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CACTOS E SUCULENTAS

Cultivo de plantas se torna profissão e registra aumento de vendas em Manaus

O que antes era visto como um ‘hobby’ voltado para a terceira idade, agora é considerada uma profissão que conquistou adeptos das mais variadas faixas etárias: cultivar plantas

Foto: Fernanda Lopes/Em Tempo

Manaus (AM) – O que antes era visto como um ‘hobby’ voltado para a terceira idade, agora é considerada uma profissão que conquistou adeptos das mais variadas faixas etárias: cultivar plantas. O setor da floricultura, que viu as vendas despencarem com a paralisação de casamentos, festas e shows durante os meses mais duros da pandemia, apresentou recuperação com o manejo de plantas que conquistaram o mercado, as suculentas.

Com a pandemia, as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa e acabaram descobrindo novos hobbies – o da jardinagem foi um deles. O setor de flores e plantas fechou 2020 com crescimento de 10% garantido pelas vendas de plantas ornamentais e flores em vasos. Os dados são do Instituto Brasileiro de Floricultura.

Conforme análise da economista Denise Kassama, a pandemia foi o principal fator que levou os “amantes” de planta a enveredarem para esse lado do cultivo, o que gerou uma nova oportunidade de renda para a população.

“Conheço muita gente que gosta de plantas e encontrou nessa atividade uma forma de ganhar dinheiro com a venda desses produtos, o que gerou um certo espaço no mercado de trabalho. Mas devemos pontuar que é resultado da demanda reprimida que ocorreu durante a pandemia, muitos eventos foram adiados, e nesse processo de recuperação, o mercado foi aquecido de uma forma geral”

, ressaltou.

A economista pontua que quanto mais oportunidades novas de trabalho surgem no mercado, a opção de obtenção de recursos financeiros cresce para a população.

“Essas plantinhas de casa que as pessoas que gostam e tem isso como hobby, se desenvolveram como atividade econômica. Conheço duas pessoas que ficaram sem trabalho durante a pandemia e começaram a mexer com plantas como forma de terapia, logo deram início às vendas de plantas”

, complementou a economista.

Como sempre gostou de plantas, durante a pandemia, a engenheira de controle e automação, Danielly Moraes Pereira, de 26 anos, enxergou na área um mercado amplo e logo se especializou em plantas suculentas, que são os cactos e as outras plantas que acumulam água e apresentam folhas, troncos ou o caule mais “gordinhos”.

A microempreendedora Danielly Moraes Pereira – foto: Fernanda Lopes/Em Tempo

Fundadora do empreendimento Cactário Manaus, atualmente Danielly trabalha com a comercialização de cactos, suculentas, lembranças personalizadas e oferece todos os insumos para o cultivo das plantas, como os mais variados tipos de substratos, pedriscos, carvão tritutado e outros itens.

Nas vésperas de completar dois anos de existência no mês de setembro, o local – localizado na Rua Paracanaxi, 103 no bairro Jorge Teixeira, na Zona Leste de Manaus – conta com um amplo espaço que reúne as mais variadas espécies de cactos e suculentas.

“Já era colecionadora, então era algo que era o meu hobby. Quando saí da faculdade, comecei a fazer a reproduzir as minhas mudinhas e daí eu comecei a fazer as lembranças. Em paralelo, entrei no mercado profissional voltado para minha área de formação. Depois percebi que gostava mais de trabalhar com as plantas. Saí do trabalho para me dedicar a abrir o Cactário Manaus. Mensalmente, o valor que se equiparava com o valor que eu ganhava trabalhando fora então decidi que iria me dedicar totalmente ao trabalho com os cactos e suculentas”

, pontuou Danielly.

Desde o início a microempreendedora ressalta que, apesar de ser uma experiência desafiadora, já sabia a dimensão que o empreendimento teria. De acordo com ela, o negócio só tende a crescer.

“O Cactário Manaus é o meu orgulho, o resultado de todo o esforço, não só meus, mas dos meus pais também, eles sempre me ajudam muito. Desde quando decidi abrir o Cactário, já imaginava ele grandioso. Sei que tudo acontece em etapas, mas aos poucos eu vou conquistando. Sei que o Cactário ainda tem muito a crescer e eu já consigo visualizar ele maior ainda”

, destacou.

Por serem nativas de regiões secas, as suculentas armazenam água nas raízes, caules, troncos, folhas e etc., para os períodos sem chuva. Em decorrência do clima manauara, Danielly pontua que os maiores desafios que enfrentou são ligados ao cultivo das espécies e também da logística para o transporte.

“Tem muito a dificuldade do clima. Elas são de climas totalmente diferentes do nosso. Nosso clima é muito chuvoso e úmido. Também tem a dificuldade da logística, acontece de perder muitas plantas e é algo muito escasso para a nossa região. Às vezes faço um alto investimento em plantas mais caras e quando chegam aqui elas morrem por não se adaptar ao clima manauara”

, destacou.

Além de já ser uma adepta do “mundo das plantas”, um dos principais fatores que a deixar o emprego com a Carteira de Trabalho e a levaram a trabalhar com o ramo foi o retorno financeiro que ele proporciona.

“Eu abri o Cactário Manaus na época da pandemia e, com as pessoas em casa sem poder se distrair, elas começaram a cultivar plantas. O mercado cresceu demais. Então foi um mercado que teve um ‘boom‘ ali na época da pandemia e, vendo o crescimento do lado de fora, pensei que seria legal começar a empreender aqui nesse ramo”

, comentou.

Como forma de terapia durante a pandemia, a empresária e estudante de design de interiores, Vitória Helena Gomes Pires, de 23 anos, possui mais de 500 plantas na varanda do seu apartamento e logo decidiu dar início ao empreendimento “Cactos Manaus”.

Empresária e estudante de design de interiores, Vitória Helena Gomes Pires – foto: acervo pessoal

“Tudo começou quando a pandemia veio e eu me vi em uma crise de depressão muito forte. Tinha umas plantinhas na varanda e então decidi todos os dias, ficar ouvindo a aula on-line montando terrários no chão da varanda. Até que chegou um dia, já não tinha mais espaço para colocar nada nas estantes e decidi criar um Instagram para poder vender os terrários que fazia e ganhar um dinheirinho para ajudar nos gastos aqui em casa. Quando vi já tinha vendido tudo e a demanda começou a crescer”

, explicou.

Após o questionamento de uma cliente, Vitória começou a trabalhar com lembrancinhas de cactos e suculentas. Com a ajuda da mãe Kristine Vieira – que tem um ateliê de personalizados – e de outros familiares, decidiu unir o útil ao agradável.

“Como já tenho conhecimento de mexer nas máquinas de corte e nos programas, comecei a produzir as lembrancinhas com ajuda da minha mãe, do meu namorado Bethovem, além do apoio do meu pai Ricardo e da minha irmã Karoline. Hoje as lembrancinhas são minha fonte de renda. Onde consigo me sustentar e ter uma qualidade de vida melhor. Sem falar que mexer com plantas é uma terapia e é uma delícia”

, disse.

Filha de artista plástica, não nega que puxou os mesmos gostos da mãe.

“O que mais gosto em trabalhar nesse setor é fazer lembrancinhas de cactos e suculentas para eventos no geral, e montar arranjos. Sou filha de artista plástica e puxei muito para os gostos dela. Ideia é o que não falta”

, pontuou.

Sempre sonhando com o futuro, Vitória não poupa palavras para explicar o que a Cactos Manaus representa para a sua vida e explica que jamais se imaginou à frente de um empreendimento dessa magnitude.

“A Cactos Manaus é minha vida. É onde eu me reconecto comigo mesmo e com a natureza. Onde eu percebo que em meio a uma infestação de coisas ruins (pragas), ainda há esperança de viver, de crescer e de recomeçar mais uma vez. Não me imaginava abrindo um empreendimento desse tamanho e logo na varanda do meu apartamento, mas hoje, graças as suculentas, sou uma pessoa mais feliz e realizada. Continuarei trabalhando para, se Deus quiser, um dia ter minha estufa”

, finalizou.

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