Com o fim do trabalho remoto, a vida profissional das brasileiras foi dificultada. Segundo pesquisa da Boston Consulting Group, 72% dos brasileiros afirmam que o teletrabalho aumentou o bem-estar. O home office também foi um marco para a equidade de gênero, pois, no mundo todo, as mulheres são as principais responsáveis pelo cuidado, garantindo as tarefas ligadas à casa e à família, por exemplo.
Tentar equilibrar o trabalho dentro e fora de casa acaba sobrecarregando e adoecendo as mulheres — é o que mostra o estudo “Esgotadas”, desenvolvido pela ONG Think Olga, que indica que 86% das brasileiras consideram ter muita carga de responsabilidades. Ainda, 45% delas possuem hoje um diagnóstico de ansiedade, depressão, ou outros tipos de transtornos que afetam sua saúde mental.
A partir deste cenário, é possível observar que as mulheres são as mais prejudicadas pela jornada de trabalho inflexível. Para Nana Lima, diretora da Think Eva, consultoria especialista em equidade e gênero no mercado corporativo, a flexibilidade é a chave para apoiar mães que também trabalham fora de casa.
“As rotinas de trabalho remoto ou em modelo híbrido ampliam oportunidades para as mulheres, as principais responsáveis por outras jornadas relacionadas ao trabalho de cuidado e às demandas da maternidade. Para elas, um modelo flexível de trabalho pode ser mais produtivo e motivado, mas precisa ser desenhado de forma sustentável. Não adianta ser flexível no horário, mas demandar disponibilidade o dia inteiro e todos os dias da semana, por exemplo”,
explica.
De acordo com levantamento da consultoria Elliott Scott HR Brasil, realizado em 2023, 69% das mulheres que possuem filhos na primeira infância acreditam que o crescimento profissional é mais lento em comparação a outras que não optaram pela maternidade. Esse dado mostra que, apesar de vários avanços, a falta de conscientização ainda é presente no mercado de trabalho quando falamos a respeito da conciliação da carreira e a maternidade.
“Existe um mundo que circula a maternidade que, muitas vezes, é visto como um mundo da improdutividade, como se a mulher que é mãe, está grávida ou amamentando, não fosse produtiva no mercado de trabalho. Mas, na verdade, ela está dividindo esta produtividade com o mundo do trabalho reprodutivo, que hoje é desconsiderado”,
destaca Maíra Liguori, diretora da Think Eva.
Conforme o relatório “Women in Workplace 2022”, realizado pela McKinsey, mostra que, devido à falta de flexibilidade, 49% das mulheres deixariam os empregos — reforçando que a flexibilidade é essencial para mantê-las no mercado de trabalho, principalmente às mães.
“Existem maneiras de adequar o trabalho e, nesses casos, a jornada flexível é fundamental. Além de apoio e acolhimento, as empresas podem oferecer a possibilidade de trabalho por projetos ou metas, ao invés da carga horária tradicional já conhecida. Isso pode ser realizado dentro da realidade de cada empresa e tipo de função”,
afirma Maíra.
Emprega Mais Mulheres
Ainda, em 2022, a sanção da Lei Emprega Mais Mulheres significou um importante avanço da equidade de gênero no mercado de trabalho, pois também oferece subsídios para uma solução. A partir dela, as empresas e funcionários ganham abertura para negociar vagas remotas, já os trabalhadores com filhos pequenos ou que possuem deficiência, sem limite de idade, possuem prioridade para atuar neste modelo de trabalho. Estão incluídas na legislação o auxílio-creche, auxílio babá e a negociação de jornadas de trabalho flexíveis (reduzindo a carga horária, flexibilizando horários de entrada e saída dos colaboradores, criando regimes de compensação de horas ou permitindo escalas 12h/36h), posicionando a equidade e parentalidade de forma ampla.
*Com informações da assessoria
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