Manaus (AM) – Uma das frutas mais consumidas pelos manauaras, a banana prata sumiu de feiras e cafés regionais em Manaus. Isso está acontecendo devido a uma série de protestos de produtores de banana prata no estado de Roraima, fornecedor da fruta para a capital amazonense.
Além da manifestação, há outro fator para a escassez: a cheia de longo prazo do Rio Negro. A enchente afetou os bananais e consequentemente, trouxe prejuízos aos produtores, como explicou o economista Inaldo Seixas a equipe do Em Tempo.
“Nós estamos saindo de uma cheia muito grande. Então, sabemos que muitos bananais são oriundos de zonas de várzea e, normalmente, quando há cheias prolongadas ou grandes assim, nós temos perda de produção que por si só já afeta a oferta do produto, fazendo com que os preços aumentem nessa entressafra”
, relata o economista.
A fruta que, comumente, é encontrada em semáforos das avenidas da capital pelo preço de R$ 10 (três palmas), hoje, está mais cara e pode chegar a R$ 20 para quem ainda tem o produto em estoque. Segundo Inaldo Seixas, a precificação tende a aumentar ainda mais.
“Na teoria econômica, a escassez de um produto, mantendo a demanda constante, vai provocar um aumento considerável no preço. E quanto maior o tempo de escassez, maior o valor do produto não só pela diminuição da oferta, mas por aqueles estoquistas que se aproveitam da situação”
, afirma.
Seixas enfatiza que o aumento da precificação da fruta afeta principalmente os pequenos empresários (como os donos de cafés regionais) e as famílias de baixa renda que consomem o produto diariamente.
“A classe mais atingida, com certeza, é a de menor poder aquisitivo. Principalmente, famílias que vivem com uma renda de um a três salários mínimos encontram dificuldades para fechar a conta no final do mês. É claro que toda a população amazonense consome a banana em vários momentos, como para fazer vitaminas, no pão (x-caboquinho), nas comidas, no pirarucu seco etc. O amazonense consome muito a banana”
, explica o economista.
Inaldo sugere que o estado do Amazonas poderia priorizar projetos para o plantio adequado não só da banana, mas de outros produtos regionais, como macaxeira e o peixe, provenientes de outros estados, uma vez que a produção agrícola familiar favorece não somente a regulação dos preços, mas também a geração de emprego e renda para a população.
“Se houvesse um apoio e proposição de políticas, por parte da secretaria de produção rural e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que tem tecnologias para a produção de banana, açaí, mandioca, guaraná, produtos que são da região, poderia ser uma solução”
, reforça o economista.
Feirantes lamentam
A feirante Andreza Nogueira Maciel, de 40 anos, relata que devido ao protesto do aumento do preço do diesel, um dos motivos da manifestação, o preço da banana prata aumentou bastante para os revendedores.
“Aumentou muito, pois um frete que a gente pagava de R$ 3 mil, hoje, a gente paga de R$ 6 mil a R$ 7 mil”
, detalhou Andreza.
O vendedor Josué Silva, de 68 anos, que trabalha na Feira do Produtor, Zona Leste de Manaus, afirma que os produtores de banana prata em Boa Vista (RR) reivindicam o aumento do preço da banana, dificultando assim a chegada da mercadoria à capital.
“Por causa da falta da banana, o preço aumenta, mas só aumenta se a Feira da Manaus Moderna aumentar. Lá na Manaus Moderna, eles aumentaram a caixa da banana para R$ 100, R$ 120. Mas nós não aumentamos tanto assim. A gente estava vendendo a caixa de R$ 60 a R$ 65, “banana de primeira”, mas tive que aumentar para R$ 80 a caixa porque o preço do transporte está muito caro para trazer para Manaus”
, conta o vendedor.
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