mãe, uma mãe que era extremamente dedicada ao trabalho e a realizações, mas com pouco tempo para dedicar-se a criar vínculos, conexões em amor com a própria filha.
Essa busca desproporcional e descabida pelo dinheiro, demonstra uma identidade desconstruída onde ela para se sentir pertencente e importante a algo precisa TER muito dinheiro e não SER uma pessoa humana e espetacular”, destacou Suzane Anselmo.
Finalmente, a especialista ressalta que em ambos os casos não é o valor do dinheiro em si que está em jogo, mas sim, o modo como as identidades de Marlene e Sabine foram construídas, enquanto ainda eram crianças, o que elas viram, ouviram e sentiram sobre quem elas são e sobre o que estas merecem, ou que acham que merecem.
*Com informações da assessoria
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