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Promessa eleitoral de presidente Lula, churrasco segue mais barato em 2024

Preço das carnes limita inflação brasileira nos últimos meses

Imagem: Getty Images

O churrasco pesou menos no bolso dos brasileiros no primeiro semestre. A promessa feita pelo presidente Lula de devolver a “picanha” para a mesa da população é confirmada nos resultados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Nos seis primeiros meses deste ano, o preço das carnes subiu apenas em janeiro e acumulou queda de 2,98% no período. Nos últimos 12 meses, a redução é ainda maior, de 6,5%.

Preço das carnes limita inflação brasileira nos últimos meses. As divulgações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, na contramão da evolução dos alimentos, a proteína apresenta deflação nos últimos meses. Neste ano, as carnes ficaram mais caras apenas em janeiro (+0,08%). O movimento fez com que o preço das carnes fechasse o primeiro semestre com queda de 2,89%.

Redução dos preços foi acompanhada por todos os 16 cortes pesquisados. Entre os tipos de carnes analisados mensalmente, as maiores baixas do primeiro semestre foram apuradas nos preços do fígado (-8,2%) e do lagarto redondo (-5,2%). Nos últimos 12 meses, a queda de preços alcança 6,5%. Neste recorte, a costela apresenta queda de 11,9% e fica atrás apenas do fígado (-21,7%).

As carnes estão mais baratas em todas as capitais que compõem o índice. Entre janeiro e junho, os destaques ficam por conta do Rio de Janeiro (-5,1%), de Salvador (-4,55%) e Belém (-4,28%). Por outro lado, as menores quedas foram verificadas em Recife (-0,78%), Distrito Federal (-1,02%) e Fortaleza (-1%).

O cenário positivo para os amantes de churrasco persiste desde o ano passado. Em 2023, primeiro ano do terceiro mandato de Lula, o preço das carnes caiu 9,4%, também com todos os cortes mais baratos em relação ao fim de 2022.

Queda dos preços e motivada pelo aumento da oferta no Brasil. Com a manutenção do nível de procura pelos produtos, o efeito é refletido na redução dos preços. “O que explica a redução nos preços das carnes em 2023 e no primeiro semestre é um aumento significativo da oferta no mercado doméstico”, afirma André Almeida, gerente do IPCA.

“O aumento da oferta é a principal consequência da redução de preço das carnes. Se tem mais bovinos disponíveis para corte e para o consumo de carne, isso faz com que o preço caia.” disse Matheus Dias, economista do Ibre FGV.

Retomada do poder de compra é vista como auxílio para a redução da demanda. Mesmo com uma maior oferta de carne no mercado, Walter Franco, professor do Ibmec São Paulo, observa que os salários seguem baixos e limitam o consumo das proteínas. “A carne vermelha, em específico, é um produto mais caro”, ressalta ele.

“O consumo de carne depende, prioritariamente, de um aumento da renda para que você insira em maior quantidade a quantidade de proteína na sua cesta de compras”, afimrou Walter Franco, professor do Ibmec São Paulo.

O cenário que resultou na redução de preço das carnes pode ser interrompido. “A gente tem visto que o preço do boi gordo tem aumentado nas últimas semanas, fazendo com que haja uma reversão da tendência de queda”, observa Dias, do Ibre FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas). Segundo ele, o movimento pode ser influenciados pelas cotações da soja e do milho, grãos utilizados para a alimentação do gado.

Substitutos

A queda de preço das carnes não reflete em todos os substitutos. Opções mais baratas do que a carne vermelha no mercado, o frango e o ovo são proteínas de preferência das famílias na hora de substituir a carne vermelha. No entanto, os produtos acumulam altas mais expressivas no primeiro semestre.

Entre as proteínas substitutas, apenas a carne de porco ficou mais em conta (-0,73%). Enquanto o preço do ovo de galinha avançou 4,2%, o frango em pedaços (+5%) e inteiro (+2%) também têm um custo mais salgado para as famílias. “O cenário é ligeiramente parecido, porque os fatores referentes à alimentação e à produção estão relacionados aos substitutos imediatos”, explica Dias.

Os pescados ficaram 1,9% mais caros entre janeiro e junho. Outro potencial substituto para as carnes vermelhas, os peixes estão mais caros. Ainda assim, algumas espécies apresentam deflações significativas. É o caso do peixe-dourada (-20,9%), do peixe-anchova (-10%), do peixe-filhote (-6%) e do peixe-tainha (-5,6%).

Reforma tributária

A proposta de reforma tributária em tramitação no Congresso pode impactar na queda de preço das carnes. O atual relatório do texto em tramitação na Câmara dos Deputados exclui as proteínas animais da relação de alimentos que terão alíquota zero na cesta básica. A inclusão é um pedido do presidente Lula.

“Eu, sinceramente, sou daqueles que vai ficar feliz se eu puder comprar carne sem imposto”, disse Lula, presidente do Brasil, em anúncio do Plano Safra 2024/2025

O resultado da decisão pode chegar até o bolso das famílias. Ao reforçar que a redução de preços está diretamente ligada ao aumento da oferta, Dias vê um possível impacto da nova tributação no valor das carnes ao consumidor final. “Pode, sim, haver um aumento dos preços devido ao aumento de tributação”, prevê.

Franco, por sua vez, observa que pode não haver espaço para elevação dos preços no momento. “Acredito que a taxação pode até vir, mas será, em parte, absorvida por uma demanda menor, um menor espaço para o varejista colocar um preço mais alto e as ofertas maiores”, avalia.

*Com informações da UOL

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Comentários:

  1. Quando publicar uma matéria dessa. Verifica aonde foi que os preços dessas carnes foram reduzidas. Quem compra carne toda semana tem total moral pra ser uma fonte de pesquisa. Essas pesquisas ai tudo furada.

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