Manaus (AM) – Apesar das eleições terem finalizado, especialistas observam um movimento social diferente, o que pode resultar em mais conflitos, aumento dos níveis de ansiedade e estresse. As relações familiares foram bombardeadas por um aumento de rompimentos por causa das eleições que começaram principalmente, pelas redes sociais e se concretizaram nos relacionamentos familiares.
A psicóloga Emanuelle Castro explica que a família nem sempre será um local acolhedor a todos, assim sendo também geradora de sofrimento psíquico em alguns casos. Castro afirma que não se pode separar as eleições da realidade global deixada pela pandemia da Covid-19 e essa pandemia fez o brasileiro encarar a finitude e as incertezas do futuro. O período eleitoral trás novamente à tona sensação de angústia, incerteza, ansiedade e estresse.
Alguns relatam sintomas físicos como dor de cabeça, dor nos ombros (uma sensação tensão constante), insônia. E esse conjunto de sintomas reflete em alterações comportamentais. “Vemos as pessoas mais “a flor da pele”, agressivas e com alterações de humor em escalada. A dúvida leva a um quadro de alerta, o sentimento de perigo e assim ao aumento de conflitos intra e extra-familiares”, afirma a especialista.
As redes sociais contribuíram muito para que muitas pessoas tomassem a decisão de romper vínculos familiares por causa das últimas eleições no Brasil. Especialistas em comportamento humano explicam também que isso se deve ao fato de que, as pessoas não estão acostumadas a aceitar a ideia do outro e assim respeitar o seu posicionamento político, além de que há conflitos preexistentes como angustia e incertezas.
A psicóloga Houzane Gonçalves, afirma que a política não é diferente da religião e de assuntos que se discutem dentro do contexto familiar, onde o indivíduo acredita que a sua imposição deve ser superior e aceita a qualquer custo.
“O ambiente familiar vira um palco para quem convence mais, para quem tem mais argumento. É muito mais “fácil e confortável para mim”, romper com esse vínculo familiar do que discutir com o outro. Então, algo que era para ser saudável, se torna algo adoecido e adoecedor, fazendo com que outras pessoas sejam prejudicadas nesse ringue de disputa política. E quando o indivíduo já coloca para você a sua ideia, e esta deve ser válida acima de tudo, entendemos que esse indivíduo já não tem a saúde mental normalizada para aceitar as diferenças do outro”,
explica Gonçalves.
A internet se tornou um local de brigas virtuais, segundo a especialista em comportamento humano. De um lado existem as informações verídicas, de outro, as fake News. Esta última acaba gerando conflito descomunal entre as famílias. De acordo com Houzanne Gonçalves, a saúde mental do ser humano já vem sofrendo com outros tipos de problemas ao longo da vida e no período eleitoral esses problemas acabam aflorando ainda mais, somados ao estresse.
“A saúde mental já vem fragilizada de todos os aspectos e a gente olha dentro de um contexto político mesmo. Esse lugar se torna um local de muitas tensões inflamadas desnecessárias. Às vezes, por pouca coisa as pessoas se estranham, se ofendem por questões políticas e esquecem que tudo passa, e que a aproximação, o respeito é muito melhor que o adoecimento. E esse mal vem de uma forma capaz de afastar uma pessoa que era tão amada anteriormente”,
afirma a psicóloga.
Mas, a pergunta para esse comportamento pode ser esclarecida se o indivíduo souber responder se essa pessoa era realmente amada ou era amada e aceita enquanto estava aceitando as convicções, ideologias e imposições sobre ela lançada.
Rompimentos começam pelo virtual
As redes sociais têm o poder de bloquear pessoas que não concordam com o nosso comportamento ou com as nossas ideias, segundo Houzanne. E essa atitude demonstra que a partir desse posicionamento, outros problemas podem marcar o indivíduo e sua família com danos graves levados para uma vida inteira acompanhadas pelo sentimento de raiva, vingança, ressentimentos e até discussões infantilizadas.
“Quando essa discussão já está ferindo o direito do outro, é necessário parar e pensar que aquilo já não tem mais sentido algum. Então, eu tenho que me colocar no lugar do outro e evitar a quebra do vínculo familiar. Quando não é mais saudável, é melhor parar e aceita que o outro pode sim ter razão”,
explica Gonçalves.
Busca por ajuda é necessário
Mas, nem tudo está perdido. As pessoas podem mudar, se reconciliar com a família e amigos procurando ajuda profissional, pois a saúde mental precisa de acompanhamento para se reestabelecer a longo prazo, como explica a profissional.
“Hoje, já existe a iniciativa de que “eu preciso buscar apoio profissional” para entender que “eu posso ser o problema”. Existe essa busca (ainda pequena) para entender e compreender essas questões e na família é mais fácil de se resolver. No entanto, quando se trata de algo que demora muito para se resolver, que machuca muito as pessoas, é preciso compreender que “eu preciso de ajuda” e que todo dia pode-se recomeçar”,
completa.
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