A estudante trans Carmen de Oliveira Alves está desaparecida desde 12 de junho, após realizar uma prova na Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Ilha Solteira, no interior de São Paulo. O caso é investigado como feminicídio.
Segundo a Polícia Civil, o principal suspeito é Marcos Yuri Amorim, namorado da vítima, que não queria assumir publicamente o relacionamento. O corpo de Carmen ainda não foi localizado.
Namorado e PM da reserva são presos
Na quinta-feira (10), a Polícia Civil prendeu temporariamente Marcos Yuri e o policial militar ambiental da reserva Roberto Carlos Oliveira, apontados como cúmplices no crime. Conforme o delegado Miguel Rocha, os dois mantinham uma relação amorosa e teriam atuado juntos no assassinato e ocultação do corpo.
Ainda segundo a investigação, Carmen teria montado um dossiê com provas de envolvimento de Marcos em crimes como roubo e furto, usando o material para pressioná-lo a assumir o relacionamento.
“Acredito que ela estaria pressionando ele para assumir o relacionamento, coisa que ele não aceitava”, explicou o delegado. “Segundo a análise do notebook e dos depoimentos, vimos que havia recusa por parte dele, o que acabou motivando o crime.”
Última localização foi a casa do namorado
Carmen foi vista pela última vez saindo da universidade. O rastreamento do celular mostrou que ela esteve, pela última vez, na residência de Marcos, localizada no assentamento Estrela da Ilha, em Ilha Solteira.
Equipes da polícia, com o apoio da Guarda Municipal, do Canil da PM e drones de varredura, continuam as buscas na região. Há suspeita de que o corpo tenha sido lançado em um rio próximo, e a Marinha do Brasil foi acionada para colaborar nas buscas. Se necessário, mergulhadores também serão utilizados.
Família cobra respostas: “Onde está Carmen?”
Em nota publicada nas redes sociais, a família de Carmen lamentou o desaparecimento e relatou a dor vivida há quase um mês.
“Desde o início dessa jornada, nossas vidas foram brutalmente abaladas. Procuramos por respostas e sofremos com a angústia dos dias passando sem retorno.”
A nota também denuncia a lentidão da Justiça, especialmente em casos que envolvem mulheres trans e negras.
“Nosso luto só será vivido quando obtivermos a resposta que gritamos há um mês: Onde está a Carmen?”
Unesp lamenta o caso e presta solidariedade
A Unesp emitiu comunicado nas redes sociais, lamentando o desaparecimento da estudante e a hipótese de feminicídio.
“Reiteramos nosso repúdio a toda forma de violência e nosso respeito à diversidade. A Universidade reafirma seu compromisso com a defesa da vida e da dignidade humana.”
A instituição não se pronunciou sobre a situação acadêmica de Marcos Yuri, também aluno da universidade.
(*) Com informações da assessoria
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