Manaus (AM) – O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) já prepara a instalação, em parceria com o Exército Brasileiro, de uma ponte de LSB (Logistic Support Bridge), feita de metal, no quilômetro 25 do município de Careiro Castanho, na BR 319, onde ocorreu o desabamento da ponte sobre o rio Curuçá, na última quarta-feira (28) e que deixou dezenas de vítimas.
O objetivo é restabelecer o tráfego no local, que tem sido coordenado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), se esforçando para atender centenas de pessoas que enfrentam uma enorme fila para atravessar a pé a área do desabamento, deixando idosos e crianças expostos a um calor extremo.
A demora se dá pelo risco de mais desabamentos e o perigo de veículos de passeio e grande porte passarem neste ponto da rodovia. Aos poucos, turistas, moradores de outros municípios do interior do Amazonas e quem retorna à Manaus, são liberados em grupos de quinze pessoas para atravessarem andando.
Com a instalação da ponte de LSB, o tráfego de veículos deve ser liberado, logo após o término dos trabalhos de buscas dos corpos de vítimas. Este modelo de ponte foi usado diversas vezes pelo Exército Brasileiro, com o objetivo de ajudar em situações de cheias, desastres naturais e tragédias.
Dinheiro, calor e ‘muita decepção’
Muitos deles, pelo enorme peso das bagagens e por falta de forças físicas, são obrigados a pagarem carregadores do local, que cobram taxas de R$ 5 para ajudar.
“Aqui tem uma velhinha que está para dar um ataque no sol quente. Aqui também não era para nós estarmos pagando. Era eles que deviam pagar para nós. Se não tem dinheiro, fica aqui na entrada do Careiro, porque não temos como atravessar”, disse a autônoma Francelina Sena, de 60 anos, que estava desde às 7h desta quinta-feira (29) no local, com destino a Autazes.
Outro morador do local também disse estar indignado. “Desde segunda-feira (26) que a gente vendo essa ponte quer desabar aí e, agora que vieram? Porque não viram isso antes? Somente agora que aconteceu o pior?”, questionava.
Marta Oliveira, aposentada, 75 anos, não escondeu a tristeza pelo episódio. “É muita decepção! A gente lamenta isso com as vítimas, lamenta que só agora tenham acordado para essa situação, depois das mortes e lamentamos por nós, que nem uma tenda colocaram para nos socorrer do sol”, falou visivelmente indignada.
‘Somente R$ 5’
Quem aproveitou para lucrar com a situação foram vendedores de água, refrigerantes e carregadores locais. “A gente fica muito triste, mas se estão todos no sol, vão querer água! Um refrigerante, comer alguma coisa. Até seria pior se não tivesse nada”, afirmou Antônio da Silva, 36 anos, que vendia água na fila, cigarros e até pacotinhos de amendoim.
“Vou à cidade comprar picolés e vender a R$ 2, porque tem gente que tá com vontade nesse sol. Já tiveram pessoas que me pediram até uma ‘gelada’”, afirmou outro vendedor.
Com exceção das empresas de transporte privado de passageiros, quem carregava bagagens também aproveitava para ganhar um lucro. “Eu moro perto e estou cobrando R$ 5, porque não vou levar um monte de malas na cabeça de graça, ainda mais nesse sol”, comentou.
Resgate
Até o momento, quatro corpos foram retirados do local da tragédia, a última confirmada foi Darliene Nunes, de 25 anos, comerciante em Manaquiri. Das 14 pessoas feridas, 12 tiveram alta médica. Nesta sexta-feira (30), as equipes do Corpo de Bombeiros permanecem no local com equipamentos fluviais para resgatar quem ficou submerso em, possivelmente, preso nas ferragens dos carros.
Um gabinete de crise foi instalado, sob determinação do Governador Wilson Lima, integrando as ações estaduais e federais no apoio e resgate às vítimas e suas famílias, nesta área administrada pelo Governo Federal, que disponibilizou mais lanchas para fazer a travessia do rio de forma gratuita aos populares.
Acompanhe vídeos feitos no local da tragédia
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