A expectativa entre aliados próximos e advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é de que ele poderá ser preso até outubro deste ano, caso se confirme a aceleração do julgamento de investigações conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O novo calendário processual, confirmado por ministros da Corte, prevê o encerramento de etapas decisivas em até quatro meses.
A avaliação circula entre membros do núcleo político bolsonarista e advogados envolvidos na defesa do ex-presidente, diante da velocidade com que os inquéritos — especialmente o que trata da tentativa de golpe de Estado e articulações golpistas após as eleições de 2022 — estão sendo conduzidos pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.
“Não se trata mais de uma possibilidade remota. A estratégia da defesa já considera cenários de prisão preventiva ou até mesmo de condenação em tempo recorde”, afirmou, sob condição de anonimato, um advogado próximo ao caso.
No entorno de Bolsonaro, há crescente apreensão. Interlocutores relataram que o ex-presidente estaria ciente da mudança de tom no STF e tem feito reuniões frequentes com sua equipe jurídica e parlamentares aliados. A defesa, no entanto, trabalha paralelamente para tentar retardar o processo com novos pedidos de diligência e recursos ao Supremo.
Julgamento acelerado
O sinal de que o STF pretende dar celeridade ao julgamento foi dado após a conclusão da fase de coleta de provas. A Procuradoria-Geral da República (PGR) já apresentou manifestações favoráveis à abertura de ações penais em pelo menos dois dos inquéritos envolvendo o ex-presidente, incluindo a suposta falsificação de cartões de vacina e a articulação de um plano para deslegitimar as eleições.
Nos bastidores, ministros ouvidos pela reportagem indicaram que há consenso na Corte sobre a gravidade dos fatos apurados e a necessidade de responder com agilidade institucional.
“O país não pode viver indefinidamente sob a sombra de um ex-presidente sob investigação por ataque à democracia”, disse um integrante do STF.
Risco político
A possível prisão de Bolsonaro antes das eleições municipais deste ano tem potencial para gerar forte reação entre sua base de apoio e reconfigurar o cenário político, especialmente no interior e nas capitais onde o bolsonarismo mantém influência. Líderes do PL já debatem internamente como administrar o impacto político de uma eventual prisão durante o processo eleitoral.
Mesmo aliados que defendem a “resistência política” reconhecem que o avanço das investigações tem tornado insustentável a estratégia de negar os fatos. “A essa altura, o discurso de perseguição já não convence parte significativa do eleitorado”, comentou um parlamentar da oposição, sob reserva.
Enquanto isso, Bolsonaro mantém sua rotina de compromissos públicos reduzidos, com aparições em eventos restritos e sem manifestações diretas sobre o andamento dos inquéritos.
*Com informações da Folha de São Paulo
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