Segundo a Organização das Nações Unidas, há uma estimativa de que a porcentagem de pessoas intersexo em todo o mundo esteja entre 0,05% e 1,7%, o que corresponde a valores entre 4 milhões e 136 milhões de pessoas. A organização Intersex Human Rights Australia define a pessoa intersexo como alguém com características sexuais congênitas, que não se enquadram nas normas médicas e sociais para corpos binários. Ou seja, aquelas que têm características físicas consideradas masculinas e outras femininas ao mesmo tempo.
Presente como o “I” da sigla LGBTQIAPN+, a pessoa intersexo carrega ainda mais preconceitos devido à falta de informação da população sobre o tema e por não se enquadrar nos estereótipos de masculino ou feminino.
“Não basta as empresas oferecerem vagas afirmativas para pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, é preciso dar suporte por meio de capacitações e assistências. O caso da pessoa intersexo, em particular, exige apoio estrutural na empresa, como a criação de banheiros que não distinguem sexo, por exemplo”,
explica Kaká Rodrigues, co-founder da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão.
A situação dessa comunidade como um todo nas organizações ainda sofre com o preconceito e a desinformação. De acordo com levantamento realizado pelo LinkedIn em 2022, 47% das pessoas LGBTQIAPN+ entrevistadas afirmaram que suas empresas não possuem práticas de promoção da igualdade ou sequer sabem da existência dessas ações no ambiente corporativo.
O mesmo índice registrou 46% na pesquisa realizada pela mídia social em 2019, mostrando que não houve evolução alguma nessa questão. Ainda segundo a pesquisa, 50% não diriam que são gays, lésbicas, intersexuais ou transexuais aos colegas de trabalho, seja porque não querem falar sobre a vida pessoal (54%) ou não veem necessidade (57%), seja por receio de influência negativa no crescimento profissional (23%) ou represália (20%). O fato é que 43% dos entrevistados já sofreram discriminação dentro do ambiente corporativo.
“Há poucas políticas públicas que amparem gays, lésbicas e transexuais, e não há nenhuma que contemple pessoas intersexo, o que agrava a situação dessa comunidade em específico, uma vez que ainda há muita desinformação ao redor dela”, comenta Kaká. No entanto, a especialista também ressalta que a busca por informação sobre a pessoa intersexo tem aumentado. “É possível ver uma movimentação de algumas empresas para buscar consultorias e associações que as auxiliem a compreender o conceito da pessoa intersexo. Esse é o primeiro passo para promover a inclusão dentro do ambiente de trabalho”,
explica.
Segundo Kaká Rodrigues, há atitudes e ações que todas as pessoas colaboradoras podem adotar no dia a dia para incluir a pessoa intersexo.
“É sempre importante que as lideranças tenham um comportamento proativo para se conscientizar sobre a diversidade presente dentro de sua equipe, mas há comportamentos que podem ser reproduzidos por todos e que ajudam a criar um ambiente de trabalho melhor, como escutar as experiências das pessoas, reconhecer e acolher as suas necessidades”,
exemplifica.
Mas a especialista enfatiza a importância da empresa buscar auxílio para promover a inclusão. “As organizações podem e devem buscar a ajuda de consultorias especializadas para auxiliar na implementação de uma cultura inclusiva, assim podem proporcionar conscientização às pessoas colaboradoras de maneira mais assertiva e transformar o ambiente de trabalho em um local seguro para todas as pessoas”, conclui.
*Com informações da assessoria
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