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Manaus colorida

Grafiteiro colore Manaus com artes que celebram a Amazônia

Alessandro Hipz se inspira na Amazônia para transformar a cidade

A Guardiã da Amazônia, no Centro de Manaus, é um dos maiores trabalhos de Hipz. Foto: Jaime Amorim

Manaus (AM) – A capital amazonense está cada vez mais colorida. Os grafiteiros usam as tintas especiais para “colorir” a capital do Amazonas. O grafiteiro Alessandro Hipz, de 37 anos, é um dos responsáveis pelas obras de arte espalhadas por Manaus. Ele se inspira na Amazônia para transformar a cidade.

É difícil um manauara dizer que nunca viu uma arte de Hipz, principalmente, se já passou pelo Centro de Manaus. O grafiteiro é autor de uma das maiores manifestações artísticas de grafite em Manaus: a “Guardiã da Amazônia“.

Hipz se apaixonou pelo grafite há 20 anos. Foto: Michael Dantas

Alessandro se apaixonou pelo grafite na adolescência, nos anos 2000. Com um talento natural para desenhar desde criança, um amigo o convidou para se aventurar no segmento.

“Meu primeiro contato com o graffiti aconteceu na escola na minha adolescência. Tinha um colega de turma que já se aventurava no segmento e pelo fato de eu desenhar ele me incentivou a conhecer o mundo do graffiti”,

contou o artista.

Processo criativo e inspirações

A maior inspiração do artista é a Amazônia. Foto: Arquivo Pessoal

O processo criativo de um artista é uma das etapas essenciais da produção de um produto artístico. Hipz baseia sua arte em vivências, relação cultural e também a observação do povo amazônico.

“Meu trabalho é sobre reafirmar nossas raízes e exaltar os traços do nosso povo. Sempre tento buscar liberdade de criação. Afinal, ao ter um artista livre na criação, as chances de um resultado satisfatório é muito maior”, afirma o grafiteiro.

Foto: Arquivo pessoal

O que mais inspira Hipz é a Amazônia. Para ele, o lugar transmuta inspiração por conta de sua natureza exuberante, no entanto, sofre com a falta de empatia humana.

Para que isso acabe, é necessário que a população comece a valorizar e passe a olhar a terra como os povos originários, admiram e olham a Amazônia. Apenas isso poderia salvar as florestas.

“Vivemos em um dos lugares mais lindos inspiradores do mundo, mas que sofre de forma brutal com a ação humana. Se tomássemos como filosofia de vida a forma e os saberes dos povos originários, conseguiríamos conciliar desenvolvimento e sustentabilidade”, aponta Hipz.

Projetos marcantes

Foto: Arquivo pessoal

Hipz tem inúmeras de suas artes espalhadas por todo o Amazonas. Inclusive, um dos projetos que mais lhe marcou foi o Expedição Cultural, em que visitou diversas cidades pelo interior e deixou sua marca artística nos municípios.

“Alguns projetos me trouxeram enorme felicidade em conseguir realizar. Pude deixar trabalhos em cada cidade”, revelou o grafiteiro

Além disso, outro projeto que marcou Hipz, foi em parceria com o Governo do Amazonas, levar oficinas a adolescentes em unidades de ressocialização. “Trabalho esse que tem grande significado para mim”, ressaltou.

Já sobre o seu projeto favorito, não podia ser diferente do que um dos grande projetos que já realizou: a Guardiã da Amazônia tem um lugar especial no hall de coisas que já realizou.

“Meu projeto favorito é a Guardiã da Amazônia, pelo fato de ser a primeira empena [parede de prédio] que realizei uma pintura e por todo desafio envolvido na execução da obra”, confessou o artista.

Em relação a quantidade de material usado em cada trabalho, o uso vai de acordo com as especificidades do projeto. Enquanto alguns ele usa 15 latas de spray, tem trabalhos que pode chegar a 250 latas. Normalmente, ele trabalha sozinho, mas quando é mural e trabalhos de grande porte, contrata uma equipe de apoio.

Os desafios da Guardiã da Amazônia

A Guardiã da Amazônia foi produzida durante 15 noites. Foto: Jaime Amorim

Um projeto como a Guardiã da Amazônia exige um esforço muito além do que apenas a produção artística. Ainda mais, que ela foi produzida em um dos prédios mais tradicionais de Manaus, “O Hotel Amazonas”.

Inspirada na indígena amazonense Ira Maragua, de São Gabriel Cachoeira (distante 852 km de Manaus), exigiu uma logística para que se realizasse. O primeiro desafio foi a captação de recursos, que foi contemplado no edital Prêmio Feliciano Lana de ações emergenciais da Lei Aldir Blanc.

Em seguida, a busca de autorizações de órgãos públicos foi mais uma etapa do processo da produção do grafite. Após a burocracia ser vencida, Hipz partiu para a fase que mais gosta: o processo de pintura.

“Feito isso é a parte prazerosa que é pintar, o processo de pintura aconteceu em 15 noites. Contei com uma equipe de apoio e dois ajudantes. Foram noites inesquecíveis de trabalho com uma vista maravilhosa para o Rio Negro”,

relembrou a experiência.

Sonhos e projetos para 2022

O mural em homenagem a Zezinho Corrêa foi um dos primeiros trabalhos que realizou em 2022. Foto:Divulgação

Apesar de já ter realizado muitas coisas, Hipz ainda tem sonhos que almeja alcançar. O artista ainda tem o sonho de pintar mais um prédio de Manaus, e que em breve, pode virar realidade.

Outros sonhos são mais ousados, mas não impossíveis de realizar. Um deles é pintar em todos os municípios do Amazonas e um outro é pintar um prédio em algum estado do Brasil e por fim, mas não menos importante, fazer uma viagem artística pelo mundo.

Sobre os projetos para 2022, Alessando Hipz revelou aos leitores do Em Tempo os principais. Inclusive, o ano começou agitado para o artista.

Em janeiro, ele realizou o mural em homenagem ao cantor amazonense Zezinho Corrêa, em parceria com o grafiteiro Marcos Vinicius e a Prefeitura de Manaus.

Durante o mês de fevereiro, continua a parceria com Marcos Vinicius, o “Chico 1304“, está executado um projeto com o nome Projeta Amazônia, que em meados de março estará pronto.

Já em abril começa o projeto “Filho da Amazônia”, em comemoração aos 20 anos na arte urbana. E está aberto para futuras parcerias.

“Quem quiser acompanhar tudo de pertinho é só seguir no Instagram @alessandro.hipz, que diariamente estou compartilhando novidades e trabalhos”, finaliza o grafiteiro.

Edição e pauta: Bruna Oliveira

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