Estratégias de prevenção da sífilis transmitida da mãe para o bebê,foi intensificada priorizando o diagnóstico precoce e o tratamento durante o pré-natal. A medida visa reduzir os casos de transmissão vertical da infecção durante a gestação ou o parto.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), o município registrou 1.864 casos de sífilis em gestantes até 10 de outubro deste ano. O número representa um aumento de cerca de 30% na média mensal em comparação a 2024, que teve 1.789 notificações no total.

A diretora da Dvae/Semsa, enfermeira Marinélia Ferreira, alerta que, embora a sífilis tenha tratamento e cura, a forma transmitida da mãe para o bebê pode causar danos irreversíveis ao recém-nascido, como cegueira, surdez, malformações, parto prematuro e até morte neonatal.

O teste rápido para sífilis é oferecido gratuitamente nas Unidades de Saúde de Manaus. Ele pode ser feito em até 30 minutos, com uma gota de sangue da ponta do dedo.

A técnica do Núcleo de Controle de ISTs da Semsa, enfermeira Ylara Enmily Costa, reforça a importância da testagem.

“A oferta do teste rápido é uma estratégia para facilitar o acesso da população e captar o maior número possível de pessoas”, explica Ylara.

Ela orienta que todas as pessoas sexualmente ativas façam o exame pelo menos uma vez ao ano, especialmente se houve relação sexual sem preservativo.

Pré-natal é chave para evitar transmissão da sífilis ao bebê

Gestantes devem ser testadas três vezes durante a gestação: no 1º e 3º trimestres e no momento do parto ou aborto. O pré-natal permite identificar precocemente a infecção e iniciar o tratamento.

“A melhor forma de prevenir é que a mulher, no momento da suspeita da gravidez, inicie o pré-natal”, reforça Ylara.

Casos de sífilis em recém-nascidos apresentam queda discreta

De janeiro a 10 de outubro, Manaus registrou 268 casos de sífilis transmitida da mãe para o bebê, uma redução de 11,5% em comparação aos 354 casos de 2024. Ainda assim, os desafios persistem.

Segundo Ylara Costa, 30% das mães não realizaram o pré-natal. No entanto, 70% das que iniciaram o tratamento não o concluíram, o que compromete a eficácia da prevenção.

“Mesmo iniciando com a medicação, se a gestante não finalizar o tratamento, a criança vai nascer com sífilis”, explica.

O tratamento da sífilis é feito com penicilina benzatina, aplicada na Unidade Básica de Saúde (UBS). Pode ser em dose única ou em três doses semanais, conforme avaliação médica.

É essencial que o parceiro da gestante também realize o teste rápido e inicie o tratamento, evitando a reinfecção da mãe.

Sífilis: IST grave e silenciosa

Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). A transmissão ocorre principalmente por relação sexual sem preservativo.

Na fase primária, a infecção se manifesta por feridas indolores nos órgãos genitais, ânus ou boca. Se não tratada, pode evoluir por décadas, causando lesões ósseas, neurológicas e cardiovasculares, podendo levar à morte.

Em 2025, além dos casos em gestantes e em recém-nascidos, Manaus registrou 2.799 casos de sífilis adquirida em adultos.

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