A cantora e compositora Tainá e i o u representa o Amazonas em um dos encontros musicais mais ousados do ano: o Festival Internacional AmaJazzon 2025, que reúne artistas da Amazônia, África, Ásia, Europa e Américas em uma celebração do intercâmbio sonoro global. O evento acontece no Theatro da Paz, em Belém (PA), de 28 a 30 de novembro.
Além de se apresentar ao lado da Amazônia Jazz Band e de Juliana Sinimbú, Tainá também ministra uma oficina no AmaJazzon Lab, programa formativo gratuito dedicado à criação, à escuta e à experimentação.
A Amazônia como linguagem sonora
Natural de Manaus, Tainá desponta como um dos nomes mais instigantes da nova cena musical brasileira, com defesa ativa da inclusão da cultura do Norte no mundo. Reconhecida pela ousadia estética e por tensionar limites de linguagem, ela constrói um universo autoral em que o popular e o vanguardista se alimentam mutuamente.
Seu trabalho cruza beiradão, carimbó e outros ritmos amazônicos com free jazz, música clássica e improviso, em tramas de timbre e textura que apostam no risco criativo — não à toa, Tom Zé é um dos entusiastas de sua carreira.
O álbum de estreia, METACOMUNICANÇÃO, aprofunda essa pesquisa e trata a Amazônia como matriz estética e conceitual, não como ilustração.
“A Amazônia atravessa minha música como uma matriz viva. A paisagem sonora amazônica, marcada pela densidade e multiplicidade, se manifesta nas escolhas de timbre e textura. Não se trata do belo canto de um pássaro solitário, mas do entrelaçamento de muitas vozes — o diálogo entre o vento, a água, as formigas, as folhas que caem. É sobre o grande free jazz que a floresta nos oferece o tempo inteiro”, diz.
Carreira internacional e reconhecimento
Tainá recebeu o Prêmio Tenco – Lado B, na Itália, e participa do documentário Amália Amada (dir. Marcelo Machado – Tropicália, Com a Palavra: Arnaldo Antunes).
Em turnê de pré-lançamento, passou por festivais como o WOMAD Brasil (Curitiba) e o AmaJazzon 2024 (Pará), dividindo o palco com Di Melo e Avishai Cohen, além de realizar shows pela Europa.
Conexão entre culturas no Festival AmaJazzon
No AmaJazzon 2025, a artista participa de um diálogo entre as sonoridades do Norte do Brasil e de outras partes do mundo.
“Quando artistas da África, da Ásia, da Europa e das Américas se conectam a partir da Amazônia, o diálogo ganha uma camada ancestral. A floresta atua como mediadora: fazer som é também praticar coexistência”, reflete.
Sobre levar uma proposta experimental ao palco histórico do Theatro da Paz, Tainá fala sobre o encontro entre tempos e linguagens.
“Expandir o jazz pela força da colaboração é perceber que tradição e inovação não se opõem, elas se alimentam. É a tal antropofagia de Oswald de Andrade aplicada ao som.”
Oficina de voz e composição no AmaJazzon Lab
Durante o AmaJazzon Lab, Tainá compartilha seus processos criativos em uma oficina de voz e composição baseada na improvisação.
“A ideia é promover uma troca entre técnica e expressão. A voz como instrumento, mas também como gesto e presença”, resume.
Diálogo global e formação gratuita
O AmaJazzon Lab reúne nomes de diferentes países e tradições musicais, como Lenna Bahule e Matchume Zango (Moçambique), Karyna Gomes (Guiné-Bissau), Uriel Herman (Israel/Hungria) e Manuel de Oliveira (Portugal). As inscrições gratuitas já estão abertas.
“Essa é a primeira vez que o AmaJazzon realiza uma programação formativa em Belém. O Lab nasce do desejo de criar um espaço de troca entre artistas locais e internacionais, promovendo encontros que aprofundam a escuta, a criação coletiva e o pensamento musical a partir da Amazônia”, explica Anabela Cunha, curadora do festival.
Serviço
Festival Internacional AmaJazzon 2025
📅 28 a 30 de novembro de 2025
📍 Theatro da Paz – Belém (PA)
🎟️ Ingressos: bilheteria e @amajazzon
📸 Foto: Daryan Dornelles
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