Manaus (AM) — Uma criança de 5 anos foi atropelada por uma motocicleta no momento em que atravessava uma rua do bairro Tancredo Neves, Zona Leste de Manaus, no dia 24 de maio. A ocorrência, infelizmente, não foi caso isolado e, entre 18 a 24 de maio, foram quase 900 demandas de trânsito e transporte registrados na capital amazonense. O engenheiro de trânsito Manoel Paiva, com base em pesquisas, destaca que a maioria desses acidentes ocorre durante o fim de semana, quando a população aproveita para priorizar momentos de lazer.
No dia 18, o casal Maria Gelsa Farias de Almeida, de 50 anos, e Paulo Avani dos Santos Aviz, 33 anos, morreu após grave acidente na BR-319, no bairro Distrito Industrial.
“A análise estratificada por dia da semana evidencia a relevância da implementação de medidas preventivas e intervenções direcionadas para mitigar os riscos associados aos ATT (acidentes de trânsito de transporte terrestre) envolvendo motocicletas. A concentração de mortes nos finais de semana sugere a influência de fatores comportamentais, como do consumo de álcool, aumento do lazer, contribuindo para um aumento na exposição a situações de risco no tráfego”,
enfatizou.
Conforme levantamento do Centro de Cooperação da Cidade (CCC), durante o período analisado, foram registrados 851 casos com demandas de trânsito e transporte, onde a maioria das ocorrências foram relacionadas aos acidentes de trânsito envolvendo danos materiais, vítimas lesionadas e vítimas fatais, além de estacionamento irregular.
Contenção de danos
Para contornar a situação, Manoel aponta que várias medidas precisam e podem ser tomadas para estancar a sangria de tantas vítimas (lesionadas e fatais) no trânsito. No primeiro momento, é preciso eleger, planejar, programar e implantar medidas objetivas, diretas e eficazes para um cronograma real, visando diminuir os números alarmantes e preocupantes de vítimas urbanas da insegurança viária de ruas, avenidas e passeios públicos.
Como medidas de curto prazo, o engenheiro de trânsito lista alguns pontos que deveriam ser prioridade para melhorar o fluxo de trânsito em Manaus.
“Intensificar e melhorar a fiscalização preventiva nos finais de semana, principalmente, de noite, nos principais corredores; melhorar a operação do Transporte Coletivo Urbano nos finais de semana, oferecendo mais veículos operacionais; melhorar e implantar sinalização semafórica, horizontal e vertical, em pontos negros de acidentes; e mobilizar, durante o dia, equipes de educação e orientação de trânsito nas zonas Norte, Leste, Oeste e Central”,
pontuou Manoel.
Mas para que Manaus consiga diminuir consideravelmente o número de ocorrências de trânsito, é preciso ter um plano estratégico para reforçar pontos que hoje são considerados ineficientes.
“É preciso estudar, planejar, programar e implantar o Projeto de Tarifa Zero, nos finais de semana, para o Transporte Coletivo Urbano de passageiros em linhas mais utilizadas das três zonas (Norte, Leste e Oeste); implantar a fiscalização eletrônica para controle de velocidade e comportamentos infracionais perigosos em interseções, nos principais corredores; e implantar, operar e fiscalizar as vias exclusivas de operação do transporte coletivo urbano, para aumentar a velocidade comercial, diminuir o tempo de viagem”,
explicou o profissional.
Tempo de espera
Quanto mais tempo o cidadão fica preso no trânsito, mais ele está propenso a presenciar ou sofrer algum tipo de ocorrência neste sentido. Em São Paulo, por exemplo, a pesquisa da Rede Nossa São Paulo e do Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com o Ipec, divulgada em 2023, revelou que, em média, o paulistano perde 2h26 m de seu dia no trânsito – sete minutos a mais do que em 2022. Para quem usa veículo próprio, o tempo médio chega a 2h46 m, 23 minutos a mais do que para quem opta pelo transporte público.
Já no Rio de Janeiro, o relatório do Moovit, divulgado em janeiro de 2023, apontou que o Rio de Janeiro é a quarta cidade no mundo com maior tempo médio de viagem no transporte público, onde, no município, a população leva em média 67 minutos para se deslocar de um ponto a outro. O dado se refere ao ano de 2022.
Manaus, apesar de ser considerada uma cidade menor que os grandes centros urbanos do sudeste do país, também enfrenta dificuldades no fluxo viário. Com o aumento do número de carros, as ruas e avenidas ficam paradas durante horário de pico, o quer requer atenção por parte de órgãos responsáveis.
“Temos que melhorar as condições de circulação e trafegabilidade dos motociclistas (32,0% da frota de Manaus), melhorar os mobiliários urbanos para os usuários do transporte coletivo urbano, priorizar a circulação de ônibus de transporte de passageiros (urbanos e fretamento do Polo Industrial de Manaus), ampliar o monitoramento, fiscalização e operação dos veículos de cargas e veículos do transporte individual. Temos que ampliar o gerenciamento, fiscalização e operação diária do nosso sistema viário, com o aumento de efetivo de agentes de trânsito municipal e batalhão de trânsito do estado”,
finalizou.
Para o profissional, por meio dessas medidas, será possível estancar a utilização desordenada e desproporcional da ocupação do atual sistema viário da cidade, priorizando diariamente a maioria da população, que depende de transporte coletivo urbano, atraindo os antigos usuários do sistema de transporte, incentivando quem utiliza o transporte individual de passageiros (aplicativos e motocicletas particulares), para começarem a utilizar um transporte coletivo mais confiável, mais rápido, com menos tempo de deslocamento, com mais conforto, com mais confiabilidade, com mais informação e mais segurança.
Leia mais
Obras para implantar rede de esgoto estrangula trânsito na Constantino Nery
‘Velho da Havan’ para o trânsito em Manaus; confira o vídeo
Manutenção em rede de água interdita trecho da Avenida Constantino Nery e deixa trânsito lento
Para ficar por dentro de outras notícias e receber conteúdo exclusivo do portal EM TEMPO, acesse nosso canal no WhatsApp. Clique aqui e junte-se a nós! 🚀📱