O cinegrafista manauara Renato Belém Ramos, 38 anos, é um dos nove brasileiros que embarcam nesta segunda-feira (29) para se juntar ao exército da Ucrânia na luta contra a Rússia.

O profissional já estava alistado e aguardava a convocação, que ocorreu na última semana. Agora, ele embarca para a Bahia, de onde partirá em voo rumo à Europa.

Histórico

Renato já trabalhou nas emissoras TV Amazonas, TV Norte, A Crítica e BNC Amazonas. Pai de dois filhos, ele tem uma filha de 12 anos e um filho de 19.

Quando anunciou nas redes sociais que se voluntariava para a guerra na Ucrânia, Renato Belém explicou que a forma como a Rússia tem agredido o país vizinho influenciou fortemente sua decisão.

“Eu sempre fiquei revoltado com a maneira como a Rússia age até hoje contra os ucranianos. Ter sua casa invadida, alguém querendo tomar sua casa à força, querendo te expulsar… Isso causa revolta em qualquer pessoa”, afirmou ele em fevereiro.

Além do aspecto humanitário, Renato também mencionou motivações financeiras para participar do conflito.

“É uma oportunidade de melhorar a vida para mim e minha família. O salário bruto pode chegar a 18 mil Hryvnias (moeda ucraniana). Dependendo da missão, você pode ganhar o dobro disso. Cada missão é paga, e o valor é maior que o salário base”, explicou.

Guerra

A guerra, que se arrasta há mais de três anos desde a invasão russa de fevereiro de 2022, continua com foco em algumas áreas críticas e envolve uma escalada de táticas.

  • Intensidade dos Combates e Táticas: A guerra terrestre se concentra em frentes no leste (como Pokrovsk e Donetsk) e sul da Ucrânia, com relatos de avanços e contra-ataques de ambos os lados. Os drones aéreos têm desempenhado um papel cada vez mais central e destrutivo, sendo responsáveis por uma grande porcentagem das baixas no campo de batalha, e as defesas antiaéreas são cruciais.
  • Ataques de Longo Alcance: A Rússia continua realizando ataques massivos com mísseis e drones contra cidades e infraestruturas críticas ucranianas, como sistemas de energia, frequentemente resultando em vítimas civis. Por outro lado, a Ucrânia também tem levado a guerra para dentro do território russo, usando drones e mísseis de longo alcance (incluindo armamentos fornecidos pelo Ocidente) para atingir alvos militares e depósitos.
  • Apoio Internacional: A OTAN e a União Europeia (UE) continuam a fornecer apoio financeiro e militar à Ucrânia, apesar de tensões e debates internos sobre a extensão dessa ajuda (por exemplo, a questão do uso de armamento em território russo e o congelamento de ativos russos). A Rússia, por sua vez, busca estreitar laços com aliados como a Coreia do Norte.
  • Tensão Geopolítica: A guerra gerou uma enorme tensão entre a Rússia e o Ocidente, com a Rússia alertando a OTAN sobre respostas a qualquer “agressão”. Incidentes envolvendo drones russos no espaço aéreo de países vizinhos (como Polônia e Dinamarca) aumentaram a vigilância da OTAN na região do Báltico. Há também o risco latente de guerra híbrida (incluindo ciberataques) e a sombra da ameaça nuclear russa em caso de escalada maior.
  • Consequências Humanitárias: A guerra resultou em uma crise humanitária de enormes proporções, com milhões de refugiados fugindo da Ucrânia e milhões de deslocados internos. Cidades inteiras, como Mariupol, foram amplamente destruídas, e há investigações em curso sobre crimes de guerra, incluindo tortura e o traslado forçado de civis e crianças ucranianas para a Rússia.

Participação de brasileiros na guerra

Não existem dados oficiais consolidados e precisos sobre o número total de brasileiros que se alistaram ou estão participando ativamente dos combates na guerra na Ucrânia.

  • Voluntários Estrangeiros: O governo ucraniano criou a Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia para estrangeiros que desejam lutar. Brasileiros, muitos com experiência militar prévia, têm se juntado a essa legião ou a outros grupos de combate.
  • Estimativas: As estimativas variam e são difíceis de verificar, mas relatórios de imprensa e autoridades, principalmente no início da guerra, indicavam que dezenas ou até centenas de brasileiros poderiam ter se deslocado para a região para se juntar aos esforços de guerra, seja como combatentes ou em funções de apoio.

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