O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM) deflagrou na manhã desta quarta-feira (17) a segunda fase da Operação Militia. A ação cumpriu dois mandados de prisão e cinco de busca e apreensão nas cidades de Manaus e Borba. O objetivo é desarticular uma organização criminosa envolvida em extorsão, falsificação de documentos e lavagem de dinheiro por meio de contas bancárias fraudulentas.
As investigações levaram à prisão de um sargento reformado da Polícia Militar e de um civil. Segundo o promotor de Justiça Armando Gurgel, o grupo usava documentos falsificados para abrir contas bancárias, inclusive em nome de um perito da Polícia Civil — vítima do esquema. A conta em nome do perito funcionava como intermediária para receber dinheiro extorquido.
“Desde o início, suspeitávamos que o perito era inocente, o que se confirmou. Ele colaborou com a investigação, o que foi essencial para identificar a falsificação e o uso indevido da identidade dele”, afirmou o promotor.
A polícia prendeu o civil em Borba; ele teria aberto a conta fraudulenta com os dados do perito. Já o sargento reformado manipulava essa conta para movimentar os valores obtidos com o crime. O MP informou que ele foi reformado após mais de um ano afastado por motivos médicos. Em 2023, esse mesmo sargento já havia sido preso por envolvimento com o tráfico de drogas e trocado tiros com a polícia no momento da captura.
Além das prisões, os agentes cumpriram quatro mandados de busca em Manaus e um em Borba, todos em endereços ligados aos investigados. Eles apreenderam equipamentos eletrônicos, mas não encontraram armas de fogo nesta etapa.
As investigações apontaram que a quadrilha agia com estrutura definida e divisão de tarefas. O núcleo alvo desta fase era responsável por criar contas falsas e movimentar o dinheiro, dificultando o rastreamento dos verdadeiros autores dos crimes.
O MP também confirmou que parte dos criminosos tinha ligação com forças de segurança. Algumas vítimas relataram que os suspeitos usavam roupas paramilitares e, em certos casos, se passavam por policiais.
“As vítimas percebiam que havia algo errado. Mesmo fora de serviço, os criminosos sequestravam, extorquiam e liberavam as pessoas sem qualquer procedimento legal”, acrescentou Gurgel.
Algumas vítimas preferiram procurar diretamente o Ministério Público, sentindo-se mais seguras. O MPAM reforçou que mantém canais abertos para denúncias, tanto presencialmente quanto pela internet, e reafirmou seu compromisso no combate à criminalidade e à corrupção, inclusive dentro das instituições públicas.
Balanço da operação
Com essas duas novas prisões, a Operação Militia já soma 11 detidos. As investigações continuam, e o MP não descarta a expedição de novos mandados.
O grupo responde por extorsão mediante sequestro, estelionato, falsidade documental e lavagem de dinheiro. Até agora, os investigadores identificaram pelo menos três vítimas diretamente ligadas ao esquema: uma pessoa e um casal.
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