Manaus (AM)- Uma exposição permanente com a obra, vida e história do escritor, poeta, jornalista e amazônida Thiago de Mello vai ocupar o térreo do Casarão Amarelo, que fica na rua Bernardo Ramos, Centro, dentro do projeto da Prefeitura de Manaus, o “Nosso Centro”, lançado ano passado pela gestão David Almeida.
Em nova rodada de alinhamento com a filha do escritor, a produtora Isabella Thiago de Mello, e arquitetos do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), foram apresentados os primeiros esboços de desenho arquitetônico para ocupação dos espaços do imóvel datado de 1908, que vai perenizar a poesia do artista para Manaus e o mundo e suas crenças no ser humano, na capital Manaus, na natureza, nas paixões e na memória.
“Fizemos o levantamento técnico do Casarão Amarelo e desenvolvemos o estudo, feito a quatro mãos com o Instituto Thiago de Mello e Implurb, alinhando as diretrizes principalmente de ocupação dos espaços na residência. Nossa conexão e sinergia passa desde o que vai ser exposto do acervo do poeta, sua história e memórias até suas casas em Barreirinha, sua terra natal”, explicou o diretor de Planejamento do Implurb, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
Desenho
Conforme desenho do imóvel, a área mais aberta no térreo será destinada a uma exposição permanente e outra itinerante. Já parte do primeiro piso vai abrigar o administrativo e um espaço de múltiplo uso, que pode servir para apresentações e até mesmo reprodução de elementos das casas do artista.
Para a filha de Thiago de Mello há a concepção da exposição permanente com biografia, memória e obras, preservando este patrimônio cultural e humano do seu pai. “Há o conceito de museologia, de trazer nossa ancestralidade de forma eterna para as próximas gerações. Fazer com que essa história seja viva, tangível. E quem vá ao Casarão possa sentir essa biografia, conhecer nomes notáveis da literatura e da Amazônia”, falou Isabella.
O diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente, lembrou que a ideia de ter um espaço para o poeta, dentro da primeira etapa de reabilitação do Centro, surgiu durante conversas com o prefeito David Almeida.
“Havia este imóvel que não tinha função definitiva e o prefeito sugeriu que se prestasse uma homenagem ao poeta, jornalista e amazônida Thiago de Mello. E em reunião com a filha dele, chegamos ao casarão para reunir grande parte do seu acervo, algumas reconstituições, como os projetos de duas casas que foram construídas em Barreirinha, pelo arquiteto Lúcio Costa”, disse Valente.
Largo
O casarão estará integrado ao largo do mirante da Ilha de São Vicente e comporá a dinâmica e o entorno dentro do “Nosso Centro”, cujas primeiras intervenções têm data de entrega para julho de 2023.
A exposição permanente que será abrigada no imóvel terá tecnologia para acesso ao mundo, com passeios virtuais pelo casarão, expondo ao máximo possível todo o patrimônio que o artista deixou. De quem foi e de quem sempre será o poeta.
A filha Isabella vem trabalhando há anos na biografia do pai, estudos que renderam dois documentários e dois livros, o primeiro sobre a vida e obra do poeta, e o segundo sobre o processo de tombamento das casas em Barreirinha. Isabella é presidente do Instituto Thiago de Mello e a parceria com a Prefeitura de Manaus vai dar espaço único à memória do autor de “Manaus, amor e memória” (1984), que retrata a capital que foi tão importante na vida do jornalista.
Biografia
Autor de “Amazonas, Pátria da Água” (1991) e “Amazônia – A Menina dos Olhos do Mundo” (1992), Amadeu Thiago de Mello nasceu em Porantim do Bom Socorro, município de Barreirinha, no dia 30 de março de 1926. É um dos poetas mais influentes e respeitados no Brasil, reconhecido como um ícone da literatura regional.
Ainda criança, mudou-se com a família para Manaus, onde iniciou seus estudos no grupo escolar Barão do Rio Branco e, depois, no Ginásio Pedro II. Dez anos mais tarde mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1950, ingressou na Faculdade Nacional de Medicina, mas não chegou a concluir o curso para seguir a carreira literária.
Durante a ditadura (1964-1985) foi preso e depois exilou-se no Chile, onde encontrou Pablo Neruda, um amigo e colaborador. No exílio, também morou na Argentina, Portugal, França e Alemanha. Com o fim do regime militar, voltou à sua cidade natal e depois mudou-se para Manaus, onde viveu até sua morte.
*com informações da assessoria
Fotos – Divulgação / Implurb
Edição Web: Bruna Oliveira
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