Manaus (AM) – Os esportes adaptados para Pessoas com Deficiência (PCD´s) surgiu no século XX com modalidades voltadas apenas para deficientes auditivos. Desde então, esses começaram a ganhar espaço no cenário esportivo englobando outros tipos de deficiências e logo se tornou referência em todo o país, principalmente, no Amazonas.
Em alusão ao Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência, que é celebrado no dia 21, e ao Dia Nacional do Atleta Paralímpico, comemorado no dia 22 de setembro, o EM TEMPO traz histórias de três atletas paralímpicos que são exemplos de superação e contam como o esporte transformou suas vidas.
O atleta paralímpico de halterofilismo, Eduardo Dantas, de 39 anos, define a prática esportiva como um “amor incondicional”. Acometido com poliomielite desde o nascimento, o que o deixou com algumas sequelas, o atleta destaca que a relação com a modalidade surgiu em 2014, por meio da então secretária da Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Alessandra Campêlo, que fechou uma parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro.
No halterofilismo, competem homens e mulheres que possuem deficiência nos membros inferiores (amputados e lesionados medulares) e paralisados cerebrais.
“Enfrentei o preconceito desde cedo, mas o esporte abriu várias portas. No início, às vezes, só recebia apoio de passagens, isso quando saía pela secretaria de esporte. Caso contrário, teria que comprar do próprio bolso se quisesse participar de alguma competição”, destacou.
O Amazonas conquistou cinco medalhas no Campeonato Brasileiro de Halterofilismo de 2019, o evento contou com a participação de 104 atletas de 11 estados e do Distrito Federal. O atleta paralímpico amazonense, que faz parte da equipe de halterofilismo da Associação de Deficientes Físicos do Amazonas (Adefa), ganhou o 1º lugar na categoria até 54 kg e segue conquistando os pódios nacionais.
O paratleta se classificou para o WPPO European Open Championships, que acontecerá em Tbilisi, capital da Geórgia, no período de 24 a 29 de setembro. A equipe teve apoio do Governo do Estado, por meio de passagens aéreas, para o último Meeting Paralímpico Loterias Caixa, em Natal (RN), que é considerado um dos eventos mais importantes do país e garantiu a classificação para a competição internacional. O campeonato contou com mais de 193 atletas de diversos estados brasileiros.
“Sou campeão brasileiro durante três anos pela categoria 49kg e dois anos seguidos categoria de 54 kg. Recentemente, eu e outros atletas nos classificamos para uma competição internacional e alcançamos o nosso objetivo após a participação no Campeonato Brasileiro de Halterofilismo. A competição foi ótima e repleta de conquistas para o nosso estado. Vou dar o meu melhor e espero voltar como campeão mundial”, ressaltou.
Paratleta da modalidade de atletismo desde 2007, Dernival Souza dos Santos, de 47 anos, também se classificou para o Campeonato Internacional após garantir duas medalhas de ouro nos arremessos de peso e de disco. O único paratleta deficiente visual do Amazonas, Dernival conheceu o esporte em 2002 e coleciona conquistas nacionais sempre em primeiro ou segundo lugar.
“Conheci o esporte como uma alternativa para driblar um problema de saúde, eu estava muito obeso. Ele mudou a minha vida completamente. Já coleciono inúmeras conquistas e as minhas maiores são as de nacionais de 2007 e 2010 sempre entre o primeiro e o segundo na competição nacional em São Paulo. Competindo pela minha categoria de deficiente visual F12 na região Norte, sou unânime”, informou.
Não é a primeira vez que Dernival participa de um Campeonato a nível internacional. No último WPPO European Open Championships, que foi realizado em São Paulo e reuniu 24 países, o paratleta conquistou o segundo lugar.
“Para mim, foi uma conquista muito grande. Estou muito feliz com o resultado da última competição em que a equipe participou e acredito que vou realizar o meu objetivo de ser um campeão mundial. Tenho muita força de vontade e me dedico todos os dias nos meus treinos para alcançar essa meta”, declarou o medalhista.
Com uma intensa rotina de treinos, Dernival ressalta que tem como meta principal participar de um Campeonato que será realizado em 2023 na cidade de São Paulo (SP) e reunirá 36 atletas em todo o mundo. Além disso, também ressaltou o apoio aos paratletas.
“Nós estamos em setembro, a competição é ano que vem, mas os caras de lá estão treinando com gosto e gás. Minha rotina de treino é de segunda a sexta pela parte da manhã, de 7h30 até às 10h. Faço treinamento de musculação, supino e o meu treinamento específico de educativo do peso e do lançamento de disco”, disse.
Complementou ainda: “O Amazonas deveria olhar mais para os paratletas locais. A Adefa, por exemplo, que vem levando tantos nomes para fora do Estado. Se não fosse ela e o professor Isaac Benaion não existiria nenhum esporte para as Pessoas com Deficiência, porque são poucos que olham para a prática do esporte paralímpico aqui no Amazonas”.
Até o mês de setembro, a Fundação Amazonas de Alto Rendimento (Faar) já disponibilizou mais de 60 passagens aéreas a paratletas de diversas modalidades esportivas.
Paratleta de voleibol, Wivianne Ferreira, de 44 anos, atua como coordenadora de uma equipe de vôlei sentado com o intuito de fortalecer o trabalho, ampliar no número de modalidades Paralímpicas e buscar oferecer mais perspectivas de vida para outras Pessoas com Deficiência.
Deficiente física, amputada de membro inteiro esquerdo, descobriu o esporte dentro do Programa Viva as Diferenças, no qual faz parte até hoje.
A equipe que coordena faz parte da Adefa e conquistou o título do Campeonato Nacional de Voleibol Sentado Série Prata A, na categoria masculino. Com a vitória sobre a equipe de Pernambuco, o time garantiu vaga para o Campeonato Brasileiro Série Ouro, que acontecerá no mês de dezembro, em São Paulo.
“Participar desta competição foi de suma importância para nossa equipe, pois trouxemos um título inédito para o Amazonas, colocamos o time na elite do vôlei sentado, conseguimos vencer as setes partidas sem nenhuma derrota. Agora, iremos continuar os treinamentos com foco na preparação para a Série Ouro, que acontecerá no fim do semestre deste ano”, alegou.
Para Wivianne, a experiência de estar no comando da equipe é das melhores. Além disso, ressalta o trabalho do Comitê Paralímpico e da Confederação Brasileira de Voleibol para o desenvolvimento do esporte paraolímpico.
“É de fundamento importante o incentivo a prática do paradesporto, e a visibilidade das competições realizadas pela CBVD. A experiência de estar no esporte é diferenciada, pois vivenciar o deporto no alto rendimento para pessoas com Deficiência, não exemplos de vida dentro de quadra”, frisou.
Brasil nos Jogos Paralímpicos
O Brasil fez sua estreia nos Jogos Paralímpicos em 1972, em Heidelberg, na antiga Alemanha Ocidental e, atualmente, o país é uma das nações com maior representatividade a nível de desporto paralímpico, com excelentes atletas que são referências internacionais.
O Comitê Paralímpico Brasileiro foi criado apenas depois dos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona. Antes disso, os atletas paralímpicos brasileiros iam para os Jogos sob a responsabilidade dos clubes que defendiam.
Leis
Segundo a Lei Nº 13.146/15, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, considera-se a pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. E, também segundo a lei, a inclusão e a acessibilidade são um direito dessas pessoas, inclusive no mercado de trabalho.
O Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência foi criado por meio do decreto de lei nº 11.133, de 14 de julho de 2005 e tem como principal objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância do desenvolvimento de meios de inclusão das pessoas com deficiência e cobrar essas políticas púbicas dos agentes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
Pauta e Edição Web: Bruna Oliveira
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